Protestos do Dolores no Prêmio Shell
O Petróleo do Teatro
“Quem quiser lutar contra a mentira e a ignorância […] deve ter a coragem de escrever a verdade, embora ela se encontre escamoteada em toda a parte; deve ter a inteligência de reconhecê-la, embora ela se mostre permanentemente disfarçada; deve entender da arte de manejá-la como armaâ€
(B. Brecht. Cinco maneiras de dizer a verdade)
Muitas são as histórias de protestos que rompem o script das honrosas premiações à s artes ao redor do planeta. Uma das mais famosas foi quando o ator Marlon Brando recusou a cobiçada estatueta do Oscar em 1973, pela atuação em O Poderoso Chefão, e enviou em seu lugar uma Ãndia (ou uma atriz se passando por uma Ãndia) que proclamou:
“Meu nome é Shasheen Littlefeather, eu sou uma Ãndia apache e estou aqui representando Marlon Brando que mandou dizer que não aceita o prêmio em sinal de protesto pela imagem falsa que o cinema e a televisão projetaram do Ãndio norte-americano”
Ao fim do discurso, disse que esperava ver Marlon Brando juntar-se aos Ãndios rebelados de Wounded Knee. Foi recebida, obviamente, pelas vaias indignadas dos seletos e endinheirados comensais da academia de cinema estadosunidense.
Em 2011, a mesma premiação escutou o protesto silencioso de Jean-Luc Godard que se recusou a comparecer à cerimônia onde foi homenageado pelo conjunto da obra. Godard, marcado pelo radicalismo e engajamento de seu cinema, simplesmente ignorou todas as tentativas de contato feitas pela Academia. Sua ausência demarcava a contradição da homenagem.
Outro belo protesto foi o de Lars Von Trier quando foi agraciado com o prêmio “Diamante da Pazâ€, da organização Cinema pela paz, pelo filme Dogville (fato que me foi lembrado pelo amigo Guilherme Balza). O diretor não compareceu e enviou um vÃdeo de agradecimento – obviamente censurado pelos organizadores – em que, na Ãntegra, dizia o seguinte:
“Nem todo mundo quer o mesmo que nós (a paz). A população do mundo é composta por duas tribos, que vivem no deserto. Uma delas, vive em um paÃs que tem um poço. A outra vive em um paÃs distante. A tribo do paÃs que tem o poço quer paz. A tribo no paÃs distante não quer paz – ela quer água! A tribo do paÃs distante é, provavelmente, um pouco menos civilizada e não tem sequer uma palavra para ‘paz’ no vocabulário. Mas essa tribo tem uma palavra para ‘sede’, o que, nessa situação, é mais ou menos o mesmo. O Comitê da Paz do paÃs que tem poço é constituÃdo de pessoas boas, sábias, belas e ricas, que não sentem sede (é por isso que eles têm tempo para se dedicar ao Comitê). As pessoas do paÃs que tem o poço falam muito sobre o Prêmio da Paz com que o Comitê homenageia outras pessoas do paÃs com o poço. O povo do paÃs distante não fala tanto sobre o Prêmio da Paz. Obrigado pelo meu Prêmio da Paz.”
Entre tantos outros protestos, o que une tais atitudes de ruptura com o glaumor estúpido das premiações é a demarcação das inexoráveis contradições constitutivas em cada um dessas cerimônias que constroem com prêmios os paradigmas da cultura de classe.
No Brasil, há o almejado Prêmio Shell de teatro. E já no nome o evento escancara sua incongruência. A Shell Petroleum, uma corporação gigantesca, cujos Ãmpetos de exploração brutal – seja de recursos naturais, seja de trabalhadores – ao redor do planeta não são segredo nenhum, resolve, sabe-se lá por que, premiar artistas do terceiro mundo e lhes presentear com, nada mais nada menos, o logotipo da marca Shell !
(Montagem que lembra do enforcamento na Nigéria em 1995 de nove ativistas ambientais que protestavam contra a atuação da Shell no paÃs - “Quando as engrenagens da propriedade e da exploração estão ameaçadas o sistema recorre a barbárie”)
De fato há poucas coisas mais esdrúxulas que este Prêmio, e uma delas – não poderia deixar de ser – é o deslumbre dos artistas teatrais paulistanos premiados, os quais contabilizam a “concha de ouro†como o ápice do reconhecimento de seus talentos sublimes.
