Mapeamento eternamente em constrṳ̣o РFator agregador

Especial   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?


Cia 4compalito – Belo Horizonte – MG
Representante: Júlio Vianna

Essa é uma boa pergunta, ontem inclusive no grupo de discussão a gente conversou sobre isso. Não é uma pergunta muito fácil, é uma das questões, mesmo. Eu vou tentar agora pensar sobre isso, porque eu não tenho uma resposta, até porque existe uma questão muito pessoal e individual, cada um tem um motivador. Se a gente pensar em termos de chão, base, tem o desejo óbvio de fazer teatro, mas fazer teatro coletivamente. O diferencial pra mim é existir uma continuidade, isso já muda tudo, uma continuidade de convívio, de crescimento artístico, estético, avanço e desenvolvimento ético também, do que a gente acredita, o que a gente quer fazer, o que a gente tá fazendo, por que a gente tá fazendo isso. Quando se trabalha em grupo essa discussão ela é contínua, ela não pára, né? Mesmo que às vezes você não fale diretamente sobre isso, mas você tá falando indiretamente sobre isso o tempo todo. E essas pequenas conquistas como uma sede, um espaço seu, começar a ter um reconhecimento das pessoas do seu trabalho, começar a ter um referencial bacana, ter feedbacks, positivos, negativos, mas trocando o tempo todo com o que as pessoas pensam, porque você tá mexendo com o público. Eu acredito que isso é muito mais possível, a possibilidade de isso acontecer é muito maior com um coletivo trabalhando do que com ações isoladas, como produções, porque numa produção as pessoas acabam vinculadas a um outro desejo, mesmo que seja você que esteja puxando o carro chefe da produção, porque aí é um desejo seu e as pessoas têm que ir te seguindo. E no coletivo, não, não tem como acontecer isso, sempre a questão é do grupo. Eu acho que isso é a diferença. Eu particularmente sempre quis ter um grupo, nunca me vi trabalhando em produções isoladas, praticamente nunca trabalhei, só bem no início da minha carreira profissional, nunca me interessei por isso, sempre quis desenvolver algo coletivo.

Grupo de Teatro AE – Cruzeiro do Sul – AC
Representante: Edinilson Ney de Souza

Uma grande necessidade de Cruzeiro do Sul de ter um ato político desse tipo. Por isso que o grupo de teatro AE existe.

Coletivo Alfenim РJọo Pessoa РPB
Representante: Márcio Marciano

Eu acho que a perspectiva de formação de um olhar comum… Até porque as perspectivas são muito díspares. A história do teatro paraibano ela é uma e como as pessoas lá da Paraíba se inserem dentro da história, é uma coisa que… a minha chegada tá servindo como um processo de auto-reconhecimento deles e isso pra mim tá sendo interessante porque eu também tô me revendo a partir do olhar deles. Eu acho que esse é o fator agregador, porque a gente está criando uma perspectiva comum a partir da nossa diferença, porque são duas experiências muito díspares. Então eu acho que o primeiro espetáculo aponta uma possibilidade de um olhar comum que deve se desenvolver agora nesse segundo espetáculo.

Grupo de Teatro Arte e Fatos da Universidade Católica de Goiás – Goiânia – GO
Representante: Danilo Alencar

A persistência e a paixão. Eu estou à frente do grupo há 21 anos e temos, através do resultado dos trabalhos, demonstrado isso, não só local, no município, como no âmbito nacional, às vezes até internacional e a seriedade do trabalho, isso acaba respaldando e a ressonância é muito grande e a comunidade local e fora da cidade tem um entendimento dessa ressonância pelo resultado, né? A seriedade. São mais de 21 anos de trabalho, mantendo sempre uma linha coesa, isso não é de absolutismo, mas de muita responsabilidade, muita seriedade no trabalho.

