Bate Man

Críticas   |       |    2 de fevereiro de 2009    |    5 comentários

Relato de um espectador emudecido

Depois de um vôo conturbado, depois de esperar uma hora no aeroporto pra conseguir um táxi, e depois de perder outra hora pra atravessar a cidade em plena noite de sexta-feira, enfrentando muita chuva e muito trânsito, eu finalmente consigo chegar ao Sesc. Começa aí outra luta: conseguir um ingresso para ver o esgotadíssimo espetáculo da noite. Entro na fila e torço pra que os convidados estejam presos no trânsito em algum lugar da cidade e não consigam chegar a tempo do início do espetáculo. Depois de alguma espera, minhas preces são atendidas e eu consigo o desejado ingresso. Entro então em outra fila enorme, formada por modernetes, povo do teatro em geral e bichos grilos que constituem o público habitual dos Sescs.

A única diferença nesta cena é que aguardávamos para entrar no Teatro de Arena do Espaço Sesc. Não caro leitor, não se trata de uma nova unidade paulistana do Sesc: o espaço em questão fica em Copacabana, Rio de Janeiro, Brasil. Entretanto, olhando cuidadosamente, a localização geográfica é a única diferença entre o Sesc de Copacabana e os Sescs paulistanos, porque o resto é mesmo tudo igual: muita chuva e muito trânsito pra poder chegar numa noite de sexta-feira, filas enormes, ingressos já esgotados e um público que parecia ser rigorosamente idêntico ao dos Sescs paulistanos (nem sombra das Garotas de Ipanema e dos Meninos do Rio…).

O espetáculo da noite também é inédito nos palcos paulistanos: Bate Man, montagem com texto e direção de Gerald Thomas, interpretação de Marcelo Olinto e que faz parte do projeto Auto-Peças, que reuniu cinco montagens inéditas elaboradas por integrantes da Cia dos Atores como parte da comemoração dos 20 anos da Companhia. Aqui cabe um pequeno aviso: o espetáculo se chama Bate Man, portanto não confunda com isso, nem com isso, isso e muito menos com isso.

Quando a espera termina e o público pode finalmente entrar no teatro, somos recepcionados por muita fumaça cênica e por um forte cheiro de bebida. O cheiro de álcool logo é identificado como proveniente das inúmeras garrafas que estão espalhadas pelo cenário.

Assim que o público se acomoda e tudo indica que o espetáculo irá começar, a platéia é surpreendida pela aparição do diretor da peça, Gerald Thomas. Ele surge ao lado da cabine da técnica, atrás da platéia, e lança um olhar perscrutador sobre a audiência silenciosa, comentando em seguida que não existe nada como uma boa fumacinha para deixar a platéia emudecida. Feliz da vida, ele grita um puta-merda e pede que alguém da técnica aumente a quantidade da dita fumacinha. Ele fica feliz pelo fato da platéia ficar morrendo de medo em situações como essa. Ele diz adorar esse temor do público.

Ele corre os olhos novamente pela platéia, com um sorriso nos lábios. Comenta novamente que está surpreso com o fato da platéia estar tão muda. Gerald levanta então a hipótese de que em cada cadeira deve ter um parafuso entrando no cu de cada um dos integrantes da platéia. Ele reflete um pouco mais sobre a idéia e afirma não duvidar da veracidade desta idéia, em função das atuais condições do Sesc.

Gerald comenta ainda mais algumas coisinhas e conclui com um sonoro “Vai Terceiro Sinal! Vai Som!” É a deixa para o espetáculo começar.

A peça termina pouco menos de uma hora depois. Marcelo Olinto se desdobrou em seu monólogo e está cansado e feliz com o resultado. Ele chama então Gerald Thomas, o seu autor e diretor. Gerald chega ao centro do palco e levanta Olinto como se este fosse de brinquedo. Felizes, os dois chamam ao palco toda a equipe técnica, amigos, apoiadores, etc etc etc.  Todos agradecem e se despedem com um “Tchau, gente!”

Mesmo com tanta bebida fazendo parte do cenário, não rolou um compartilhamento com a platéia…

1 monte de coisa acontecendo antes e depois da peça

P.S. 1.: Se você quiser saber sobre aquilo que aconteceu depois do terceiro sinal e antes dos agradecimentos finais, mande seu e-mail para cadê_a_crítica_dessa_peça?@bacante.com.br. Se recebermos 1000 e-mails, a crítica será publicada na semana que vem. Se recebermos 2000 e-mails, uma criancinha de Burkina Faso que está na fila do transplante de rim poderá finalmente ser salva.

P.S. 2.: Apesar de Bate Man não ter nada a ver com o Batman, o Gerald Thomas seria excelente como um super vilão num dos filmes do Homem Morcego, não seria? Ele bem que poderia ser o Homem Fumacinha, um super vilão que aterroriza a população com uma fumacinha cênica. Se você concorda, mande seu e-mail para
Gerald_Thomas_em_Hollywood@bacante.com.br.

P.S. 3.: Todos os acontecimentos desta crítica são baseados em fatos reais e não são mera coincidência. Estes ditos fatos reais (como, por exemplo, o vôo conturbado) aconteceram em dezembro de 2008, ou seja, nos tempos em que a nova regra gramatical ainda não estava valendo e a gente era feliz e não sabia. Por conta disso, fica valendo nesta crítica a regra gramatical antiga. A gente promete que vai usar a regra gramatical nova assim que a gente ficar com vontade de usá-la, assim que a gente parar de odiá-la, e assim que a gente aprender como usá-la. Já aviso que pode demorar…

'5 comentários para “Bate Man”'
  1. vanessa disse:

    2 espetáculos. Quero a resenha do outro. Acho que serei o primeiro email. Só faltam 99!!! ajudem!

  2. Lenira disse:

    EU QUERO MUITO SABER .CONTA .CONTA.

  3. Já enviei e-mail, mas retounou.
    Eita!!
    A caixa já deve estar cheia…
    Uêba!!!!!!!!!!!! A segunda crítica vai sair……………

  4. vanessa disse:

    saiu?assim que sair, me avisem!

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