Julho de 2007

Editorial   |       |    16 de julho de 2007    |    9 comentários

A gente gosta de experimentação sim, e daí?

Nesse editorial de três meses (pulamos o de dois porque somos contra a opressão dos números cardinais) já podemos falar de uma certa identidade da Bacante. Primeiro, aprendemos que a palavra “revista” remete diretamente àquela coisa que quase nunca compramos, mas que continua vendendo na banca. No nosso caso, somos uma revista eletrônica, o que não nos faz melhor ou pior que ninguém, só diferentes (não é linda essa frase?).

Mas já que é pra ser diferente das revistas “de verdade”, procuramos produzir textos de uma forma também relacionada com o meio digital. Não que esse percurso tenha sido direto: primeiro fizemos a revista, e agora definimos (ou descobrimos) a sua identidade. Começamos a entender o sentido de ser indexado pelo Google, de ser linkado e linkar (o gostoso processo de troca-troca da web) e de mensurar o que cabe (e o que não cabe) nesse espaço virtual que criamos. Certo é que por enquanto cabe bastante coisa, mais até do que podemos preencher (sim, isso é uma indireta pra quem quiser colaborar).

Um espaço experimental da crítica? Um tubo de ensaio pra colocar qualquer gato pingado escrevendo de teatro (começando, é claro, com os piores)? Morada de anônimos que liberam todas as opressões de suas vidas em comentários digitados com pedras nas mãos? Não dá pra saber. O fato é que estamos testando. E como isso também faz parte da linguagem e da identidade da revista, o teste se tornou uma busca. Aqui está a razão do interesse maior por peças que minimamente se arrisquem no jogo.

Não há formatos quadrados de experimentação. Ex: O Juca de Oliveira pelado durante uma peça inteira, no térreo do Teatro Oficina chocaria metade da burguesia paulistana que compra perfume. Assim como Zé Celso de roupa, encenando qualquer coisa nos outros teatros da Brigadeiro chocaria metade da classe acadêmica do país. A outra metade continuaria fazendo encenações naturalistas pra seguir a onda, talvez sem sequer saber das maluquices que o Juca e o Zé andam aprontando.

Fica claro que a procura por experimentação corre nas veias da Bacante e, agora que estamos trancados no coração de Sônia Kessar e que a ameaça de spams está resolvida, continuaremos com ainda mais amor nossa busca por um teatro que provoque algum tipo de questionamento, que tente transgredir qualquer coisa a que já estejamos acostumados o suficiente pra achar que não há necessidade de transgressão. Sempre com a Sônia também no nosso coração.

A gente acredita em novas formas de se fazer teatro, de se discutir teatro, de se falar bobagem. A gente gosta de peças que assumem o risco, e a gente tá começando a tomar cada vez mais gosto por assumir o risco também. Qualquer coisa, se no fim der merda, é só falar que era experimental mesmo…

'9 comentários para “Julho de 2007”'
  1. egoNullius disse:

    Há alguns dias descobri a Bacante. E poxa, até agora não consegui aprar de ler. Ótimas matérias, ótimos textos… enfim, estou me divertindo bastante. Parabéns…

  2. Guilherme Nullius disse:

    Ah, claro, só uma sugestão: liberem Feeds RSS pras seções da revista. É bacana ler as coisas fresquinhas e pra gente como eu, que tem uma lista de sites no leitor, fica muito mais bacana acompanhar.

  3. Maurício Alcântara disse:

    Gilherme, obrigado pelo comentário e pela sugestão! Queremos liberar feeds sim, e isso vai ocorrer assim que conseguirmos migrar para o sistema de publicação definitivo…
    Grande abraço!

  4. Valmir disse:

    Se vocês estiverem falando sério, opa, quero colaborar! Adorei vê-los e infelizmente, por viver na província, não pude ficar. Abração pra vocês!!!

  5. Fabrício Muriana disse:

    Claro que estamos falando sério, Valmir.
    Manda um e-mail pra
    fabricio@bacante.com.br que te explico como funciona a bagaça.
    Já te adianto que é fácil. O mais importante mesmo é escrever com sinceridade. Mas não sai escrevendo na louca, que senão a gente não consegue encaixar o conteúdo.
    Abraço.

  6. Fabrício Muriana disse:

    Ps: Que ninguém mais pergunte se estamos falando sério.
    A Bacante é uma revista séria!

  7. Maria Clara disse:

    gostei do meu link aí! 😉 beijos rapazes.

  8. Ronaldo Ventura disse:

    Prazer em conhecer vocês!

  9. Nelson disse:

    Maurício, Fabrício, Juliene,
    vcs não vão fazer o Prêmio Bacante?

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