Funarte ocupada 2011: é hora de perder a paciência!
A manifestação começou ontem (25/7), às 14h, mas o trabalho na articulação dos trabalhadores da cultura é antigo e, mais do que isso, cotidiano. As pautas apontadas pelo Manifesto dos trabalhadores da cultura traz questões já amadurecidas pelos movimentos e inclusive já discutidas com o governo em outras ocasiões. Mas, segundo o movimento, acabou paciência para um diálogo sem frutos e que mantém a cultura com pouco investimento e este pouco investimento concentrado na mão de empresários, com algumas migalhas para os trabalhadores aqui e ali por meio de editais instáveis.
A ocupação foi bem recebida pelos funcionários da Funarte com um “a casa é de vocês”. E o movimento decidiu aceitar o convite cordial.
Um dos principais motes da ocupação da Funarte em 2011 é a união não mais dos trabalhadores do teatro, mas a união de todos os trabalhadores da cultura. E, junto ao “trabalhadores da cultura é hora de perder a paciência”, há agora o grito “vem pra Funarte você também, vem!”, porque o ridÃculo do capitalismo pede para ser tratado com humor.
Acompanhe o andamento da ocupação no Cultura Já, agora sendo atualizado de dentro da Funarte: http://www.culturaja.com/
Veja também no Youtube os vÃdeos realizados por coletivos teatrais de São Paulo a partir das pautas do manifesto no canal MTC – Cultura Já: http://www.youtube.com/user/mtcculturaja
E leia você mesmo o manifesto:
Manifesto dos Trabalhadores da Cultura
Trabalhadores da Cultura, é hora de perder a paciência!
O Movimento de Trabalhadores da Cultura, aprofundando e reafirmando as posições defendidas desde 1999, em diversos movimentos como o Arte Contra Bárbarie, torna pública sua indignação e recusa ao tratamento que vem sendo dado à cultura deste paÃs. A arte é um elemento insubstituÃvel para um paÃs por registrar, difundir e refletir o imaginário de seu povo. Cultura é prioridade de Estado, por fundamentar o exercÃcio crÃtico do ser-humano na construção de uma sociedade mais justa.
A produção artÃstica vive uma situação de estrangulamento que é resultado da mercantilização imposta à cultura e à sociedade brasileiras. O Estado prioriza o capital e os governos municipais, estaduais e federal teimam em privatizar a cultura, a saúde e a educação. É esse discurso que confunde polÃtica para a agricultura com dinheiro para o agronegócio; educação pública com transferência de recursos públicos para faculdades privadas; incentivo à cultura com Imposto de Renda doado para o marketing, servindo a propaganda de grandes corporações. Por meio da renúncia fiscal – em leis como a Lei Rouanet – os governos transferiram a administração de dinheiro público destinado à produção cultural, para as mãos das empresas. Dinheiro público, utilizado com critérios de interesses privados. PolÃtica que não amplia o acesso aos bens culturais e principalmente não garante a produção continuada de projetos culturais.
Em 2011 a cultura sofreu mais um ataque: um corte de 2/3 de sua verba anual. De 0,2% ou 2,2 bilhões de reais, foi para 0,06% ou 800 milhões de reais do orçamento geral da União em um momento de prosperidade da economia brasileira. Esta regressão implicou na suspensão de todos os editais federais de incentivo à Cultura no paÃs, num processo claro de destruição das poucas conquistas da categoria. Enquanto isso, a renúncia fiscal da Lei Rouanet não sofreu qualquer alteração apesar das inúmeras crÃticas de toda a sociedade.
Trabalhadores da Cultura é HORA DE PERDER A PACIÊNCIA: Exigimos dinheiro público para arte pública!