Mas não bastasse a alienação festiva da categoria (afinal “a arte é mais!â€, já diriam), tornaram-se – sob liderança do emérito humorista (tão socialmente preocupado) Sr. Marcelo Tas – defensores entusiastas da “ordem†na premiação. E receberam com vaias e desconforto o protesto que marcou a cerimônia paulistana de 2011.
Nesta 23º Edição do Prêmio, o Coletivo Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes foi premiado na categoria Especial, e já no palco, enquanto tinha óleo derramado em sua cabeça, um dos atores do coletivo leu o seguinte manifesto:
“Para nós do coletivo artÃstico Dolores é uma honra participar deste evento e ainda ser agraciado com uma premiação.
Nosso corpo de artista explode numa proporção maior do que qualquer bomba jogada em crianças iraquianas.
Nosso coração artista palpita com mais força do que qualquer golpe de estado patrocinado por empresas petroleiras.
Nossa alegria é tão nossa que nenhum cartel será capaz de monopolizar.
É muito bom saber que a arte, a poesia e a beleza são patrocinadas por empresas tão bacanas, ecológicas e pacÃficas.
Obrigado gente, por essa oportunidade de falar com vocês.
Até o próximo bombardeio…
…quer dizer, até a próxima premiação!!!”
Contudo, o paradigma da sapiência, o apresentador da cerimônia, Sr. Marcelo Tas, apoiado e incentivado pelos esclarecidos artistas paulistanos, bradou, indignado, aos seus colegas de imprensa: “são extremistas!†(veja aqui)
Mas, como disse Brecht: “A verdade é combativa. Não luta somente contra a inverdade, mas também contra certos homens que a divulgamâ€
Por isso há de se desejar vida longa ao Dolores !
Ótimo texto.
não, ela não era “uma atriz se passando por uma Ãndia”; ela era uma atriz, é uma história q todo mundo sabe.
eu sou mais o “protesto” de Woody Allen, que não “pode” receber o seu Oscar pq coincidia com o dia em q ele tocava jazz com a banda.
Vc esqueceu de dizer o currÃculo completo do TAS: ex-jornalista, ex-professor tibúrcio e ex-apoiador da campanha do Serra (na reta final).
Porra, longa longa vida ao Dolores. Quantos anos demorou pra um grupo fazer uma efetiva demarcação de posição com relação a esse lixo que é a influência do mercado petrolÃfero no teatro (não só da Shell, mas também o a Petrobras).
Estamos comparando entregas do Oscar com entregas do Prêmio Shell?
Estamos comparando o discurso primoroso do Lars von Trier com “Nossa alegria é tão nossa que nenhum cartel será capaz de monopolizar.”?
Estamos comparando artistas que protestaram e se recusaram a receber prêmios com artistas que protestaram e ainda assim receberam o prêmio?
Cinco maneiras de ser coerente.
Oi, Shell! Ó só o Dolores falando com vc:
“Aproveitamos para declarar publicamente que aceitamos o prêmio. Em nosso entendimento, esta é uma forma de restituição de uma Ãnfima parte do dinheiro expropriado da classe trabalhadora. Recebemos o que é nosso (enquanto classe, no sentido marxista) e debateremos um fim público para esta verba.”
O link para mais: http://doloresbocaaberta.blogspot.com/
Paulo,
Quanto ao Tas, me deu vontade de recorrer ao personagem que ele mesmo criou há anos, o Varela, pra poder continuar a conversa com ele depois dessas aspas cretinas:
“Eles não conseguiram enxergar a coisa maior de tudo isso…”
“É mesmo, dr. Tas? Bem, a gente é novo negócio de teatro e de petróleo… então o senhor que consegue enxergar poderia explicar pra gente qual é a coisa maior de tudo isso?”
