Mapeamento eternamente em construção – Bate-papo com o grupo Língua de Trapo

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    1 comentários

Língua de Trapo – Macapá – AP
Representante: Disnei Silva

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

O grupo trabalha com a Federação de Teatro, a maioria dos grupos é financiado através projetos da Federação de Teatro no Amapá e, particularmente, cada grupo tem seu trabalho. Nós, por exemplo, trabalhamos com bilheteria, e no caso específico do Língua de Trapo tem trabalhos que conseguem sustentar o grupo: nós temos um espetáculo que tem 18 anos de sucesso lá, então com esse trabalho a gente consegue subsidiar outras atividades e consegue ajudar na renda dos atores, dos produtores, do pessoal lá com esse espetáculo, tem 18 anos e todo mês ele vai a cartaz duas ou três vezes. O dinheiro da Federação é para projetos que a Federação… Por exemplo, ela encampa todo trabalho que é necessário teatro pro governo, por exemplo, nós participamos de todos os eventos do governo, da prefeitura como aniversário da cidade, natal, semana santa, que são projetos, então encampa todo mundo, nós temos lá a ExpoFeira que a gente coloca teatro na ExpoFeira e beneficia todos os grupos. Então a gente vem trabalhando nesse sentido, fora os outros projetos da Federação, como o Pé na Estrada que é um projeto de circulação dentro do próprio estado e os festivais que a Federação faz. Inclusive agora em março nos vamos ter um festival nacional.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

Quanto à questão do trabalho do grupo, na maioria dos grupos a gente basicamente é forçado a fazer alguma coisa de identidade da região, embora no meu grupo específico a gente tenha um trabalho que tem a ver com a região e o resto a gente investiga cultura universal, teatro universal que a gente pudesse sair do Amapá e levar pra qualquer outro canto e as pessoas entendessem, porque geralmente os espetáculos quando ficam muito localizados eles servem como espetáculo didático e geralmente não servem pra você ganhar dinheiro, pra ter bilheteria, então nós nos preocupamos muito com isso. Nós temos, logicamente, dentro do linguajar que a gente usa, as expressões do Amapá, então onde a gente foi, levou nosso espetáculo, a gente manteve esse linguajar, então acho que isso é uma identificação, mas tem grupos lá que trabalham especificamente com a questão cultural do local, com a identificação da região e a gente tá nesse contexto, acho que todo o trabalho dos grupos tá nesse contexto amazônico.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Bom, o que une são lideranças, com certeza lideranças. Cada grupo lá tem uma liderança forte, que é o pilar do grupo. Os grupos… Não adianta você achar que os grupos se sustentariam… Você tem que ter um pilar que é a questão da pessoa que faz a produção, a pessoa que organiza tudo, entendeu? A pessoa que distribui as tarefas e que faz as tarefas serem cumpridas. No meu caso, por exemplo, o trabalho do Língua de Trapo quem faz sou eu, que vai desde o texto até a questão da direção, entendeu? Então é uma coisa que fica difícil porque o grupo já tem 30 anos funcionando nessa perspectiva e olha que nós somos 22 pessoas e a gente consegue manter esse núcleo e a gente amplia quando precisa de elenco, e a gente vai continuando. Tem logicamente as dissidências todas que acontecem de saírem um, dois, aí voltam depois, tem as brigas naturais.

РMas e se voc̻ sai?

Aí complica. Aí eles têm certeza que complica porque… É o grupo… Eu sou o fundador do grupo e tô nessa história a mais de 30 anos, então tem toda essa coisa, mas é difícil sair porque tem toda a questão de respeito ao trabalho. Mas na verdade o fator agregador é a liderança dos grupos, não só no meu como em vários outros tem as figuras principais, você fala: “ó, Grupo Língua de Trapo”, você já sabe que é o Dislei, que sou eu, aí você fala “Companhia Viva de Teatro”, aí você acha o Guiga, então cada grupo tem o nome que é vinculado, você falou no grupo, fala logicamente no nome da pessoa que com certeza se deixar de existir por qualquer razão, o grupo, se não acabar, tem uma queda grave.

'1 comentário para “Mapeamento eternamente em construção – Bate-papo com o grupo Língua de Trapo”'
  1. Claudio Mais Danado disse:

    O nome do entrevistado é “Disnei”, mas, pode chamar também de “CAPÃO” que ele atende. Se quiserem saber o motivo do apelido é só perguntar para ele. Parabens pelo trabalho.

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