Arte pública é aquela financiada por dinheiro público, oferecida gratuitamente, acessÃvel a amplas camadas da população – arte feita para o povo. Arte pública é aquela que oferece condições para que qualquer trabalhador possa escolhê-la como seu ofÃcio e, escolhendo-a, possa viver dela – arte feita pelo povo. Por uma arte pública, tanto nós, trabalhadores da cultura, como toda a população em seu direito ao acesso irrestrito aos bens culturais, exigimos programas – e não programa único – estabelecidos em leis com orçamentos próprios. Exigimos programas que estruturem uma polÃtica cultural contÃnua e independente – como é o caso do Prêmio Teatro Brasileiro, um modelo de lei proposto pela categoria após mais de 10 anos de discussões. Por uma arte pública exigimos Fundos de Cultura, também estabelecidos em lei, com regras e orçamentos próprios a serem obedecidos pelos governos e executados por meio de editais públicos, reelaborados constantemente com a participação da sociedade civil organizada e não dentro dos gabinetes. Por uma arte pública, exigimos a imediata aprovação da PEC 236, que prevê a cultura como direito social, e também imediata aprovação da PEC 150, que garante que o mÃnimo de 2% ( hoje, 40 bilhões de reais) do orçamento geral da União seja destinado à Cultura, para que assim tenhamos verbas que possibilitem o inÃcio de um tratamento devido à cultura brasileira.
Por uma arte pública, exigimos a imediata publicação dos editais de incentivo cultural que foram suspensos, e o descontingenciamento imediato da já pequena verba destinada à Cultura. Por uma arte pública, exigimos o fim da polÃtica de privatizações e sucateamentos dos equipamentos culturais, o fim das leis de incentivo fiscal, o fim da burocratização dos espaços públicos e das contÃnuas repressões e proibições que os trabalhadores da cultura têm diariamente sofrido em sua luta pela sobrevivência. Por uma arte pública queremos ter representatividade dentro das comissões dos editais, ter representatividade nas decisões e deliberações sobre a cultura, que estão nas mãos de produtores e dos interesses do mercado.
Por uma arte pública, hoje nos dirigimos a Senhora Presidenta da República, Dilma Rousseff, ao Senhor Ministro da Fazenda e à s Senhoras Ministras do Planejamento e Casa Civil, já que o Ministério da Cultura, devido seu baixo orçamento encontra-se moribundo e impotente. Exigimos a criação de uma polÃtica pública e não mercantil de cultura, uma polÃtica de investimento direto do Estado, que não pode se restringir à s ações e oscilações dos governos de plantão. O Movimento de Trabalhadores da Cultura chama toda a população a se unir a nós nesta luta.
Breve narrativa, sob outro ponto de vista, de um ex-integrante da bacante; e a crÃtica do manifesto:
Na esquina da Al. Notthingham há uma mini cracolândia; a degeneração humana é tamanha que ou apelamos para o embrutecimento absoluto ou temos nossos estômagos retorcidos e nossa razão revirada em incompreensão revoltante. Duas quadras abaixo 200 seres autodenominados “artistas” gritam suas palavras de ordem. Em meio aos descontentes transitam prostitutas bêbadas, expondo, passo por passo, a humilhação coisificada de suas vidas.
A imagem da contradição é a imagem ridÃcula da “Luta” pela “arte” à s portas da funarte.
A pauta é simples, crÃtica a uma polÃtica de governo que não privilegia um fomento estatal à s “artes” e que não intercede contrariamente a velhos procedimentos que vinculam incentivo cultural à renúncia fiscal. Para tanto, os “artistas verdadeiros” (outsiders do mercado) precisam justificar a relevância de sua atividade. Aà começa a esquizofrenia.
Para decretar, em abstrato, a necessidade de financiamento público à s suas atividades recorrem a uma construção de valores positivando uma espécie de “arte pública” (que soa quase como “arte pura” na boca dos oradores do protesto, pois livre de interesses mercadológicos etc). Contudo, a mistificação da arte, como algo em si mesmo, como algo sublime, necessário, essencial, “insubstituÃvel”, “construtor de imaginário de um povo (!)”, é a volta ao idealismo burguês, o retorno abstrato à velha elevação do conceito em abstrato. Quando a luta principal deveria ser, todo o tempo, pelo fim da arte como tal! Jamais pela continuidade de uma atividade que, tal qual instituÃda, apenas cimenta IDEOLOGIA dominante (sejam aquelas deliberadamente mercadoria, sejam as que fingem em utópico romantismo que “arte não é mercadoria”)!