A atitude do grupo Dolores só teria alguma coerência se eles tivessem devolvido o prêmio e rasgado o cheque. Justificar o dinheiro no bolso com o argumento de que é uma restituição de uma Ãnfima parte do dinheiro expropriado do trabalhador é simplesmente ridÃcula. Eles ficaram com o dinheiro porque quiseram e precisam dele.
E uma pergunta para o site: se vocês questionam o porquê da Shell premiar artistas do terceiro mundo, qual a razão de vocês “escreverem” sobre artistas do terceiro mundo?
Bom, eu não sei você, Franz, mas eu vivo no terceiro mundo e assisto teatro do terceiro mundo, por isso comento sobre o teatro do terceiro mundo.
Você não explicou pq eles deveriam devolver o dinheiro e rasgar o cheque pra ter coerência.
Argumentar que eles ficaram com o dinheiro pq quiseram e precisam dele é uma obviedade que ajuda a tornar coerente a explicação de que o mesmo dinheiro foi expropriado do trabalhador e voltará a ser público.
A Shell deu o prêmio, vocês receberam. Onde está a expropriação nisso?
Se o trabalhador foi expropriado pela Shell, e esta decidiu premiar artistas (que são eleitos por outros artistas), e os artistas decidiram ficar com o prêmio, onde está a expropriação nisso?
Os artistas irão decidir entre eles um fim púbico de um dinheiro privado, onde está a expropriação nisso?
O público escolhido pelos artistas para receber de volta a Ãnfima parte da expropriação da Shell (que segundo entendimento dos artistas, o prêmio recebido é deles “enquanto” classe, segundo o pensamento marxista), está sendo expropriado por quem?
Segundo o entendimento da Shell, “enquanto” empresa privada, os artistas vencedores fizeram um manifesto contra as empresas petrolÃferas e aceitaram o prêmio que segundo o entendimento deles, voltará a ser público segundo o juÃzo dos próprios artistas, que são classe trabalhadora, “enquanto” sentido marxista.
A Shell acredita que os artistas, talvez por serem novos no mundo do teatro e do petróleo, estão no direito de realizar e decidir o que bem entenderem com o prêmio que a Shell deu a eles por meio da escolha de outras artitas, um deles, inclusive, sabidamente marxista!
A Shell saúda os novos Robin Hood dos teatros paulistanos.
Bom dia, classe! O prêmio é sustentado por leis de incentivos fiscais, dinheiro público. Não saiu um tostão da Shell. Mas ela teve todo o poder de escolher para quem entregar o nosso dinheiro. O Dolores pegou dela e devolveu ao público. Assim que funciona. Entenderam classe?
Claro, professor Tibúrcio!
Devolveu ao público? Quando? Onde?
Será que esse dinheiro não será aplicado nas pesquisas do grupo? Se for, não é contraditório? Temos que lembrar que este dinheiro público só existe porque é a receita de uma empresa que gera o imposto. Logo, pelo pensamento do grupo, é um imposto gerado pelo trabalho de uma empresa selvagem. Diante disso, o protesto e pensamento deste grupo, cujo trabalho desconheço, é raso e retrógrado.
Há um desvirtuamento do debate. A questão não é se o Dolores pegou ou não o dinheiro. Não é a conduta coerente, ou incoerente, que determina a crÃtica (pautar a ação deles por isso é o mais puro moralismo).
O debate é sobre o prêmio. Sobre as contradições envolvidas. Sobre o deslumbre da categoria teatral com a mistificação envolvida. Com a promoção da marca Shell em torno da cerimônia (como bem lembrado, feita com DINHEIRO PÚBLICO). Com o status inabalável da premiação.
Por que vocês não falam sobre isso? Por que essa insistência em desqualificar a ação com um argumento que questiona a conduta?
Se querem criticar a ação do Dolores, argumentem sobre ela, e não com essa bobagem tautológica sobre a coerência do grupo.
O único que realmente expôs mais claramente foi Paulo V. Bio Toledo.
Não conhecem o trabalho desse grupo teatral? É o “Dolores Boca Aberta Mecatrônica de Artes”. Eles estão, à Rua Frederico Brotero, 60, no Jardim Triana, Cidade Patriarca, na grandiosa e esquecida periferia da cidade de São Paulo, e se apresentem, que serão bem recebidos.