Grupo Bagaceira de Teatro – Fortaleza/CE
Representante: Démick Lopes

Bom… Às vésperas de completar dez anos isso é colocado em xeque. A gente vive o tempo todo em crise, se reavaliando… Redescobrindo inclusive isso: o que é que nos une? Quais são as pontes em comum…? Tanto que o próximo espetáculo do grupo ele vem na proposta de ser um processo colaborativo, que a gente visa horizontalizar as relações entre dramaturgia, direção e atores, porque até então vinham com propostas mais fechadas… A gente tem uma característica de ser autoral, então tem um dramaturgo no grupo, que assina os textos do grupo, que é o Rafael Martins e o Yuri Yamamoto normalmente assina as direções do grupo. Nessa nova montagem devido a alguns anseios de alguns integrantes do grupo, talvez por não serem contemplados em nenhuma outra montagem, optou-se por fazer um processo colaborativo. Então a gente vai descobrir inclusive essa forma de contemplar, então a gente fez… E como é que se deu esse trabalho pra descobrir que todo mundo queria fazer um processo colaborativo? O grupo fez um trabalho de entrevistas com cada integrante, o que gerou 15 horas de conversar, conduzidas pelo Rafael. O Rafael foi escolhido por todo mundo pra fazer essa condução porque ele… pra ele dar um desenho a essas… E ele seguiu um roteiro de perguntas, tipo um questionário: como se sente no grupo? Que se espera do grupo? Qual seu anseio teatral hoje no momento? Que você busca com o teatro? Tinha coisas bem existenciais… Da profissão e da gente nesse grupo. Então quais são os anseios de cada um fazendo teatro e fazendo teatro de grupo no Bagaceira. Esse é o ponto de partida. A função do Rafael foi juntar os pontos em comum na maioria das falas e dizer: “olha, a gente vê que todo mundo quer falar sobre tal tema; tal tema é muito recorrente”. E tem algumas coisas comuns em todo o grupo, com temáticas como solidão, com angústias do ser humano mesmo, isso é sempre comum. Mas teve pontos que não houve; teve gente que assim: “eu queria falar uma coisa mais verborrágica agora, no próximo trabalho” e aí como é que a gente vai contemplar o interesse dessa pessoa? E ai teve gente que fala “olha, to louco pra fazer teatro de rua, queria muito que o grupo fizesse um projeto de rua” Então é uma forma de democratizar as falas… Às vezes tem uma ideia e briga por ela e só a gente é contemplado, mas quando você escuta todo mundo dá uma certa abertura. É o início pra tentar contemplar o máximo de pessoas possíveis. Claro que nunca vai contemplar tudo nem todo mundo num só projeto, quem faz teatro de grupo sabe que isso é ilusão. Em dado momento certa ideia é contemplado, em segundo momento outra… Mas existe uma abertura muito grande, não tem nada imposto. O Yuri que tem essa característica, que assina a maioria das direções do grupo até hoje, mas nada imposto: “olha vai ser esse texto e a direção é minha” Não, não… Isso tudo é muito discutido. Então muda ao longo do processo, muda varias vezes até achar o que todo mundo quer mesmo. Tem sido assim até agora.

Baião de Dois – Manaus – AM
Representante: Selma Bustamante

Eu acho que, sem falsa modéstia, eu acho que o que agrega o grupo sou eu, de uma certa forma. Porque sou uma pessoa que sou professora lá, que tive uma influência… Que nem você perguntar assim: por que as pessoas então no Ventoforte? Elas podem ter mil motivos, mas quem agrega o Ventoforte é o Ilo Krughi, não querendo me comparar com ele… Eu trabalhei com ele, mas… Eu digo assim, o que agrega o Oficina é o Zé Celso. Então independente de as pessoas procurarem uma ideologia que existe em comum no grupo… Nem todas elas percebem, dentro do meu grupo tem alguns que percebem a diferença que esse grupo tem de outros, e tem algumas pessoas que tão lá, mas elas não percebem naturalmente a diferença e aí eu não acho que é impositiva, eu acho que é uma coisa que você tem uma formação dentro do grupo pra que as pessoas percebam a diferença do grupo e queiram também segurar e se saírem pra outros lugares levarem isso na mente.

