A Falecida Vapt Vupt

Críticas   |       |    2 de agosto de 2009    |    31 comentários

Nelson Rodrigues apresenta montagem de “O Falecido” de Antunes Filho

Folha de Ṣo Paulo, 15/07/2009 Р08h50
Antunes Filho apresenta montagem de “A Falecida”, de Nelson Rodrigues

LUCAS NEVES
da Folha de S.Paulo

Prestes a completar 80 anos, o diretor Antunes Filho está farto daquilo que sabe sobre teatro. Para espantar o tédio, acelerou o tempo. Agora é DJ.

Sério Lucas? Será que a gente viu a mesma peça? Ou, tipo, você teve que fazer essa pauta antes de ver o espetáculo – acontece, inclusive comigo, mas declarações assim são, como dizer, meio perigosas. Mas, é meio pesado dizer que o cara é DJ – tu não acha, não? Eu entendo de metáforas, sei o que você quis dizer, mas isso induz o consumidor a comprar um produto, no caso o ingresso, errado.

Em “A Falecida Vapt-Vupt”, que faz três apresentações no Festival Internacional de São José do Rio Preto (SP) antes de iniciar temporada em São Paulo, ele sobrepõe camadas, tempos, espaços, como um disc-jóquei saído da pista para o palco.

Patricia Stavis/Folha Imagem
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Em nova montagem, diretor Antunes Filho rompe com o formalismo

A intriga da peça de Nelson Rodrigues é simples: a dona de casa do subúrbio carioca Zulmira quer se despedir de uma vida de dissabores num enterro grã-fino, com crucifixo de cristal, caixão com alças de bronze, cavalos com penachos e tudo mais que houver. De tanto criar expectativa pelo próprio funeral, adoece de fato.

Camadas, tempos, espaços… Vou ter que trabalhar com duas hipóteses. A hipótese um: tu fez o texto sem ter visto e acreditou no que o bom velhinho disse. A hipótese dois: tu precisa ir pra uma pista de dança com disc-jóquei de verdade, brother. Seria engraçado ver você dançando numa pista, Lucas. Por que vê só, na real o que Antunes fez foi o seguinte: colocou seis mesas servindo de cenário passivo pra linha de encenação central. Em cada mesa os atores faziam microações – uma mulher treinava pra ser modelo vivo; uns voinhos jogavam cartas; um casal descoladinho jogava dominó; um sujeito com cara de poeta ou de suicida escrevia o tempo todo. Não se estabeleceu nenhuma conexão entre as cenas, nem sobreposição. Nadica, pelo menos pra mim, tá?

Luca, você falou aí que “a intriga da peça é simples”. Ok, acho que até dá pra dizer que a encenação também é. Um amigo meu, será que vocês se viram?, o Pu, usou uma expressão muito engraçada: a uniformização da voz de pato – logo o Pu que sempre pagou mó pau pro Antunes; sempre adorou a forma como os atores usam as mãos; o trato bem feitinho no palco. Tudo muito simples, tudo muito Antunes, pelo menos eu não vi nenhuma “ruptura com o formalismo” como sugere a legenda na foto. Aliás, na Folha é você quem faz a legenda? Sei que tem jornal que varia, que é o editor quem faz a legenda. Bom, se não foi você quem legendou teu texto, induziu o editor a escrever isso, da ruptura com o formalismo -mas, onde houve essa ruptura? Em que momento?

Antunes e seu grupo Macunaíma retomam a história em alta voltagem. As cenas na casa da protagonista, no consultório médico a que ela vai e na funerária em que arquiteta o seu “grand-finale” se sucedem em ritmo vertiginoso. Não raro, há simultaneidade de ações: o fim de um diálogo acontece em paralelo ao começo de outro, em tempo-lugar distinto.

Explica como deu essa tal simultaneidade de ações. Por que vê só: o negócio era tão respeitoso à linha formal, linear, do texto de Nelson, que os demais personagens das mesas, eram meros figurantes, meros enfeites – até a conversa deles era num tom baixo com o objetivo de não ‘sujar’ a fala da linha de ação mestra. Não houve ‘sujeira’, nem ‘simultaneidade’, houve uma encenação reverente, marcada, com um andamento de uma ação só – certo que explorando os vários espaços do palco, sobretudo entre as mesas – mesmo que ignorando quem estava sentado nelas.

A isso, o diretor acrescenta o ruído incessante de um bar, único cenário concreto da montagem (os outros são sugeridos), delimitado ao fundo por uma parede branca coberta de “pichações de banheiro”, como ele descreve.