A princÃpio fiquei chocada com a atitude que tomaram publicamente, mas depois de brevissimos segundos de reflexão, compreendi e estou com eles.
Aqueles artistas que se manifestaram publicamente maquele momento, hoje, devem estar arrependidos, porque a fama lhes cegou e as palavras que pronunciaram foram automáticas, sem que o cérebro tivesse a chance de mostrar-lhes o caminho mais correto e humano para estar de acordo com a festa da Shell. Decepcionante, após todos esses anos!
Ficaram gratos pelo premio e, também pelo dinheiro, tenho certeza, porque um grupo teatral com a história contada em seu site, e apreendi naquelas breves palavras a luta para não se deixarem contaminar pelo consumismo, pelo capitalismo selvagem e desenfreado que está desestabilizando a sociedade, e porque não até a nossa Terra,
Ah, e lembrem-se, março tem comemoração do Dia da Ãgua, que é o maior tesouro de cada um dos seres que vivem nesta Terra.
Gostei da cara de pau. Mas, é de uma canastrice sem tamanho. Não dá pra proetestar e aceitar o prêmio, né? Não dá. Esse papo de reapropriação é uma balela infantil. É que fazer revolução sob almofada de veludo – como essa classe média politizada que nunca passou fome ou sede – todo mundo quer. Devolver o dinheiro da premiação, não. Isso deve se chamar contradição. Ou não?
Acho que precisamos de mais cuidado aqui, nessa passagem do comentário do Franz:
“E uma pergunta para o site: se vocês questionam o porquê da Shell premiar artistas do terceiro mundo, qual a razão de vocês “escreverem†sobre artistas do terceiro mundo?”
Ponto 1: o que nós questionamos?
Nós não questionamos o fato de a Shell “premiar” artistas de terceiro mundo, simplesmente. Nós questionamos que uma empresa privada tenha o direito de escolher o que fazer com o dinheiro público aplicado à cultura no “terceiro mundo” (essa classificação é meio antiga, mas vamos por aÃ). Nós questionamos que não tenhamos polÃticas públicas que incentivem de fato a cultura nacional. Nós questionamos que a Shell tenha o direito de não pagar os impostos devidos e em vez disso destinar o dinheiro para, por meio de uma premiação com critérios próprios (e q não temos direito, como cidadãos, de questionar, já q é uma empresa privada), premiar artistas, o que na verdade significa promover a própria “responsabilidade social”. Talvez fosse bom nos perguntarmos: o que a Shell quer com essa premiação? A resposta mais simples é propaganda! Mas todo mundo pode fazer o exercÃcio de desenvolver isso. Finalmente, questionamos o fato de, com tamanho equÃvoco na destinação de verba para a cultura, todos celebrem a Shell ao celebrarem o prêmio Shell, que todos sejamos agradecidos à Shell por, sendo tão grande e “desenvolvida”, premiar o teatro de um paÃs subdesenvolvido.
Ponto 2: Qual a razão de escrevermos sobre artistas do terceiro mundo?
Assistimos teatro do “terceiro mundo”, fazemos teatro do “terceiro mundo”, escrevemos sobre teatro do “terceiro mundo” e, nos melhores momentos da nossa produção!, TEMATIZAMOS o “terceiro mundo” em si – tanto ao escrever, quanto ao fazer teatro, quanto ao fazer jornalismo, filosofia, educação – porque estamos aqui. E isso, pra nós, é uma maneira de agir no nosso aqui e agora.
Ah. Ainda que fossemos desvirtuar a discussão para falar sobre ficar ou não com o prêmio, pergunto, sinceramente, qual a alternativa? Negar o prêmio e deixar com a Shell o dinheiro conseguido com o trabalho de muitas PESSOAS e não da EMPRESA (este ser q não trabalha, né?) e que seria destinado ao Estado para financiar polÃticas públicas verdadeiramente públicas, antes de eles terem isenção fiscal. Devolver pra Shell??? É isso??? Pra Shell fazer o q? PoderÃamos fazer sugestões à Shell? Esse dinheiro é dela?