Grupo Beira de Teatro e Coletivo Atores a Deriva – Natal – RN
Representante: Henrique Fontes

Eu acho que no Beira de Teatro, inicialmente, era a vontade dessas pessoas de estarem juntas, por uma diversidade de pensamento, somos de áreas bem diferentes, temos músicos, cientistas sociais, atores e diretores de formação, mas essa diversidade e o duelo desses pensamentos é que acho que constituiu o grupo e que trouxe uma força também pra cena. O Atores a Deriva foi uma confluência de pessoas que se gostavam muito e se encontraram ao longo de vários processos criativos e a gente via que também era uma diversidade interessante, mas com um ponto comum, então quando eu propus o texto, que o nascimento do coletivo foi através desse texto que a gente queria montar, acho que foi um momento muito feliz, da gente encontrar essa diversidade de linguagens até, mas com um objetivo comum muito certo que era explorar nossos limites e transpor essas linguagens, não se prender nem ao dramático, nem ao lírico, nem ao épico, nem ao que quer que seja, mas misturar isso tudo e transpor, acho que o desafio foi bem esse. E acho que o afeto… nos dois grupos eu acho fundamentais os afetos, o que nos afeta e como nós afetamos uns aos outros. E isso passa por várias crises, vários movimentos internos. Mas isso tudo eu acho que é muito agregador, mesmo as crises, mesmo as desavenças e as diferenças.