Que nem aqueles cantores de shopping cantando Djavan e atrapalhando o papo de quem tá lá pra tomar um chopp e conversar com os amigos, né?

A inspiração são os retratos “secos, enxutos” do precursor da pop art, Andy Warhol (1928-1987). “Quero uma imagem dura, seca, árida, não mais aquela clássica, cheia de sombras, de aura. O barulho de fundo é para aturdir, tontear, manter uma atmosfera sufocante, mostrar como estamos zonzos”, diz.

Querer, o senhor pode até ter querido, Antunes, mas não foi isso o que se viu em cena não. Na boa, o que tinha no palco era justamente o oposto do que o senhor quis; era a exacerbação do seu método; era o parnasianismo formal; era um ator como o Lee Thalor que se trancafiou dentro do seu método. E outra: o barulho de fundo, com um volume deliberadamente monocórdio, repetitivo, e, principalmente, abaixo do tom de voz dos personagens pode ser qualificado com vários outros adjetivos – aqui a gente não pode usar muito adjetivo na Bacante, mas se pudesse eu usaria um: ‘maçante’ – menos os que o senhor listou.

15 minutos de fama

Antunes também recorre a Warhol para explicar a obsessão de Zulmira. “Quanto mais você é pisado, mais você sonha. Ela quer um momento de glória, os seus 15 minutos de fama. A esperança, a porra da esperança é tudo no homem, mesmo que seja para a morte.”

Sim? Que tem a ver o Warhol com isso? É só pra citar? Só pra dar um tom meio moderninho ao troço? Onde tinha Warhol na personagem? Bom, se o Warhol tiver lá em ação interna fica duro de descobrir.

Mais até do que a pop art, Antunes bebe aqui na fonte da videoarte e da radicalização da ideia de tempo e espaço comprimidos, condensados.

“De repente, percebi que tinha de pegar alguma coisa desse bombardeamento eletrônico que estava lá fora. Senão, estaria no tempo da vovó. Tenho de oferecer algo que leve o espectador a outra dimensão do teatro. Não dá mais para ser naturalista nem realista. Tem de fugir do cânone”, avalia.

Onde é que está o bombardeamento eletrônico em sua peça, Antunes? Em que momento? Só quero que o senhor cite um momentozinho. Porque a peça que eu vi, me desculpe aproveitar a sua piada, era a do tempo da vovó. Não entro nem no mérito do teu teatro, do teu método, nada disso. A questão é outra. A questão é que o senhor não ofereceu outra dimensão do teatro. A questão é que o senhor não fugiu do cânone. Foi propaganda enganosa geral.

Para quem ficou conhecido por encenações de marcação rigorosa e formalismo agudo, a afirmação soa como uma alforria. “Estou cada vez mais aberto, em busca do imprevisível. Aquilo que sei em termos de teatro é muito miserável.”

Não sei se aquilo que o senhor sabe em termos de teatro possa ser classificado como ‘miserável’ – nossa, Antunes, acho o senhor daria prum bom crítico… um criticozão de teatro, quanto adjetivo! – mas o que eu sei é que em Falecida Vapt Vupt não tinha nada de imprevisível – eu juro ao senhor que em vários momentos esperei a explosão; esperei as cenas se sobreporem umas às outras; aguardei o eletrônico estourar; desejei os personagens figurantes interferirem na cena; estava tudo lá, à beira do imprevisível, mas o que se viu foram os ‘mesmos tristes périplos‘, o mesmo ‘teatro miserável’.

Mas devagar com o andor. O fascínio de Antunes pela videoarte não deve se traduzir tão cedo no uso de projeções ou pirotecnias multimídia em cena. “Não é assim! Faça teatro com as armas dele. É muito mais ousado e essencial. O negócio é tomar emprestados os impulsos, os neurônios das outras artes que estão no ar.”

Ok, senhor ousado e essencial. Ah tá tudo explicado! A ruptura foi interna? Então, sua ousadia e essência são internas. Então, é melhor filmar uma endoscopia e exibir em cena, né? O aproveitamento da vídeoarte, interno. O lance foi ação interna, arquitetura em movimento e coisas que estão dentro dos atores. Será que o pessoal do PROCON manja disso?

Como ele fez em “Foi Carmen” (2005/08), seu espetáculo anterior, um “poema teatral” construído a partir do imaginário associado a Carmen Miranda –e que também resultava numa ode ao dançarino japonês Kazuo Ohno.
“A Falecida Vapt-Vupt” é o antípoda de “Foi Carmen”. Ali, tratava-se de um tempo oriental, estático, cheio de vãos de silêncio. Agora, é um tempo avassalador, do consumismo, da sociedade do espetáculo. Este é yang, aquele era yin.”

