Mapeamento eternamente em construção – Bate-papo com Cia Vitória Régia

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Cia. Vitória Régia – Manaus – AM
Representante: Diego Batista

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

Basicamente a companhia não tem nenhum recurso como um patrocinador ou alguém que invista, mas a gente consegue captar recursos de editais públicos do Estado e nacionais, como da Funarte. Tem o PROARTE lá do Estado, que é o único que está tendo agora, mas nós não temos Lei de fomento, nem incentivo municipal, nem estadual. A bilheteria em Manaus é muito complicado, porque não funciona. O governo tem um plano em que ele compra os espetáculos dos grupos e os grupos apresentam com a bilheteria gratuita, então se formou um público não pagante há muito tempo em Manaus. Então se um grupo local estréia um espetáculo e quer cobrar bilheteria é muito difícil, mas quem vem de fora, ganha bilheteria. E é muito raro ficar em temporada de um mês, dois meses. O que acontece é alguém que tem um espaço alternativo apresenta seu espetáculo ou viaja, sai do Estado… Mas lá não.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

O grupo tem uma posição política bem forte quanto à questões de políticas públicas de que tanto se fala. É um dos grupos mais ativos no Estado, tem vinte e cinco anos em atividade no Estado, de montagem de espetáculo, de permanecer em circulação, a gente vai pros interiores, apresenta, é um grupo que não consegue ficar quieto, questiona, tem um posicionamento político contra o Estado, contra a gestão pública, em geral, não só o Estado, mas a gente tem esse posicionamento de questionar e brigar junto aos órgãos. Isso também aparece na obra, já teve um espetáculo que era só questionamento político, tem um maluco na cidade que escreve, o Sérgio Cardoso, que escreveu um texto que se chama Caruso jamais cantou aqui, que fala sobre a possível ida de Caruso a Manaus pra inauguração do teatro e da ida de Claudia Cardinari, também e isso nunca existiu. E dentro disso ele criou uma atmosfera pra falar sobre a questão política do Estado e do momento cultural que a cidade vivia em 2005, que foi quando a gente montou esse espetáculo. Tinha uma metáfora da cidade que era o Teatro de la Zone, mas que tinha um mandador, apontando que a gente vive meio que uma ditadura cultural, por conta de não poder ocupar os espaços que temos e o espetáculo trabalhava isso diretamente, era bem questionador.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

A gente tem essa questão política, mas o fazer teatral já é um modo de agregar, mas eu vejo como um grupo que tem um ideal, é um teatro muito ideológico, pela pessoa que o coordena e pelas pessoas que integram. A gente fala: “o grupo tem esse ideal, quem quiser agregar, seguir junto com essa idéia do grupo, tá dentro”. Mas a gente tem esses posicionamentos políticos e defende eles. E trazer as questões dos interiores que são muito distantes, a gente tem a questão da geografia que lá é complicada demais, mas a gente tem esse fator de tentar disseminar o teatro, de popularizar, de levar a oportunidade das pessoas verem teatro, o nosso teatro de grupo.

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