Boa Companhia РBaṛo Geraldo РCampinas РSP
Representante: Eduardo Osório

Com certeza tem mais de um fator, não sei eu vou conseguir falar nenhum deles direito. Na verdade, isso tá dentro do nosso encontro aqui do Próximo Ato que é: o que faz a gente estar junto? E, no início, é a coisa do encontro, daquele grupo, no caso da Boa Companhia os “bons companheiros” e a vontade de estar criando alguma coisa e com o tempo isso vai se depurando e vai virando algo a se dizer mais objetivamente. Logo depois, tem uma frase que é do Moacir, um dos integrantes da Boa Companhia, Moacir Ferraz, ele fala que ele começou a fazer teatro pra mudar o mundo e hoje ele faz teatro pro mundo não mudar ele. Então tem um pouco essa qualidade interessante que é essa pequena conspiração que a gente faz, se junta num lugar, organiza um… né… uma… conspiração, baseada em algum texto, algum conceito, alguma imagem ou o que quer que seja e começa a organizar ela pra um dia sair lá fora e atacar, surpreender as pessoas. Eu acho que isso é um fator que une um pouco, porque a partir de um momento você se vê com a necessidade de estar fazendo isso, sabe, de você estar organizando um discurso em cima de alguma linguagem pra falar alguma coisa que você acha importante. E isso é uma resistência, né, em relação ao mundo lá fora, porque a gente acaba, dentro desse grupo tem uma organização que é particular, depende das pessoas que estão lá e dessas individualidades. E tratando-se de arte tem uma hierarquia que não é respeitada, tem uma anarquia necessária pra criação, que a gente não encontra nas outras organizações… grupais, vamos dizer assim. E isso tudo caracteriza uma resistência ao mundo lá fora, sem o qual a gente não estaria fazendo nada, então tem essa força, essa dualidade que é importante. E que eu acho que começa… Porque, por exemplo, a gente tá há 17 anos juntos, hoje em dia a gente já se olha, às vezes em algumas reuniões, percebe-se no olhar da gente, pelo menos eu consigo perceber, isso de “o que é que a gente tá fazendo junto ainda?”, que é muito tempo, a gente já fez muita coisa, já disse muita coisa, e eu acho que uma das coisas que mantém a gente junto é isso, é essa necessidade de encontrar dentro da Boa Companhia a possibilidade de estar se organizando pra fazer essa pequena conspiração, pra manter esse foco de resistência contra as coisas que a gente não acredita, enfim, contra tudo o que a gente acha que tá errado no mundo. (…) A gente sofre até um pouco com isso porque… A gente inclusive tem grupos irmão nesse sentido que é: “como definir a Boa Companhia?”, porque a gente fez um espetáculo muito famoso que foi considerado teatro físico, só que depois disso a gente não fez nenhum outro teatro físico, a gente fez outras coisas, inclusive a gente trabalhou muito com textos do Kafka, mas não seguiu isso… Então a gente já não era mais teatro físico; e a gente já chegou a misturar diretamente dança com teatro, mas a gente não faz teatro-dança, porque se você pega as outras coisas que a gente fez não é teatro-dança; a gente já pegou textos clássico e já montou como o autor escreveu, que foi o caso do Esperando Godot, mas é o único caso nosso, a gente não fez mais outro texto assim. Então, na verdade, é difícil dar linha, ou talvez seja justamente isso que nos identifique, essa pluralidade de buscas diferentes. Como é que eu vou falar isso? Tô pensando no novo espetáculo que a gente tá fazendo… Isso de tentar traduzir, corporalmente, pensando em tempo e espaço, mesmo, o palco, esse espaço simbólico em que você brinca com tempo e espaço, e aí você pega idéias, conceitos… a gente tá fazendo agora um trabalho em cima das primeiras cartas que os jesuítas mandaram quando chegaram ao Brasil pra Portugal, então a gente tá num embate de visões de paraíso diferentes e a possibilidade do paraíso na Terra… Como é que a gente traduz isso cenicamente? Então esse jogo de você musicar o espaço simbólico do teatro, né? O tempo-espaço, essa coisa de você com o corpo desenhar o espaço e com o ritmo propor um tempo pra esse movimento… Como é que se traduz isso do conceito, da idéia, da literatura pro corpo e pro palco? Acho que isso é um pouco o que a gente tenta fazer, mas de novo… Tá todo mundo fazendo isso de certa forma aqui, né? É difícil, eu realmente não tenho uma… Tem uma dificuldade que eu acho que se fala pouco até mesmo aqui no Próximo Ato que eu acho que é: “como a gente se torna um produto se nada nos define?”, isso é um problema pro artista. Então, às vezes, um grupo que trabalha Grotowski, ou sei lá, quem quer que seja, isso não quer dizer, inclusive, que o cara é carola, no sentido de que ele só faz o que o cara mandou, às vezes, o cara subverte tudo, radicaliza naquilo pra subverter aquilo, geralmente são os melhores casos… Aí, às vezes ele consegue uma entrada, um nicho, onde ele vai se encontrar e conseguir encontrar seu espaço ao sol… Mas isso, cada vez mais, inclusive, porque com a comunicação, a informação muito rápida, a gente tem acesso a cursos e a gente que já estudou os grandes nomes do teatro, então a gente já tá querendo ir lá na frente, né?, então é difícil a gente… Como que a gente vai se nomear? Como a gente vai dar cara, vai dizer o que nós somos? Se um cara chegar e falar assim: vocês fazem o quê? Só artista? Só teatro? Não… tem que ter alguma coisa, mas o quê? Isso é muito geral… tem que ser uma coisa mais objetiva, o que que é? Não tem. Porque é um monte de coisas, são forças que se cruzam e que às vezes não dá certo, porque a arte tem esse problema também, dá errado! E ela tem que dar errado! E às vezes é justamente quando dá errado que dá certo! Então, toda essa coisa de como se produzir, como se financiar, e um problema aqui do Próximo Ato: como a gente se identifica como um grupo só, todos os grupos unidos formamos uma massa pra reivindicar alguma coisa se nós somos tão diferentes? E tão diferentes dentro de cada grupo, entre nós atores… Então, eu acredito que a grande força do Próximo Ato é o movimento em si… vai ter um papel que é importante, que tem as indicações, mas o importante é o movimento, é saber que ao contrário do que alguém falou que foi falar com um político e o cara falou: “seu teatro nem tem público e você vem reivindicar coisa pra mim?”, falar, não, espera um pouquinho, não sei quantas pessoas vão vir, podem vir só cinco por sessão, não interessa, mas o que é o movimento é diferente, não só meu grupo, não só essas pessoas, mas as pessoas que trabalham com outros grupos, que movimentam outras pessoas, esse movimento é real e é o importante e não exatamente o que define ele, porque quando você começa a definir a arte geralmente é quando vêm todos os “ismos”, surrealismo, dadaísmo, quando definiram o que era, começou o fim do movimento. Fui longe agora, mas em todo caso: eu não sei o que nos define.