Oi?

DJ Antunes sabe o que quer com suas picapes.

Ok, Antunes. Só pra terminar nosso papo. O senhor, tá ligado no Código de Defesa do Consumidor? No Capítulo V “Das Práticas Comerciais”, na seção III “Da publicidade” o artigo 37 é bem claro e diz: “É proibida toda publicidade enganosa ou abusiva”.

Vê só o que diz o inciso primeiro:

“É enganosa qualquer modalidade de informação ou comunicação de caráter publicitário, inteira ou parcialmente falsa, ou, por qualquer outro modo, mesmo por omissão, capaz de induzir em erro o consumidor a respeito da natureza, características, qualidade, quantidade, propriedades, origem, preço e quaisquer outros dados sobre produtos e serviços”.

6 mesas de figurantes enfeitando a cena

'31 comentários para “A Falecida Vapt Vupt”'
  1. ronaldo disse:

    (eu ia escrever outro comentário agradecendo o fato de vocês existirem, mas como eu espero que vocês vejam minha peça, achei melhor ficar quieto… vai que vocês naõ gostam e ficam “melindrados” – apesar que se for melindrado não é bacante! – )

    (mas foda-se vou comentar de qualquer jeito)

    Ufa!

    obrigado!

  2. Raphael disse:

    Cara, isso aqui tá muito ridículo. Isso não é uma crítica, é uma crítica da crítica. É sub.
    Quem escreveu essa merda? Porque o cara que escreve isso, achando que está escrevendo algo muito conceitual, inteligente, deve ser um merda também.
    O importante aqui, pelo visto, é ir contra o fluxo, não importa o que isso signifique. “Todo mundo fala mal do Antunes? Vamos acabar com ele”: parece isso o que vocês fazem. A mesma coisa aconteceu na crítica a In On It. E o que é aquela (não)crítica de Apresentação a uma Academia? É uma bosta.
    Uma dica pra vocês: separar as coisas. Vocês saõ críticos de teatro, não tem que levar a coisa pro lado pessoal. Isso você faz em um blog escrevendo “meu querido diário…etc”.
    Acho que a auto-importância de vocês está prejudicando tudo. Não sei por que se dar a liberdade de escrever essas coisas.
    Uma porcaria, é isso que vocês estão se tornando.

  3. astier mata baratas disse:

    Rafael,
    desculpa o momento “Telecurso segundo grau – tecendo o saber”.
    O texto do Lucas não é critica; é matéria.
    Há uma diferença enorme; a crítica é um texto de opinião, o crítico da Folha chama-se Luis Fernando Ramos.
    Você parte pro ataque pessoal, pra minha desqualificação pessoal, pra baixar o nível. Eu adoro essa energia, essa violência, mas numa categoria do pensamento, do embate de ideias, coisa que você se furtou a fazer ao cair em simplismos ao dizer coisas como “todo mundo fala mal do Antunes? Vamos acabar com ele’.
    Rafael, vamos deixar os adjetivos de lado e as generalizações e apontar no texto o que é discutível? Seria um exercício bem melhor. Eu disse uma coisa só o tempo todo nesse texto: Antunes prometeu uma coisa na peça e não fez isso em cena. Vamos discutir isso? Queria ver você defendendo e me apontando onde estão os elementos que ele promete na matéria na apresentação de “A Falecida”.
    Acho que é mais importante do que dizer quem é certo, errado, ou simplesmente xingar os outros.
    Abraço e acredito que você é melhor do que esse comentário aí.

  4. Juli =) disse:

    Falae, Ronaldo.

    Astier estava inspirado. rs Mas você pode ver que nem todo mundo concorda contigo no comentário logo depois do seu. Que bom!

    Rafael, há um equívoco assustador: blogs não são diários online. Que blogueiros vc anda lendo?

    Há outro equívoco: não somos críticos de teatro.

    Mas, enfim, continue aparencendo a vamos batendo um papo por aqui.

    Bjos,
    Juli =)

  5. ronaldo disse:

    ehhehehe

    Sou a favor também da discórdia!

