Próximo Ato 2009 – Primeiro dia

Blog   |       |    4 de novembro de 2009    |    0 comentários

“O Ambiente Social é uma construção… E é extremamente frágil”

O crítico francês, seguindo a frase acima, continuou:

“A tarefa política mais importante [da arte] hoje é manter a chama da precariedade; mostrar que os edifícios estão desmoronando”

Nicolas Bourriaud_Próximo Ato 2009_foto1 Cia de Foto

Intensamente provocadora, a perspectiva crítica de Nicolas Bourriaud posicionou as manifestações artísticas atuais com um ponto de vista histórico materialista e, mais do que isso, com uma responsabilidade política (ética, talvez).

No entanto, sua afirmativa no final da palestra é de que “não se faz boa literatura com bons sentimentos”; o que remete automaticamente a Walter Benjamim e Althusser (manifesta influência do crítico). Por essa frase podemos ter ideia do que o crítico está apontando. Nicolas Bourriaud lê, tal qual Hans-Thies Lehmann no campo do teatro, as manifestações artísticas de hoje como um movimento político de contraponto a naturalização homogênea da política social e econômica do capitalismo tardio. Sendo assim, é fundamental que novas formas, novas “técnicas” (segundo Benjamim), novos modos de produção, novas relações de trabalho venham posicionar a prática artística no seu papel de “resistir aos ciclos de consumo” – a responsabilidade política/ética.

A partir dessa premissa há inúmeros exemplos (principalmente no campo das artes práticas, próxima ao autor): como o artista dinamarquês que fabrica armas com trabalhadores clandestinos; ou o que paga valores irrisórios a homens cubanos para deixarem-se tatuar por ele; e ainda o dinamarquês que criou um software plugado a impulsos vitais de seu corpo, que realiza, a partir desses impulsos, compras e vendas de ações pela internet – (e no fim de um ano ele até tinha ganho dinheiro!)

…fragmentos de reverberações de uma fala inquietante… Um ótimo início para um encontro que pretende colocar em questão a prática teatral hoje em todo o Brasil.

E a dúvida é cirúrgica: Onde nossa produção teatral dialoga com as complexidades do mundo (e do Brasil) hoje? Como nos posicionamos criticamente? Posicionamo-nos? Quais nossas “formas”; nossas “técnicas”, nossos novos(?) modos de produção?

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