Talvez, se fizermos de fato um debate sobre o que fazer com o dinheiro, seja possÃvel inclusive ajudar na decisão do grupo.
Mas, pra mim, devolver pra Shell é que seria somente ingênuo e espetacular.
muito bom!
Paulo, fica claro pela matéria no Terra que você linkou que o deslumbramento dos outros premiados (e dos que perderam sua concha de ouro para o Dolores) é, isso sim, Ãndice de uma visão pequena que não consegue (ou não quer) enxergar a coisa maior de tudo isso.
Não é engraçado que todos que criticaram o protesto do Dolores não discutam, em nenhum momento, as acusações feitas contra à Shell? Discutem apenas a validade do protesto em si mesmo – como se o grupo fosse mal agradecido ao escancarar os podres da benevolente multinacional durante uma exposição pública de seu interesse em cultura de 3º mundo…
Alguém poderia argumentar que o protesto é pura tautologia porque, afinal, todos intuem a exploração (social e ecológica) operada por uma empresa como a Shell. Se assim for, tanto pior: criticar a simples existência do protesto tendo em mente a estrutura que a empresa representa é compactuar, em alguma medida, com esta mesma estrutura. Prefiro pensar que Beth Goulart o faz por ingenuidade (a metáfora do carinho respondido por tapa é muuuito simplista), embora saiba que a maioria o faça por cinismo mesmo.
Paulo, fica claro pela matéria no Terra que você linkou que o deslumbramento dos outros premiados (e dos que perderam sua concha de ouro para o Dolores) é, isso sim, Ãndice de uma visão pequena que não consegue (ou não quer) enxergar a coisa maior de tudo isso.
Não é engraçado que todos que criticaram o protesto do Dolores não discutam, em nenhum momento, as acusações feitas contra a Shell? Discutem apenas a validade do protesto em si mesmo – como se o grupo fosse mal agradecido ao escancarar os podres da benevolente multinacional durante uma exposição pública de seu interesse em cultura de 3º mundo…
Alguém poderia argumentar que o protesto é pura tautologia porque, afinal, todos intuem a exploração (social e ecológica) operada por uma empresa como a Shell. Se assim for, tanto pior: criticar a simples existência do protesto tendo em mente a estrutura que a empresa representa é compactuar, em alguma medida, com esta mesma estrutura. Prefiro pensar que Beth Goulart o faz por ingenuidade (a metáfora do carinho respondido por tapa é muuuito simplista), embora saiba que a maioria o faça por cinismo mesmo.
Exatamente Renan. Assino embaixo. Mais que “engraçado” é trágico o deslocamento do debate. Creio que parte de um pressuposto entranhado de ideologia, o de que a maquinaria envolvida no aparato Prêmio Shell seja, embora um tanto negativa, natural – deste modo, partido dessa premissa tácita, sugerem que é “melhor que exista, do que não exista”. Talvez porque a ideologia mascare toda e qualquer alternativa no horizonte.
O resultado dessa visão totalizante (à s vezes cÃnica, à s vezes ingênua) parece ser essa raivosa leitura do protesto como se ao não se “conformar” com isso o Dolores quisesse apenas exercitar um egocentrismo oportunista.
Pra “provar” isso usam dessa retórica que você pode encontrar aà em cima, nos comentários, de que o grupo é “incoerente”, haja vista o aceite do valor monetário envolvido.
Ou seja, para eles, não existe possibilidade de crÃtica. O contexto é natural (“o ser humano precisa ainda evoluir muito”). Toda e qualquer contestação é vulgar e incoerente. Para eles a única maneira de ser coerente seria viver isolado numa montanha, sem roupas, protestando “pacificamente!” contra a tristeza obscura do capital; ou, pior, embarcar no ser “polÃtico porque não polÃtico”.
Abraço!
ai que preguica de tanta gente que acha que pensa, ai que preguica de movimentozinho do oleozinho e dinheirinho no bolsinho…esse teatrinho feito por gente que acha que pensa me cansa e da preguica…por isso cada dia mais o teatro ta vazio…quem sera o alienado? o povo ou a meia duzia umbiguenta que acha que pensa….ai que preguica!
