Mapeamento eternamente em constrṳ̣o РBate-papo com Clowns de Shakespeare

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Clowns de Shakespeare – Natal/RN
Representante: César Ferrario

Na Bacante:

Críticas:
O Capitão e a Sereia
O Casamento do Pequeno Burguês
Muito Barulho por Quase Nada
Fábulas

Outros:
Bate-Papo com o grupo

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

Dadas as dificuldades naturais da sobrevivência de teatro, principalmente falando de grupo, uma das saídas encontradas pelo coletivo foi a diversificação. Então essas vias de financiamento de grupo vem de diversas áreas que vão desde a venda de CDs, a bilheteria, a editais, a venda de espetáculos pra festivais, a editais pra oficinas, a ponto de cultura, enfim.. A oficinas que o grupo dá pra comunidade em geral. Então é bem diversificado. Mas eu diria que o substancial, o que pesa mesmo é o que vem através de editais. Quase nada, em toda sua historia, [vem] de leis de isenção fiscal, e diria que em segundo lugar vem de venda de espetáculos, principalmente pra festivais. Mas principalmente alguns editais como Myriam Muniz, que é bem recorrente na história do grupo; lá no Nordeste, o Banco do Nordeste do Brasil tem um Edital voltado pra região que também a gente vem pegando durante alguns anos consecutivos. Esses dois eu acho que são os principais… Nos valemos do Caravana Funarte que foi extinto, o próprio Ponto de Cultura também é um edital que acabou beneficiando o grupo também, mas os dois principais são esses: o do BNB e o do Myriam Muniz, que são os mais recorrentes.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

Primeiro a região no grupo: diria que, vou começar pelo básico: é quase impossível você se isolar do meio em que você vive, de uma forma ou de outra o seu contexto acaba vazando pro seu projeto artístico nem que você não queira então começa daí, mas não só isso. Existe uma linha de pesquisa do grupo que passa pelo regional e acho que isso não é nem decidido assim, pactuado de uma forma objetiva dentro do grupo… Mas se você olha os nossos espetáculos você acaba percebendo a presença de uma estética regional dentro desse contexto, dentro de nossos espetáculos. Passa pela musica também, da pesquisa de Marco que bebe na musicalização regional também; as próprias feituras de figurino e cenários, que sempre também buscam materiais específicos da região… Acho que toda a linguagem também, acho que todos os itens da confecção, da feitura do espetáculo, de uma forma ou de outra acaba se percebendo a presença do popular, embora nós não sejamos um grupo de cultura popular, acho que o grupo vai alem disso. E no inverso a gente também busca tá alcançando a nossa comunidade. O grupo… Não só a nossa comunidade do entorno, do nosso barracão… Mas também da interiorização: vários projetos que o grupo aprova ele ta lá bem especificado a busca do grupo pela interiorização: o próprio ponto de cultura a gente chamou de Barracão Mambembe, onde há um conjunto de oficinas e montagens que vão ser dadas por cidades do interior, oficinas que a gente ta sempre buscando ir pro interior do estado… O projeto de pesquisa do Ricardo III, que vai ser nossa próxima montagem, partiu de uma caravana de investigação cênica que circulou pelo interior do Estado onde a gente não só colhia informações, mas a gente também pode oferecer oficinas pra essas comunidades dentro do principio de troca, vamos dizer assim. Pra finalizar, dentro de um contexto de globalização, de pós-modernidade, de uma serie de questões que relativizam tanto, tudo. A gente entende que se a gente não se firmar, não fincar nossas raízes num lugar nosso a gente acaba se perdendo dentro de todas essas questões. Então o grupo tem circulado por diversos Estados, tem trocado com profissionais de diversos Estados do país e então justamente por isso que a gente procura estabelecer um contraponto com tanta força quanto.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Interessante. Essa pergunta me leva a reflexão. Que existe, existe. Se não o grupo não existiria, não sobreviveria a todo o seu período de existência: que são 15 anos. Agora, uma das coisas que eu acho que o grupo busca atualmente: é rever, definir, as formas de feitura do seu trabalho. Eu acho que é o artifício, é um grupo de proletários… Então eu acho que a forma do fazer, essa organização coletiva e a reflexão em cima dessa experiência enquanto experiência possível que vai de encontro a um conjunto de mecanismos instaurados, onde você encontra a hierarquização, a verticalização nas relações interpessoais, onde você encontra uma sociedade do individuo, da concorrência… Então acho que o desejo de nadar nesse contra-fluxo, contra essa maré… É uma das coisas, eu acho, que nos mantém juntos, que vai alem do objeto artístico, eu acho que é na própria organização do coletivo. Essa é uma das causas que eu poderia pinçar pra vocês. Agora, outras coisas mais, que vai desde um vínculo afetivo pessoal a um interesse comum por uma determinada estética enfim uma serie de outras coisas. Mas eu acho que o cerne interessante que eu posso apontar da questão agora seria esse.

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