Marcos Teixeira – Coordenador de Circo da Funarte
Entrevista com Marcos Teixeira, Coordenador de Circo da Funarte.
Foi falado na mesa-redonda “Desafios para a construção de uma polÃtica pública para o circo” que para a construção de uma polÃtica pública é preciso pensar em um todo cultural. Mas como trabalhar com o todo sem ignorar o especÃfico?
É super importante essa questão dos especÃficos. A formação do colegiado de circo é feito a partir dos municÃpios, a partir de encontros do municÃpio e do estado que tiram representantes não só do circo mas de todas as áreas da cultura para formar os seus colegiados. Então, existe aà uma representatividade de cada setor e de cada lugar que a gente vai colocar no colegiado, isso é uma coisa fundamental. O circo é muitos circos e a gente não pode abrir mão de nenhum.
E se considerando que a polÃtica é pra todas as áreas culturais, a diversidade se multiplica…
Com certeza. É muito difÃcil, por isso é complicado criar uma polÃtica que contemple todos esses braços, todas essas manifestações no Brasil inteiro. Se você já tem todos esses braços só no Rio de Janeiro, imagine no resto do Brasil! É enlouquecedor. Mas a gente está batalhando, trabalhando.
Qual a importância da rede para a implementação da democracia participativa de fato na construção de uma lei única?
A Internet tem se mostrado uma ferramenta fundamental na área do circo. Esse fórum que a gente comentou hoje, o Circomunicando, ele vem crescendo e criando situações extremamente importantes. Por exemplo, a ErmÃnia (ErmÃnia Silva, historiadora e pesquisadora dedicada ao circo) é representante do circo em um grupo de cultura no Congresso Nacional e a indicação dela foi tirada do Circomunicando. Isso aconteceu porque tinha sido indicada outra pessoa – no caso era o Marcos Frota – e todo mundo começou a contestar, contestar e então caiu o Marcos Frota e entrou a ErmÃnia, porque todo mundo votou nela, criou-se um movimento. Por exemplo, a gente tem um edital chamado Prêmio Carequinha, ele foi lançado há cerca de um mês atrás e terminaria amanhã, dia 26, e houve um movimento dentro do Circomunicando pedindo a extensão do prazo de execução que terminaria em 30 de dezembro, seria preciso executar o projeto aprovado até 30 de dezembro. E a gente está acompanhando no Circomunicando e a gente viu que realmente ficava um buraco aà de janeiro a março, sem a cobertura de nenhum edital, sem nada. Então, festival, mostra, qualquer coisa que fosse pensada pra esse perÃodo, não poderiam participar. Então nós decidimos ampliar e ao ampliar o prazo de execução foi preciso ampliar também o prazo de inscrição, porque outras pessoas poderiam querer se inscrever. Então, é um movimento super importante de que os circenses participam, os circenses têm um email, eles podem até não ver muito, mas quando param numa cidade eles vão a uma lan house e olham o email pra ver se tem alguma coisa, então a gente tem se comunicado muito pela Internet.
Primeiro nós pensamos na tecnologia como meio fundamental pra promoção de encontros e movimentos, mas por outro lado é possÃvel pensar nela como empecilho, em alguns casos. Como vocês pensam, por exemplo, nos lugares que não têm acesso à Internet?
É, também é preciso pensar nisso. Não dá para, por exemplo, lançar um edital que só seja possÃvel se inscrever pela Internet, por enquanto. Porque nem todo mundo domina a tecnologia… sabe ver email, passar email – mais ver do que passar – mas não dá pra ser só assim. Então, divulgamos o Prêmio Carequinha nas rádios, nos veÃculos comunitários, por meio da Agência Nacional de NotÃcias.
Existe alguma idéia de construir uma rede de iniciativa pública/ governamental ou a intenção é fomentar essa que já existe?
Não, por enquanto não, porque essa já existe e nasceu de forma espontânea. É muito melhor do que a gente criar outra que nem seria tão representativa.
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