Mapeamento enternamente em construção – Bate-papo com Cia Stravaganza

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Cia. de Teatro de Stravaganza – Porto Alegre – RS
Representante: Adriane Mottola

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

A Stravaganza é um grupo de Porto Alegre que já tem 21 anos. A gente não tem patrocínio, mas talvez até devido o tempo de vida, nós geralmente temos os projetos patrocinados, não é assim uma grande maravilha, mas dá pra criar um pouco, não totalmente incentivado, mas pelo menos a gente consegue trazer os espetáculos, fazer oficinas, com um pouco de apoio. Nós temos lá um fundo de apoio à produção artística que se chama FUMPROARTE e também a gente concorre nesses prêmios como Myriam Muniz. Geralmente é incentivo público mesmo. Alguns atores fazem outros trabalhos além do grupo, ninguém faz nada que não tenha nada a ver, tem gente que dá aula, tem pessoas que trabalham em eventos, como o Porto Alegre em Cena, eventos de teatro, ou fazem produção, por exemplo, da parte cênica da Feira do Livro. Nosso grupo, como não é patrocinado, vive desses projetos e da venda de espetáculos e a gente tem seis peças em repertório, então nem todas as pessoas estão em todas as peças, então é diferenciada a forma como as pessoas recebem também. Tem um núcleo de cinco pessoas e outras pessoas… Na verdade, não é tão flutuante porque a gente se encontra toda semana, mas evidente que esse núcleo que está em todos os espetáculos e em tudo o que acontece sempre, ele tem mais possibilidade de sobreviver do grupo do que os outros, mas também às vezes os outros são pessoas que recém estão chegando, é uma companhia bastante aberta.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

A gente tem uma sede em uma região central da cidade, até perto de outros teatros, um bairro de classe média, mas casualmente do lado da nossa sede tem uma vila em que a prefeitura construiu casas. É um espaço bastante interessante, são pessoas que ganharam… é… Não são casas deles, mas eles podem morar ali por, sei lá, 30 anos e depois não sei como é que fica. Mas é claro que essas casas populares no começo tem uma família em cada casa, daqui a pouco já tem cinco! É sempre assim que acontece. Então, a nossa relação com o bairro, sim, a gente procura divulgar tudo o que acontece, mas a nossa relação maior é com as crianças ali da vila mesmo. Porque elas, seja o espetáculo adulto ou infantil, elas assistem, elas estão sempre lá, elas querem entrar, é uma loucura. Não é um compromisso, nós não assumimos isso como compromisso, mas a gente tem seções em que elas vão brincar lá dentro, a gente faz oficinas… Nós não temos um horário, mas como elas entram, assistem ensaios, voltam no outro dia, então tem uma relação… Elas adoram o espaço. A nossa relação é assim, de não ter um trabalho contínuo, mas de acolher sempre e fazendo atividades diversas, às vezes a gente pega os instrumentos, começa a tocar, elas tocam também. Tem dos mais pequenos, de 5 ou 6 anos até 12, 13 anos. E juntas, vão juntas, a irmã maior com um menininho. E claro a gente faz apresentações, às vezes, especiais pra eles. A gente também tem o projeto de trabalhar mais seriamente, até agora nós estamos desenvolvendo um projeto Myriam Muniz que tem um trabalho de oficinas mesmo mais elaborado. Agora quanto aos espetáculos, a gente até trabalha bastante sobre a cidade, sobre o urbano, mas a gente constrói os espetáculos sobre as vivências das pessoas que integram o grupo, então não é uma coisa tão clara, são as percepções daquelas várias pessoas que integram aquele grupo sobre a vida urbana.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Eu acho que é porque tem dentro desse grupo uma liberdade de poder estar fora dele o tempo todo se quiser, de sair, de voltar… Acho que é isso, a liberdade de poder se expressar, dize o que quer dizer ali dentro, mas também liberdade de sair, se afastar um tempo, voltar, é um pouco o que mantém essas pessoas juntas. Sim, além daqueles objetivos comuns que têm as pessoas que trabalham num grupo, de querer dizer algumas coisas, de ter alguns objetivos como artistas, de acreditar na linguagem que o grupo foi criando.

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