  6. Raphael disse:

    Oi, gente, tudo bem?
    Pois é, desci do salto, né? Só assim pra chamar a atenção, tratamento de choque, essas coisas. Foi só para alívio imediato, não refleti sobre o que disse. Troquei a palavra “bem” pela palavra “mal” na citação que você destacou. Quis dizer que se todos falam bem do Antunes vocês irão falar mal, para sempre ir contra a corrente, etc. Era uma desconfiança antiga essa coisa, achar que vocês só eram do contra.
    Quando descobri o site, amei, achei bem legal, curti bastante a cobertura dos festivais de teatro e tal. Depois, não sei, passei a desconfiar da prepotência de alguns textos (digo texto, porque não sei se é crítica ou outra coisa). Nem lembro nomes, mas alguns textos eram extremamente horríveis, não porque a pessoa escreveu mal, mas porque ela caiu na auto-importância, na ironia, de modo que apenas ela mesma seria capaz de entender o que escreveu – esquecendo que escrevia para outras pessoas… “Pretencioso e hermético”, passei a desconfiar.
    Aí, seu texto foi o estopim, justo você. Nem é nada pessoal, eu falo por aí que sei separar as coisas, que não levo nada para o lado pessoal (não é bem isso, como você pode contemplar no comentário anterior), mas quis colocar fogo no negócio, para não continuar assim. Pô, ninguém fala nada? Fui lá e falei, exercício de descarga.
    Aí, você disse, também, para eu defender o Antunes. Vou tentar defender a mim mesmo, primeiramente, enquanto leitor do site, que fica sem entender algumas coisas.
    Quando falado sobre os 15 minutos de fama na matéria da Folha, você respondeu: “Sim? Que tem a ver o Warhol com isso?” Não sei se você foi irônico e fingiu não saber que um dia o Warhol disse que “no futuro, todos terão seus 15 minutos de fama” ou se eu que viajei altíssimo esse tempo todo e inventei que o Warhol disse isso. Porque, se ele disse, fica claro o que o Antunes quis dizer, não fica? Ou será que não foi nada disso, você foi ainda mais irônico? Pode ser, mas é isso que chamo de pretensão, de hermetismo. Na dúvida, desci do salto.
    Até concordo com você que não era bem aquilo o que foi proposto que estava lá; estava, mas do jeito antigo. Acontece que se fosse pra escrever um comentário assim (“até concordo com você…”), debilóide, não escreveria.
    Pensando agora, pode ser só implicação estética de minha parte, o modo como você escreve é problema seu, esse é um bom argumento. Bom, mas que eu fico sem entender umas coisas, eu fico.
    Não é nada pessoal, veja bem, também acredito que você é uma boa pessoa.
    Não peço por explicações de ninguém exatamente, mas por uma postura diferente. Não é puritanismo, conservadorismo, etc, é o contrário. Acho que as coisas quando feitas sem muita pretensão são mais naturais, mais instintuais, né?
    Juli, sobre o equívoco 1: sei que blogs não são diários online, mas são mais adequados para escrever coisas do modo como, ahn, eu disse que ele escreveu. Se for o caso, retiro o que disse. Sobre o equívoco 2: sei que vocês escrevem bastante que não são críticos de arte, mas negar muito uma coisa acaba em afirmação. Não que esse seja o caso, mas é que eu estava implicando com tudo, não podia deixar passar essa… E pode deixar que, sempre que der, dou as caras por aqui, com mais leveza, claro.

    (Gente, só uma coisa:
    Nesse meu surto, sobrou também para a crítica de Comunicação a Uma Academia. Tinha uma rapaz reclamando de alguma coisa e eu não só concordei como dei uma esculhambada.
    Depois, o autor da crítica, escrevendo sobre meu comentário, pediu para eu mandar um abraço para todos da faculdade em que estudo (até citou o nome dela).
    Não vai falar que o cara rastreou o IP? Porque escrevo dos computadores da minha faculdade mesmo. E duvido muito que ele saiba quem sou e onde estudo apenas através do meu primeiro nome. Se for isso, que coisa feia de se fazer.)
    É isso, bom saber que causei a discórdia. E sem essa de investigações.
    Grande abraço a vocês, em especial para o amigo Astier.

  7. Foi mal, Raphael.
    Eu tenho mania de rastrear o IP das pessoas que descem dos tamancos… hehe. Brincadeira, mas essa informação vem com o seu comentário. Nem preciso rastrear.
    Como semana passada tivemos o caso de um falso desabafo de uma leitora que não existia realmente, achei que pudesse ser a mesma pessoa.
    Mas não se esqueça que, mesmo quando você desce do salto, tudo que você faz na internet é identificável.
    Abraço e apareça, com ou sem tamancos.