Para justificar uma luta – necessária – por mais grana (essa é a questão, pra que ninguém se iluda) recorre-se aos conceitos ideológicos (em contraponto aos mercadológicos) burgueses que definem arte. Assim, a imagem é a de um triste dom quixote atacando com afinco o Estado burguês usando como armas a velha mistificação ideológica que, atualmente, o próprio Estado burguês já abdicou. Hoje o Capital não necessita mais de véu ideológico nenhum, afirma-se nua e cruamente; ao erguer as bandeiras por uma arte “essencial” os artistas parecem lutar pelos velhos valores ideológicos que outrora fingiam determinar a conduta do capital.
A luta por verbas deveria ser pragmática e só negativa – a crÃtica a polÃtica empresarial e enxameada do lobby de produtores. Não há nada a ser positivado. Ao sublinhar entusiasticamente em abstrato “nossa” atividade de artistas, só propagandeamos – de maneira ridÃcula – uma instituição burguesa que constrói ideologia. (a imagem absurda disso deu-se quando dois jovens, no palco do protesto, cantaram “ideologia” do Cazuza, em suas palavras “o maior poeta brasileiro”)
A crÃtica ao capitalismo tem de ser feita na construção produtiva de cada grupo, de modo que construam uma arte que trabalhe pelo seu fim. Pois toda e qualquer arte que se pretenda revolucionária só pode (e deve) trabalhar pela sua extinção como valor universal e atemporal.
Só existem “artistas”, ou trabalhadores da cultura, na empresa do capital. Defender tal status é o mesmo que defender tal empresa.
No protesto havia um caminhão locado pelos organizadores, nele 4 ou 5 trabalhadores que cuidavam de sua estrutura, durante o evento eles riam debochando daquilo tudo ou dormiam em algum canto. Ouso dizer que a sabedoria popular, construÃda da necessidade diária, ensinou-os a reconhecer com um mÃsero olhar aquilo que não faz a menor diferença…
Por fim, me intrometo a criar um novo verso no poema que a Brava Cia. leu no evento:
“Não haverá cultura, tampouco arte, quando os trabalhadores perderem a paciência”
um abraço
Oi, Paulo.
Bem-vindo!
Com relação ao “outro ponto de vista”, o ponto de vista exposto neste curto post é o ponto de vista que interpretamos ser o dos manifestantes. Não se trata, ainda, de um post analisando o movimento, mas contando o que vimos e o que ele diz defender. Para isso, fizemos uma introdução e demos as fontes diretas para quem quiser saber pelo quê e com quais argumentos se manifestam estes trabalhadores. (Com isso não digo – claro que não! – que o post seja neutro, só deixo claro que não se trata de uma análise; diferentemente do seu comentário, aà sim uma análise e um ponto de vista)
Neste caso, acho que a sua discussão é com o próprio movimento e seria ótimo que os trabalhadores deste movimento pudessem te responder ponto a ponto.
De minha parte, preferi esperar o andamento das ações para avaliá-las – até porque não é simples definir as motivações e consequências de um movimento múltiplo, enfim. Por isso, fizemos este post somente porque achamos que seria importante espalhar as informações sobre o que ocorre na manifestação.
Mas como você começou, me arrisco junto com você. Então, quanto aos seus pontos, mais diretamente, pelo que pude observar ontem por lá, vejo que há no seu discurso algumas deduções perigosas, no sentido de tentar encaixar os outros e as ideias dos outros aos seus propósitos argumentativos. Só pra dar um exemplo, dizer que positivar uma arte pública (isso acho um tema relevante pra pensar e discutir) é equivalente a utilizar ou propagar a “mistificação da arte, como algo em si mesmo” é um salto que não pode ser deduzido da pauta dos manifestantes, nem do comportamento de alguns indivÃduos, embora seja importante para legitimar a sua crÃtica. Ninguém ali fala da arte mistificada, nem como um valor em si mesmo, muito ao contrário, fala-se de uma arte com sentido público, isso, a meu ver, é o oposto de arte com valor por si própria. A arte como algo em si mesmo jamais levaria em conta modos de produção especÃficos, por exemplo.
No primeiro parágrafo, acho a imagem um pouco forçada, não? Em todo caso, se você escolheu esse viés, ok, vejamos somente o que vem a seguir: “A imagem da contradição é a imagem ridÃcula da “Luta†pela “arte†à s portas da funarte”. Acho que isso é interpretação e não proposição dos manifestantes. A luta não é pela “arte”, é por financiamento para a cultura e, mais do que isso, pela determinação pública e não privada dos destinos deste financiamento.
