Mapeamento eternamente em constrṳ̣o РBate-papo com a Cia Tapete Cria̵̤es C̻nicas

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Cia Tapete Cria̵̤es C̻nicas РṢo Luis РMA
Representante: Robson Diniz

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

Por sorte e diferentemente da maioria das companhias da cidade, nós temos uma sede, isso é muito favorável e não dá pra imaginar como seria não tendo esse espaço, onde a gente está freqüentemente dando continuidade a nossa pesquisa e, sobretudo, tentando criar coisas possíveis pra realmente viver de teatro. A sede era do governo, é uma casarão antigo e que foi cedido, mas que nada garante que a gente vai continuar lá, porque de repente eles podem resolver mandar embora, sem argumentos. Assim, existe um crédito, a companhia é uma referência na cidade e isso é um peso muito grande pra reivindicar e fazer valer o direito de permanência porque a gente produz constante. E tem muitos outros casarões abandonados, por exemplo, que outros companheiros ainda não podem ter acesso, não fazem uso. E aí a gente vive uma luta constante, todo mundo vive de arte – não especificamente de teatro, nem especificamente da companhia porque isso realmente é muito difícil, mas a gente vem buscando mesmo arduamente, é um desejo, uma utopia, mas é o que a gente quer muito efetivar e a gente tem se dedicado muito pra isso, buscando por vários meios, captação de recursos, ser contemplado em editais que favoreça esse suporte financeiro, porque realmente é muito difícil, ainda mais numa cidade pequena como São Luis, onde tudo é muito difícil, está em processo, em desenvolvimento, a nível cultural, a nível de turismo, então é muito complicado, tem muitas questões que são implicadoras nesse processo, mas a companhia trabalha profissionalmente nesse sentido buscando realmente todos os meios possíveis, Rouanet, editais a nível nacional, no Estado não tem, é muito eventual, em casos muitos específicos. Bilheteria é bem difícil, quando faz a temporada, por exemplo, a gente acaba custeando, apostando, mas correndo o risco de não ter o retorno e é realmente muito difícil porque tem um valor máximo possível pra nossa platéia, que seria em torno de dez reais, meia para estudante. E é muito difícil. E aí, obviamente, pra alguns projetos, alguns trabalhos específicos, se cria estratégias de parcerias com grupos pra garantir pelo menos o custeio das despesas investidas.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

A Tapete vem procurando a partir das próprias necessidades da companhia, criar estratégias e mecanismos que dêem suporte pro movimento, pra classe como um todo, por exemplo, a gente tem alguns eventos que estão se tornando anual, tem sido muito difícil porque poucas companhias têm uma sede, têm esse trabalho continuado e por conta disso também acontece que muitas companhias… por exemplo, nós não temos um piso pra cachê pra determinadas apresentações e essas companhias que se reúnem pra fazer essas montagens eventuais e não têm um trabalho continuado, elas, por exemplo, se propõem a fazer espetáculos com valores muito baixos e fazem com que pra gente que tem essa dedicação pelo trabalho seja exorbitante, seja surreal cobrar determinado valor por um cachê e tem várias questões por trás. Tem sido uma luta nossa fazer com que os grupos se articulem e entendam a necessidade de juntos fazer com que os contratantes, seja empresas privadas ou mesmo lojas, possam compreender que existem várias questões que precisam ser levada em consideração. E em relação ao espaço, nossa sede fica bem no centro histórico, então sobretudo por conta dessa busca de apoio nos mais diversos meios… de conseguirmos ser contemplados em um projeto de manutenção de grupo, a gente vem criando com muita freqüência trabalhos possíveis de serem apresentados na rua, a gente na verdade sempre apresenta na rua, criando uma dinâmica… Tanto que nossa sala de treino, nossa sede, tem servido pra outras companhias apresentarem trabalhos, cobrando bilheteria a custo baixo, pra realmente dinamizar pra tornar não só o nosso espaço mais freqüentado e mais dinâmico, como também o próprio centro histórico onde a sede está inserida.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Eu acho que uma coisa bem determinante é que – sobretudo por conta da nossa pesquisa – a gente vem procurando a valorização e a preservação da nossa identidade. No que diz respeito a nossa pesquisa a gente bebe em vários mestres, várias pessoas, mas a nossa base vem dali: do que nós temos, do que nós somos. E isso tem nos ajudado a entender quem nós somos e o que pretendemos, o que buscamos. Eu acho que isso é um fator bem peculiar da companhia no sentido da valorização da nossa identidade cultural.

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