Educação Sentimental do Vampiro
Avenida Dropsie do mal
Não vá pensando que se trata de uma peça sobre morcegos e vampiros porque não é. Ao menos não sobre aqueles caras esquisitos que moram na Romênia e chupam sangue. O vampiro em questão mora muito mais perto do que nos Cárpatos e é adepto de algo mais limpinho e menos démodé do que sair chupando sangue por aÃ: nosso vampiro suga almas.
Educação Sentimental do Vampiro, o novo espetáculo da Sutil Companhia de Teatro é inspirado nos contos de Dalton Trevisan, também conhecido como Vampiro de Curitiba, apelido recebido por viver recluso e escrever contos com base em suas observações (e chupadelas das almas) das pessoas da cidade. Sua obra lhe rendeu a consagração como um dos maiores contistas da literatura brasileira.
O formato da nova peça em muito se assemelha à produção anterior da companhia, Avenida Dropsie, inspirada nas graphic novels de Will Eisner: os atores se desdobram em dezenas de personagens em esquetes curtas e independentes. A grande diferença é que enquanto Dropsie era alegre e ingênua, a Curitiba retratada no novo espetáculo é cruel e sombria.
Como já era de se esperar, a cenografia é da Daniela Thomas e é deslumbrante. Um jogo de espelhos confere uma profundidade peculiar ao palco, e permite à encenação uma série de jogos de imagens que não é desperdiçada e tampouco subutilizada. A iluminação e o figurino sóbrio constroem um universo em preto-e-branco (mais pras trevas do que para o branco) tão perturbador que nos remete a um mundo de histórias sombrias… e de vampiros.
O uso da projeção também está presente, mas desta vez não se sobrepõe à cena como ocorre em Nostalgia, Avenida Dropsie ou A Vida é Cheia de Som e Fúria: em Educação Sentimental do Vampiro, não há a tradicional tela de filó separando o palco da platéia, a projeção serve sobretudo à cenografia, possibilitando efeitos gráficos de fazer inveja a todas as produções que insistem em utilizar projeção achando que é fácil como fazer uma apresentação com retroprojetor (essa gente tem muito o que aprender sobre esta sobreposição de imagens e linguagens que a Sutil faz com maestria).
Também merece destaque o trabalho de todo o elenco, que mais uma vez está afinadÃssimo. Aliás, fica aqui a teoria conspiratória levantada no nosso blog: teria a Sutil feito a oficina dos Satyros para aprenderem a tirar a roupa e utilizar um pinto de borracha com maestria? Mistério.
Todos os contos de Trevisan selecionados para a montagem trazem histórias tristes e amargas de personagens do subterrâneo de uma Curitiba que talvez nem exista mais, ou que talvez nunca tenha existido, ou que ainda existe e a urbanidade progressista faz questão de esconder. Histórias de violência doméstica, crimes, abusos sexuais e tudo mais que as pessoas preferem fingir que não acontece. E o espetáculo nos joga na cara esse universo imundo e perverso, durante duas horas sem pausa para fôlego em nossas zonas de conforto. Nem mesmo os momentos humorÃsticos dão uma trégua à platéia: as piadas são de um humor obscuro e corrosivo.
Outra grande peculiaridade do espetáculo é a não-transcrição do texto para a linguagem teatral: salvo alguns pequenos monólogos, a montagem é feita integralmente com o texto original em terceira pessoa, em formato de prosa, com o narrador quase sempre presente em cena, representado pelos atores que se alternam. Uma experiência ousada que, apesar de na maioria das cenas funcionar muito bem, em algumas ajuda a tornar o espetáculo um pouco cansativo.
Assisti a este espetáculo duas vezes (um ensaio e uma apresentação na semana da estréia), e em ambas as vezes senti novamente a mesma sensação que tive ao ver pela primeira vez uma peça da Sutil companhia, há aproximadamente sete anos, quando vi naquele mesmo Teatro do SESI o espetáculo Nostalgia: um desconforto que se misturava com a empolgação de presenciar um espetáculo inesquecÃvel.
O diretor Felipe Hirsch. Pedimos desculpas pela falta de tato de nossa fotógrafa.
5 Gerald Thomas contrariados
Eu acho que a fotógrafa não tem culpa de ele querer comer o próprio relógio! Ora…
[…] como atriz, só conhecia nos espetáculos da Sutil Companhia de Teatro, em Avenida Dropsie e Educação Sentimental do Vampiro. Decisão quase clichê de criar uma dramaturgia quase que totalmente baseada em cartas de […]
Isso e ridiculo , todos vcs sao um bando de idiotas.Beijinhos e tchau tchau.
Valeu pela incrÃvel argumentação, Barbara. Outro beijinho tchau tchau pra você.
Barbara Heliodora?
futurista mas falso
excelente cara ,voçe arrazou
vapiros so se for no sonhos de vcis seus tontos
credo eu nao achei nd de interesaante
concordo com a Elisa
Arte é arte. Mas tentar se comparar com uma ser que surgiu a vários séculos é um fato humilhante e desonra qualquer adepto a está criatura fascinante. Resumindo não tente ser algo impossÃvel de ser.
Arte é arte. Mas tentar se comparar como um ser que surgiu a vários séculos é um fato humilhante e desonra qualquer adepto a está criatura fascinante. Resumindo não tente ser algo impossÃvel de ser.