Grupo Carmin de Teatro – Natal – RN
Representante: Giovanna Araújo

Eu acho que o grupo mesmo, a gente se junta, acho que o maior motivo é mesmo essa necessidade de que a gente possa discutir e que a gente possa realizar, trazer pro trabalho as nossas inquietações, mesmo, acho que essa união, a formação desse grupo se segura e se sustenta muito nessa condição da gente poder estar trabalhando com as nossas inquietações. A gente também está experimentando nesse trabalho de montagem do infantil, um trabalho colaborativo entre a gente mesmo, de a gente criar junto e talvez até fazer uma direção colaborativa onde a gente proponha, mas que outras pessoas venham também ajudar, colaborar dessa forma. Mas o principal é que a gente possa estar trabalhando com as nossas próprias inquietações e dizendo tudo o que a gente quer falar ou questionar.

Companhia Carona – Blumenau – SC
Representante: Pepe Sedrez

Este grupo não respondeu à terceira pergunta porque a entrevista foi interrompida.

Cênicas Cia. de Repertório – Recife – PE
Representante: Antonio Rodrigues da Silva Filho

Conteúdo editado pelo grupo, por email.

Olha, eu acho que qualquer grupo, qualquer coletivo define-se por afinidades e elas são tanto afinidades afetivas, quanto afinidades estéticas. Acho que as pessoas que estão ali têm interesses e objetivos comuns voltado à pesquisa desenvolvida pelo grupo. O Cênicas trabalha principalmente a estética do urbano, mas voltada com a linguagem do quadrinho e do desenho animado; É algo que viemos pesquisando há um tempo, não diria que nosso trabalho é só voltado para essa linguagem, mas viemos sempre pincelando nossos trabalhos dentro desse corpo e voz diferenciados, desse estado de corpo diferente que o desenho tem, que o quadrinho imprime. Nos nossos trabalhos temos exemplos mais fortes dessa linguagem em: Neuroses, a Comédia é totalmente baseado nos desenhos animados; na montagem de As Criadas, do Jean Genet, que nos levou pra uma ligação do Genet com o teatro oriental só que buscando relação com a linguagem dos mangás japonês, muita gente falou que essa mistura fosse levar a uma confusão, mas pelo contrario, potencializou a força da obra do Genet e foi uma experiência muito rica para todos. E o nosso último espetáculo, Pinóquio e Suas Desventuras, que foi realizado um trabalho de corpo específico para os atores e, sobretudo, na questão de velocidade e de forma que é peculiar no desenho animado mesmo. Esses são os fatores de união estética, sem contar as nossas afinidades políticas e afetivas.