  8. astier mata baratas disse:

    Oi Raphael,
    tanta explosão assim
    escondia alguém com vontade de conversar,
    que bom aque agora a gente já pode fazer isso.
    Vamos lá, então.
    Mas, antes de tudo o que eu propondo
    é o diálogo, tá?
    Não é meu objetivo de convencer,
    mas trocar umas ideias, certo?

    Pra te falar a verdade, bem do fundo do coração,
    não escrevi o texto com o objetivo prévio de atingir Antunes.
    Não é isso. Ocorre que ele se tornou um ícone. Alguém do qual não se pode falar.
    Alguém acima do bem e do mal.
    Eu, particularmente, não acho que isso seja algo bom em arte.
    Acho super nocivo colocar uma redoma em torno de um artista
    transformá-lo num Midas e tudo o que ele toca vira ouro, sabe?
    Não podemos ter diante de qualquer obra de arte, essa é minha opinião,
    uma postura passiva de dogma. Eu aprendi na escola que a soma dos ângulos
    internos do triângulo dá 180 – isso é um dogma. Eu não posso criar
    um dogma semelhante, como todas as obras de Antunes são geniais.
    Isso não é desconsiderar o trabalho dele, a importância dele; ao contrário,
    é reconhecer a importância dele; de quem fez tanto pelo teatro,
    muito se cobra РAntunes ṇo viver do que fez justificando o que faz.
    Como um fantasma que é espectro do passado. Espectro de sua história.
    Ou seja, a questão não foi gratuita.
    A escolha do formato, que acho, tanto te irritou, foi intencional.
    A Folha é um grife; Antunes é outra. Na matéria ele promete uma revolução
    e você reconhece que ele não faz revolução nenhuma – nem entro no mérito específico da peça,
    da encena̤̣o Р̩ uma escolha e como toda redutora.
    Não se trata de pretensão, nem de hermetismo, Raphael, escolhi isso pq li a matéria e vi que ele se comprometeu ao falar aquilo tudo. E como diria Maiakóvski não existe arte revolucionária sem forma revolucionária – eu acredito nisso.
    Daí que achei melhor fazer uma espécie de diálogo com o amigo Lucas Neves e com Antunes.
    Uma tentativa de diálogo. Sei que a ironia é um filtro poderoso que às vezes distorce o que se quer dizer. Mesmo assim prefiro correr o risco.

    Sobre o Warhol, fica claro o que Antunes quis dizer sim, Raphal. A questão é que ele cita o Warhol sem funcionalidade nenhuma, como enfeite de árvore de natal; como exibicionismo, não tem nada do warhol ali – eu não vi, você viu? É

    Sobre o “como escrevi”, ratifico, Raphael, essa maneira foi a que julguei mais eficaz em propor um diálogo em questionar esse simulacro de “romper com o formalismo” e apresentar uma peça super formal.

    Abraço especial

    Ps. só pra uma questão de vaidade. Pq vc disse “logo você”? rsrsrs

  9. astier basílio disse:

    desculpa esse “Mata baratas”
    é que ficou de um comentário anterior
    e sempre q eu mando sai assim.
    Foi mal…

  10. ronaldo disse:

    Porra (no sentido de “ficar besta” e não do de “ficar bravo”)

    Vamos tomar uma cerveja então!

  11. Juli =) disse:

    Sempre bem-vinda a sugestão da cerveja, Ronaldo! Adoro quem pega o espírito da coisa!

    Rapha, entendi que os blogs só foram “vitimados” por você só porque vc tava de “cabeça quente”, como diria minha vó. Só quis destacar isso pra evidenciar que vc tava exagerando… e também porque blogs são uma puta fonte de informação – pessoal, sim, parcial, sim!, exatamente como os textos aqui da Bacante. Então, a comparação, neste caso, nos honra. A Bacante é tipo um “blogão” – coletivo, pessoal, parcial. E, sobretudo, a fim de diálogo. E, sobretudo, se tiver cerveja.

    PS: Espero que vc não tenha ficado tão legal só por medo do Fabrício ir na Unesp falar com vc…. rsss

    Bjocas,
    Juli =)

  12. astier basílio disse:

    cerveja eu to sempre dentro,
    se bem que to sempre longe,
    mas devo aparecer de novo no Satyrianas,
    a nossa ‘October Theater Fest’
    ahahahahahahahahahah