Carlos, conta pra gente o que não te dá preguiça então. Teatro feito por gente que não (acha que) pensa? Conta mais, que seu comentário não trouxe nenhum argumento concreto pra gente debater o que está em pauta.
Sugere um contraponto, porque senão fica uma coisa de “eu não gosto disso”, “eu tenho preguiça disso” – e ao mesmo tempo não surge nenhum norte para que possamos discutir uma alternativa a isso que te dá preguiça (à s vezes muita preguiça pode ser falta de vitamina, sabe? hehehe).
Outra pergunta: QUAL teatro é que anda vazio? “O teatro em geral”? Só pra saber do que você tá falando…
abraço!
Tio Brecht aplaudiu de além túmulo e ainda fez fiu-fiu!
Saudações Socioambientais
De fato a comparação é algo descutivel em todos os ambitos…porem é muito chique negar um premio com o valor do oscar para tocar com a bandinha de jazz…(seria o apce de uma carreira no meu sonho mais pop star e justo!)o que não é chique é viver de arte em um paÃs como o Brasil…é obvio que tem de se aceitar esse premio falar mal se possivel cuspir escarrar e investir em tudo e mais que se for possivel e necessário…ai essa classe média cult é o ó!
Pretobrás: Itamar assunção então falou…Quando acordei tava aqui
Entre São Paulo e o mangue
Brasil via MTV
Num clip de bang bang
Nem bem cheguei me feri
Foi bala na cidade grande
Compondo sobrevivi
Cantar estancou o meu sangue
Nasci moleque saci
Daà que eu nunca me entreguei
Mando um recado pra ti
Certeza que noite chegue
Assim que te conheci
Ardi no fogo da febre
Deus sabe o quanto sofrei
O resto o cão que carregue
Um belo dia parti
Cumbica Deutschland
Na volta num duty free
Comprei um bom bumerangue
Sou pretobrás e daÃ
Eu rezo cantando reggae
Sou Cruz e Sousa Zumbi Paulo Leminski
Mas samba is another bag
Paulo,
não me lembro de ninguém ter recebido “com vaias e desconforto o protesto que marcou a cerimônia paulistana de 2011”. Foi um ato tão superficial e uma ação tão simplista que ninguém comentou – nem durante nem depois na festa. Sério mesmo. não deturpa a realidade não, tá?
Olá Camila,
Ao contrário do que você diz, o ato foi muito comentado, como você pode ver na reportagem que saiu no terra: http://bit.ly/fyHdcE.
Pelos comentários é visÃvel o enorme desconforto que a ação ocasionou. Aliás, em você mesma, ao que parece.
No mais, você podia tentar argumentar sobre “superficial” e “simplista”, pra não cair nessa desqualificação vazia.
Carlos Alberto,
sua preguiça me dá enorme preguiça, veja que bonito esse ciclo que você está inaugurou. Espero que meu comentário alimente ainda mais a sua, e faça com que você vá ler e comentar suas observações preguiçosas e vazias em outros sites…
caro Julio, e mau alcantara…tanta preguiça se deu por esse discurso, de falou, nao falou, mas o dinheiro esta no bolso, o discurso seria verdadeiro se rasgassem aquele cheque no palco, aà talvez teria algum valor, tenho preguiça sim, de falsos intelectualoides, assisto sim Teatro, gotei muito de in on it, gostos das peças da cia clowns de shakespeare, gosto do Trabalho do antunes ( e vejo), não sou contra o teatro experimental, contemporaneo, ou sei la como chamam, mas sou contra um teatro de mentira,um teatro feito para si, se critico da folha gosta de alguma peça eu nem vou, porque deve ser um saco….gosto muito dos comentarios da bacante, apesar de os achar radicais algumas vezes, mas opinião é opinião, e respeito é respeito…opinei sobre o fato do texto, que realmente me da muita preguiça, o que nao tira o direito deles de fazer o que quiserem, o grupo pode ser bom, pode ser honesto em suas convicções, mas nao foram felizes nessa ação, não pela ação em si, mas por contradize-la ao aceita-la…boa noite a todos!
O Carlos Alberto me deu muita preguiça.
Desperdiçaram 1 litro de óleo!