Mapeamento eternamente em constrṳ̣o РBate-papo com Grupo Bagaceira

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Grupo Bagaceira de Teatro – Fortaleza/CE
Representante: Démick Lopes

Na Bacante:

Críticas:

O Realejo
Meire Love
Tá Namorando! Tá Namorando
Lesados

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

Hoje a principal receita do Bagaceira é a receita de festivais, porque é um grupo que participa do circuito dos festivais nacionais, e editais. Ano que vem o grupo faz dez anos e pela primeira vez a gente foi contemplado com alguns editais de verba pública. BR Cultura pro ano que vem, projeto de circulação, e o Myriam Muniz, com projeto de montagem do novo espetáculo do grupo, a peça de dez anos.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

Assim… Nós não temos uma proposta intencional de regionalismo. Eu sei que é diferente da pergunta, mas é só pra deixar claro. Então a gente não carrega essa bandeira, embora não tenha como fugir disso. A gente não… Nós temos sotaque inerentes de nossa cidade, inerentes de nosso Estado, mas a comunicação com a região… Assim, hoje a gente tem um circuito de trocas com alguns grupos de Estados vizinhos: a gente é muito amigo do Clowns de Shakespeare, já teve trabalho de sala juntos conduzidos por ele, a gente é amigo de um pessoal de Pernambuco, o pessoal da Cia. Cênicas, o pessoal do Angu de Sangue… Algumas pessoas também da Paraíba. Esses encontros eram feitos inicialmente através de um movimento chamado ‘A Lapada’, que é o Movimento de Teatro de Grupos do Nordeste. Tanto com a política como também com trocas estéticas… Hoje deu uma resfriadinha, mas existe esse movimento, essa troca entre os grupos da região Nordeste…

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Bom… Às vésperas de completar dez anos isso é colocado em xeque. A gente vive o tempo todo em crise, se reavaliando… Redescobrindo inclusive isso: o que é que nos une? Quais são as pontes em comum…? Tanto que o próximo espetáculo do grupo ele vem na proposta de ser um processo colaborativo, que a gente visa horizontalizar as relações entre dramaturgia, direção e atores, porque até então vinham com propostas mais fechadas… A gente tem uma característica de ser autoral, então tem um dramaturgo no grupo, que assina os textos do grupo, que é o Rafael Martins e o Yuri Yamamoto normalmente assina as direções do grupo. Nessa nova montagem devido a alguns anseios de alguns integrantes do grupo, talvez por não serem contemplados em nenhuma outra montagem, optou-se por fazer um processo colaborativo. Então a gente vai descobrir inclusive essa forma de contemplar, então a gente fez… E como é que se deu esse trabalho pra descobrir que todo mundo queria fazer um processo colaborativo? O grupo fez um trabalho de entrevistas com cada integrante, o que gerou 15 horas de conversar, conduzidas pelo Rafael. O Rafael foi escolhido por todo mundo pra fazer essa condução porque ele… pra ele dar um desenho a essas… E ele seguiu um roteiro de perguntas, tipo um questionário: como se sente no grupo? Que se espera do grupo? Qual seu anseio teatral hoje no momento? Que você busca com o teatro? Tinha coisas bem existenciais… Da profissão e da gente nesse grupo. Então quais são os anseios de cada um fazendo teatro e fazendo teatro de grupo no Bagaceira. Esse é o ponto de partida. A função do Rafael foi juntar os pontos em comum na maioria das falas e dizer: “olha, a gente vê que todo mundo quer falar sobre tal tema; tal tema é muito recorrente”
E tem algumas coisas comuns em todo o grupo, com temáticas como solidão, com angústias do ser humano mesmo, isso é sempre comum. Mas teve pontos que não houve; teve gente que assim: “eu queria falar uma coisa mais verborrágica agora, no próximo trabalho” e aí como é que a gente vai contemplar o interesse dessa pessoa? E ai teve gente que fala “olha, to louco pra fazer teatro de rua, queria muito que o grupo fizesse um projeto de rua” Então é uma forma de democratizar as falas… Às vezes tem uma ideia e briga por ela e só a gente é contemplado, mas quando você escuta todo mundo dá uma certa abertura. É o início pra tentar contemplar o máximo de pessoas possíveis. Claro que nunca vai contemplar tudo nem todo mundo num só projeto, quem faz teatro de grupo sabe que isso é ilusão. Em dado momento certa ideia é contemplado, em segundo momento outra… Mas existe uma abertura muito grande, não tem nada imposto. O Yuri que tem essa característica, que assina a maioria das direções do grupo até hoje, mas nada imposto: “olha vai ser esse texto e a direção é minha” Não, não… Isso tudo é muito discutido. Então muda ao longo do processo, muda varias vezes até achar o que todo mundo quer mesmo. Tem sido assim até agora.

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