  13. Raphael, nem todo mundo fala mal do Antunes. Eu já falei mó bem dele aqui na Bacante. Dessa vez só se alguém quisesse muito passar no teste do CPT.
    Convenhamos, que peça foi essa???
    A grande pergunta talvez fosse: ser ou não ser figurante do Antunes (pq todo mundo me avisa que se eu quiser ir pra Globo que não vá de figurante pq queima o filme).
    E fiquei com muita pena do pessoal das mesinhas. Tanto que comecei a prestar a atenção no que eles conversavam em meio tom (afinal devem ter ensaiado exaustivamente os seus movimentos). Só deu pra saber que um dos tiozinhos que jogava baralho queria ganhar na mega sena e comprar uma porção de coisas. Sobre o que o casalsinho falava não dava pra saber de jeito nenhum (e olha que tentei muito). Agora de quem eu tive mais pena foi do garçom que tirava e botava as garrafas vazias, mas com as tampinhas no mesmo lugar. Fiquei imaginando o Antunes jogando uma cadeira nele e pedindo verdade quando ele entrasse. Faltou vc falar a piadinha do jornal de Sorocaba primo.

  14. Raphael disse:

    Olá, gente…

    Pois é, do fundo do meu coração, também não achei uma merda o que vc escreveu. Concordo que esse negócio de dogma é foda, tira um monte de gente com talento (mas não dogmado) da jogada, permite que uns cabeças de vento saiam falando besteira por aí só porque leu na folha, etc. Curti o cenário, meio banheirão de rodoviária, apesar de não ter visto o warhol dando as caras por lá (a não ser no âmago da zulmira e sua vontade pelos 15 minutos de fama). A peça era boa, mas estava meio longe de revolucionar. Entendo que falar bem da peça aqui seria mais do mesmo – ou menos do mesmo.
    Acontece que nem era pela peça em si, era pelo site mesmo. Só fiquei com medo da pretensão, com medo de que quem escreveu não entendesse bulhufas do que estava falando, só pra ir ao contrário do resto do mundo. Fiquei com medo de que o site que eu tanto segui por todo esse tempo estivesse um pouco reacionário. Escrevi uma coisa chocante e a reação foi boa: ninguém entrou no meu jogo baixo nível e ficou se impondo, axaltando sua auto-impotância – todo mundo propôs o diálogo. Quanto ao modo irônico de escrever, adoro, mas vc há de concordar comigo que muita gente reacionária escolhe a ironia pra escrever, porque é mais fácil, porque esconde a ignorância acerca de certas coisas. Não é o seu caso, como desconfiei. Desculpa por ter desconfiado, amigo, mas desconfiei. Comentei com uns amigos, ninguém se manisfestou, daí cá estou dialogando com vcs próprios. Tipo, nem entendo muuuuito de teatro pra dar uma de chatão, eu faço faculdade de filosofia apenas, mas é aquela coisa: vcs não escrevem sobre teatro só pra quem faz teatro, acho… Enfim, esse negócio de causar a discórdia (da parte de vcs mesmo) é muito bom; causar reações violentas dos leitores é sinal de que está tudo bem, não? Tudo muito parado não tem graça. Se eu não tivesse dialogado, continuaria com minha visão preconceituosa do site. “Continuaria”, porque já passou (tô facinho esses dias, meio mole). Acredito que vcs são legais, que não vão junto com o fluxo e que não vão simples e exclusivamente contra o fluxo. Não vão me decepcionar, hein? Brincadeira.
    Então, astier, disse “justo vc”, porque eu nem sabia nada sobre vc, quem era vc, porque vc escreveu aquilo, com que motivos e já fui logo te atacando. Não por ser vc, mas por ser a última crítica publicada, por ter sido lida quando eu me encontrava irritadinho. Tipo, foi por acaso, não por algo específico.
    Ahh, prometo ler sua crítica de in on. Não li antes porque não tive tempo mesmo.

    Fabricião, sou encanado com esse negócio de ser rastreado, identificado por estranhos. Como não sabia que já vinha junto com o comentário, achei uma ousadia me rastrear, “vai saber do que seria capaz a pessoa que fez isso”, pensei, ahaha. Não cheguei a achar que vc viria aqui, só que achei estranho. Mas de boa, acho que só fiquei assustado quando vc citou o nome Unesp. Pode deixar que aparecerei sempre e desculpa vc também por qualquer indelicadeza.

    Juli, adoro o clima blogão do site. Leio muitos blogs, acho-os muito importantes. Por exemplo, pra música indie, estar muito comentado nos blogs especializados é o que há. Dá mais liberdade, dá pra fugir dos dogmatismos. Nem sei porque eu disse aquilo, pensando agora, deve ter sido só pra ir do contra mesmo. Enfim, deixa as justificativas pra lá. Ah, então eu fiquei legal? Foi naturalesco, juro, nada programado.