“Para tanto, os “artistas verdadeiros†(outsiders do mercado) precisam justificar a relevância de sua atividade.” Também não tenho certeza de que esta movimentação tem como finalidade justificar a relevância da atividade artÃstica de alguns poucos grupos. Acho que não. Acho que o que está sendo defendido é a relevância da cultura e da necessidade de programas contundentes de incentivo.
“uma espécie de “arte pública†(que soa quase como “arte pura†na boca dos oradores do protesto, pois livre de interesses mercadológicos etc).” Pra mim não soa como “arte pura”.
“Quando a luta principal deveria ser, todo o tempo, pelo fim da arte como tal! Jamais pela continuidade de uma atividade que, tal qual instituÃda, apenas cimenta IDEOLOGIA dominante (sejam aquelas deliberadamente mercadoria, sejam as que fingem em utópico romantismo que “arte não é mercadoriaâ€)!” Te parece realmente que toda a arte esteja cimentando a ideologia dominante? Eu não vejo isso em boa parte destes grupos. E, ainda que fosse assim, acho que a luta pelo fim da arte como tal, como valor em si, passa pelo desenvolvimento de polÃticas públicas que fomentem outra arte, que deixem de investir na arte “como valor em si”.
“Para justificar uma luta – necessária – por mais grana (essa é a questão, pra que ninguém se iluda)” Pra que ninguém se iluda? Logo, o que você diz que é a questão é a questão, qualquer outra questão apontada será, automaticamente, ilusão. Posso ser ingenua, mas me parece que a questão é grana sim, mas é, SOBRETUDO, como se direciona esta grana, quem decide sobre isso e, finalmente, o que essa grana pode ou não gerar de valor cultural de fato.
“A luta por verbas deveria ser pragmática e só negativa – a crÃtica a polÃtica empresarial e enxameada do lobby de produtores.” É engraçado determinar o que deve ser a luta sem ser parte dela ou de sua construção coletiva. De todo modo, me parece que isso está fortemente presente nas reivindicações: a crÃtica ao lobby do produtores e à renúncia fiscal.
“(a imagem absurda disso deu-se quando dois jovens, no palco do protesto, cantaram “ideologia†do Cazuza, em suas palavras “o maior poeta brasileiroâ€)” – te daria uma lista de imagens que vi e que têm sentido de resistência e de uma luta de trabalhadores pulsante, mas você deve ter visto tantas quanto eu, só escolheu falar dessa porque compõe o argumento. Também acho a imagem absurda, porque ingenua diante do movimento em si, no entanto, não me parece honesto deslocá-la sozinha como representativa do todo.
“A crÃtica ao capitalismo tem de ser feita na construção produtiva de cada grupo, de modo que construam uma arte que trabalhe pelo seu fim. Pois toda e qualquer arte que se pretenda revolucionária só pode (e deve) trabalhar pela sua extinção como valor universal e atemporal.” Interessante. Acho que boa parte dos grupos que estavam ali fazem exatamente isso em seu cotidiano. O que você acha? E também acho que fazer isso requer grana, minimamente, ou a construção produtiva de cada grupo não tem condições de se realizar.
“Por fim, me intrometo a criar um novo verso no poema que a Brava Cia. leu no evento:
“Não haverá cultura, tampouco arte, quando os trabalhadores perderem a paciência— Por fim, me intrometo a me intrometer no seu novo verso: “não haverá cultura – tal como está -, tampouco arte – tal como está -, quanto os trabalhadores perderem a paciência e propuserem novas formas e fazeres e compartilhamentos de cultura e de arte”. (Opa, ficou feio o verso, perdeu o ritmo) E como caminhamos para esta outra cultura, esta outra arte? Negando as vias atuais… e propondo o quê?
É bom discutir publicamente com você.
Beijos,
Juli =)
Oi Juli,
eu acho esquisito esse jeito de resposta, pois parece que vc tá só desconstruindo o argumento de forma descontextualizada (pois não associa as partes que critica). No mais, não consegui compreender qual seu ponto de vista sobre a coisa para além de buscar desconstruir o meu. E também não consegui compreender claramente qual sua opinião diante do que escrevi, do debate que tentei colocar, apenas parece que você buscou corrigir (com ar um tanto quanto professoral) e apontar supostos equÃvocos no meu texto.