    Mas, então, vamos marcar essa cerveja sugerida pelo rodolfo sim. Como estou sem aulas pela pandemia (acho o máximo isso), vou pra são paulo esse fim de semana pra assistir algumas peças. Quem sabe a gente não se tromba por lá. Vocês todos estão em são paulo? Qualquer coisa tem o satyrianas mais pra frente!
    Tô querendo ir ver, também, “o banquete” lá no oficina, alguém afim? É só marcar.

    Até mais, meus queridos.

    Beijos e abraços.

  15. Raphael disse:

    Olá, Emiliano.
    Ah, pois é, fiquei com pena dos figurantes também. Aliás, tinha uma senhora de verde e amarelo na mesa do canto superior esquerdo que foi foda. Devia ser o Brasil parado, ahaha, ouvi dizer. Não sei se é o mesmo casal que vc viu (acho que sim), mas reparei que um casal falava sobre depressão. Sei porque li nos lábios da moça algo sobre como curar depressão. Juro, também reparei nos figurantes e também imaginei o Antunes pesando na cabeça deles. Cheguei a conhecer um dos figurantes no Não-lugar mas achei chato perguntar o que eles cochichavam. Sei lá, vai saber.
    Mas, vem cá, que piadinha do jornal de Sorocaba primo??? Fiquei bem curioso, hehe.
    Bom, abração e até mais.

  16. astier basílio disse:

    Fiquei imaginando se o menino que faz o garçom fosse de alguma cidade do interior, Sorocaba por exemplo.
    Daí que o moço, com certeza, seria capa do Caderno 2 da Folha de Sorocaba. Daí que eu fiquei imaginando a entrevista dele, dizendo como era o processo de ser um ator de Antunes e tal.
    РAntes que a c̢mara de vereadores de Sorocoba aprove um voto de rep̼dio a mim, devo dizer que se o mo̤o fosse de Jọo Pessoa, onde eu moro, os jornais aqui dariam capa do mesmo jeito.

    🙂

    Ps. Onde acho um livro do Cioran, Rafa????

  17. Juli =) disse:

    É… tb não entendi a piadinha do jornal de Sorocaba. Já primo é a maneira carinhosa como astier e emilli se chamam, Raphael.

    Vamos marcar de verdade essa cerveja aí? Com peça? Pode ser o banquete, eu topo.

    Bjo,
    Juli =)

  18. André Luís disse:

    concordo…
    é inegavel a contribuição do antunes á arte cenica brasileira,
    mas não é por isso que deva-se endeusar ninguem, respeito claro, como o trabalho de quem faz teatro seriamente, mas dizer que ele inova e que é unico é demais pra mim, já vi montagens de SOROCABA,rs, melhores que a dele
    abraço

  19. ronaldo disse:

    já que virou boteco virtual mesmo…

    *Ei, de João Pessoa? pultz.. queria mesmo perguntar uma coisa sobre o PIolin… eles vivem do quê? de Vau da Sarapalha? (sem melindre)

    *Ah, demorô!

    *Uma pergunta: o Parlapatôes ainda é a cerveja mais cara da roosevelt?

  20. astier basílio disse:

    boa Ronaldo,
    eu sou amigo dos meninos,
    e posso responder sem melindre (risos)
    eles meio que vivem de Vau ainda.

    Mas já se arriscaram em outro espetáculo “A Gaivota”,
    com metade do elenco de Vau, com um diretor que foi incorporado à Companhia, o Haroldo Rego. Se você não viu vale a pena: é suuuuper diferente.

    Mas o grupo, individualmente, acabou fazendo mais uma carreira no cinema do q no teatro e há mais trabalhos individuais ou episódicos (Cibele fazendo Wolzek com eles ou Luiz Carlos dirigindo individualmente coisas)
    do que uma trajetória ou composição de repertório.
    A boa notícia, Ronaldo, é que ano que vem eles vão preparar um novo espetáculo, a Petrobrás já garantiu apoio.
    Abração

  21. Ronaldo, acredito que a cerveja mais cara da Rusvel é do Papo, Pinga e Petisco. Tudo pq a Elis cantou lá no início da carreira. Mas pode deixar que o Eduard Peter vai fazer uma pesquisa Ibope sobre a cerveja mais cara da Rusvel, com direito a gráficos e estatísticas. em breve…

  22. Raphael disse:

    Ah, tá, entendi o sorocaba.
    Astier, em http://www.estantevirtual.com.br vai ter algumas coisas, acho.
    Ou então, se não encontrar, você pode tentar em alguma livraria online de portugal, tipo a http://www.bertrand.com.pt. Não paga imposto de importação pra comprar livros mas precisa de cartão de crédito internacional. Às vezes compensa mil vezes comprar de lisboa pelo preço ou pela tradução mesmo. Você curte ele?, nunca estudei…
    Juli, demorou, vou ver as datas certinho e combinamos. Qualquer coisa, manda um email.
    Beijos e abraços.