De modo que eu não sei bem como continuar a discussão sem cair numa coisa chatÃssima que seria responder a cada um dos seus apontamentos pontuais, e isso, no meu entender, vai criando um nÃvel de fragmentação da coisa até que o objeto desaparece completamente e, no fim, acabamos não discutindo mais nada apenas disputando retórica.
talvez então valha mais a pena falarmos pessoalmente etc.
Contudo, fiquei curioso pra saber teu ponto de vista, tuas opiniões, tua avaliação etc.
(aliás, qnd escrevia eu lembrei muito daquele teu texto super irônico sobre um ato do movimento – acho q no dia do teatro – q o paulo arantes falou etc.)
Beijos
Esse texto aqui Juli: http://www.bacante.org/especial/manifestacao-dia-do-teatro-2008/
que acho excelente, aliás (um dos melhores textos da bacante)
Veja, principalmente, o último parágrafo.
beijos
Paulo! Não consigo tempo pra responder como queria! Mas amanhã faço questão de seguir o diálogo e pontuar melhor minha opinião, posição, minhas impressões.
Por enquanto, no sentido do olhar crÃtico necessário voltado ao movimento, talvez você já tenha visto, mas acho legal registrar aqui o link da fala da Iná na plenária a Funarte: http://www.culturaja.com/noticias/fala-de-ina-camargo-em-plenaria-2672011/
Mais temas para debater…
Bjos,
Juli =)
O site do Minc está sob censura!!!!
Simplesmente não publicam minhas postagens de apoio à ocupação da FUNARTE em SP.
O site do Minc é um espaço público que Ana de Hollanda e sua turma estão transformando num simples veÃculo de propaganda.
Pela ocupação do site do Minc. Vamos todos blogar lá.
Vladimir,
Obrigada pela informação! Isso é, sim, um absurdo! Em pensar que o site do Minc é uma referência foda, construÃdo em software livre, etc… Bora lá forçá-los a nos publicar!
Paulo,
Reli o texto do Dia do Teatro. É importante observar que são movimentos diferentes, só pra constar. Mas acho que a fala do Paulo Arantes foi realmente muito importante lá; assim como a da Iná agora. Acho que a complexidade que há em exigir do Estado burguês dinheiro para manutenção de um teatro que o nega é conhecida pelos movimentos de teatro e pelos coletivos que estavam lá. Precisamos pensar para onde ir a partir desta reflexão… existir, acho que ela já existe, já está sendo considerada…
Quanto as minhas opiniões, posições, etc… foi tentar reformular, mas acho que elas já estão no meu outro comentário, sim… Resolvi separá-las dos reparos que fiz ao seu texto (não era pra terem tom professoral… e tom professoral é um pouco interpretação, né?), pra quem sabe ficarem mais claras:
1. Ninguém ali fala da arte mistificada, nem como um valor em si mesmo, muito ao contrário, fala-se de uma arte com sentido público, isso, a meu ver, é o oposto de arte com valor por si própria. A arte como algo em si mesmo jamais levaria em conta modos de produção especÃficos, por exemplo.
2. A luta não é pela “arteâ€, é por financiamento para a cultura e, mais do que isso, pela determinação pública e não privada dos destinos deste financiamento
3. Também não tenho certeza de que esta movimentação tem como finalidade justificar a relevância da atividade artÃstica de alguns poucos grupos. Acho que não. Acho que o que está sendo defendido é a relevância da cultura e da necessidade de programas contundentes de incentivo.
4. Pra mim [arte pública] não soa como “arte puraâ€.
5. Acho que a luta pelo fim da arte como tal, como valor em si, passa pelo desenvolvimento de polÃticas públicas que fomentem outra arte, que deixem de investir na arte “como valor em siâ€.
6. Acho que fazer isso [fazer a crÃtica ao capitalismo na construção produtiva de cada grupo] requer grana, minimamente, ou a construção produtiva de cada grupo não tem condições de se realizar.
Acho que é isso que eu acho… rs Coincidentemente, a maioria dos trechos que eu separei começam com “acho”. Enfim.
Bjos,
Juli =)