  23. Juli =) disse:

    Oi, Rapha.

    Hoje fiquei com mais vontade de ver a peça. Fui na exposição sobre o Zé Celso que tá tendo no Itaú Cultural e é bem legal lembrar o quanto esse cara é doido e contraditório…

    Vamos marcar, sim.

    Beijos.

  24. ronaldo disse:

    Bora na sexta ver o Aramazén?

  25. Jucilei disse:

    Acho fantástico a forma como este site satiriza os “espetáculos”. É muito engraçado. O tom jocoso e desprendido que é usado me lembra os comediantes de stan-up americanos. Imagino que deve haver um alto grau de cultura para se conseguir tão grande exito. Acredito tambem que a cultura, no nosso pais, esta em coma profundo e as satiraz deste site colaboram de forma intenssa para que nossa cultura se levante e ande. A maioria dos espetáculos são de humor, mas de mal humor. Não no sentido de não ter humor, mas sim no sentido de péssimo sensso de humor. È um humor futil, gratuito e porque não dizer, um humor down?
    Em um tempo em que somos assombrados pelo Panico. Acredito que a solução seria adotarmos o circo como maior fonte de cultura. Teatro? Não hà mais. O que hà são pessoas se exibindo e literalmente mostrando “as coisas”. Tenho certeza que os criticos do site sabem do que estou falando e compartilham da minha opnião.
    Reafirmo minha opnião, a de que o circo é a solução. Vamos voltar as raizes? É nisso que acredito. Que palhaços tem de ficar no picadeiro fazendo palhaçadas.
    Dou meus parabéns aos criticos do site e declaro que no dia em que voltarmos aos velhos e bons tempos do circo eu estarei lá e os aplaudirei de pé .

  26. astier basílio disse:

    oi jucilei,
    vc é o volante do Curíntia?
    É q pessoas que se assinam só com o nome
    ou são jogadores de futebol
    ou cantores famosos tipo Madonna.
    E tem um voltante no Curíntia q tem nome de Jucilei.
    com um nome assim, Jucilei,
    dá nem pra ver quem é o nome
    por trás do comentário, né – você põe o nome
    no Google e aparece uma multidão de ninguéns.
    Mas tudo bem.
    O melhor, mas o melhor mesmo do teu comentário
    ̩ q vc usa a ironia Рessa maravilhosa figura de linguagem, esse filtro que multiplica o sentido do que dizemos.
    É usar as mesmas armas
    do inimigo – aliás, nem sei se somos os inimigos nesse caso.
    Desculpa, mas, mesmo me enquadrando na sua classificação de “críticos do site”, eu não sei do que você está falando quando aponta a “solução seria adotarmos o circo como maior fonte de cultura”.
    Como não sei – sinceramente – do que você está falando, não posso “compartilhar” da sua opinião.
    Engraçado esse lance de circo, semana atrasada o Collor – com a licença da palavra – chamou o Pedro Simon de “parlapatão desta tribuna”.
    Fazendo uma digressãozinha ao que você disse, é bem melhor estar na companhia dele, do Simón, do que na Collor.
    Abração

  27. Juli =) disse:

    Eu gosto de circo.

    O que é mostrar “as coisas”? Lembrei de um comentário em que disseram que tinha que colocar o popô… enfim…

  28. ronaldo disse:

    sexta tem o Cena 11.

    “popô”? isso é do tempo do papai papudo e da vovó mafalda – uma época em que existiam travestis em programas infantis…

  29. Le disse:

    Olá, Raphael. Gostei muito dos teus comentários. Manda um email pra conversarmos a respeito (ofpal-9@yahoo.com). Abraço.

  30. André Fernandes disse:

    Astier, vi uma foto sua no google. Além de escrever mal, você é feio pra cacete, hein!?

  31. Astier Basílio disse:

    escolha a melhor resposta para esse comentário:

    a) é porque tu ainda não me viu pelado, viu

    b) poxa, q pena, não deu pra achar uma tua no google pra comparar

    c) “feio pra cacete?”, rapaz, eu não sou feio pra isso não, mas… nada contra, tenho amigos…

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