Chama Viva Cia de Teatro – Palmas – TO
Representante: Cícero Belém Filho

Nós estamos talvez iniciando a superação de uma das maiores crises enfrentadas em vinte anos de existência. Decorrente mesmo da trajetória, da história do grupo, nós tivemos a experiência de ser patrocinados por um período por uma empresa através da Lei Rouanet. Esse momento nos permitiu alçar vôos, experimentar uma forma de produção que a gente ainda não tinha experimentado na região e que eu acho que a gente sonhava como todo grupo de teatro sonha com estrutura, a gente não deixa de sofrer de alguma forma a influência dos modelos de produção do Rio e de São Paulo e a gente tem uma ponte muito forte com o Rio de Janeiro. E o que acontece? A gente experimentou um modelo de produção e no dia que esse patrocínio desapareceu, a gente se viu na mão. Então, a crise está provocando uma reorganização do grupo na sua forma de produção, na sua forma de trabalhar a questão do teatro na região. A crise que nos levou foi financeira, foi de subsistência também, porque pessoas que se dedicavam exclusivamente ao grupo passaram a não ter mais essa estrutura, de certo modo isso afetou as relações, a estrutura interna, e a gente conseguiu manter o núcleo até hoje junto. O teatro conseguiu. A necessidade de fazer teatro naquela região, com as dificuldades mais diversas. Eu acho que as diferenças e dificuldades nos mantiveram unidos, claro que se confrontando diariamente. Nesse momento a gente está discutindo qual é nossa cara, qual é nosso formato de produção: será que a gente não pode ter um formato muito próprio de trabalho? Uma metodologia muito própria de produção que não precise estar espelhada em modelos que talvez não funcionem na nossa região, que é muito carente de recursos, de equipamentos, de material humano?

Clowns de Shakespeare – Natal/RN
Representante: César Ferrario

Interessante. Essa pergunta me leva a reflexão. Que existe, existe. Se não o grupo não existiria, não sobreviveria a todo o seu período de existência: que são 15 anos. Agora, uma das coisas que eu acho que o grupo busca atualmente: é rever, definir, as formas de feitura do seu trabalho. Eu acho que é o artifício, é um grupo de proletários… Então eu acho que a forma do fazer, essa organização coletiva e a reflexão em cima dessa experiência enquanto experiência possível que vai de encontro a um conjunto de mecanismos instaurados, onde você encontra a hierarquização, a verticalização nas relações interpessoais, onde você encontra uma sociedade do individuo, da concorrência… Então acho que o desejo de nadar nesse contra-fluxo, contra essa maré… É uma das coisas, eu acho, que nos mantém juntos, que vai alem do objeto artístico, eu acho que é na própria organização do coletivo. Essa é uma das causas que eu poderia pinçar pra vocês. Agora, outras coisas mais, que vai desde um vínculo afetivo pessoal a um interesse comum por uma determinada estética enfim uma serie de outras coisas. Mas eu acho que o cerne interessante que eu posso apontar da questão agora seria esse.

Teatro do Concreto – Brasília – DF
Representante: Francis Wilker

Eu acho que tem uma perspectiva de trabalho coletivo que é muito forte e um trabalho que expressa também uma consciência social, de entender o lugar do artista como o lugar de alguém também que quer dialogar com o mundo, contribuir pra uma mudança, pra uma reflexão, acho que isso mexe muito com a gente, motiva muito, até por todo mundo ter vindo de experiências e vínculos que foram criados em experiências de ensino de teatro, então eu acho que essa dimensão formativa ela também é muito ressaltada. E acho que esse diálogo com a cidade também é muito forte hoje, no nosso discurso, naquilo que nos une, que nos agrega. E essa vontade de estar junto – principalmente em Brasília que é tudo tão cheio de espaço, tudo muito longe – a gente entendeu que a gente queria ficar junto e que isso era uma força, embora seja muito difícil, porque a cidade, até na arquitetura, ela tem uma coisa assim de separar, de ruas largas, de distâncias longas, é difícil você andar a pé em Brasília como você anda em São Paulo. Então, estar junto é uma luta muito grande, mas também acho que é o que nos mantém.

Grupo Cuíra de Teatro – Belém do Pará – PA
Representante: Karina Janssen

Esta é uma boa pergunta, a gente investe muita grana em psicólogos e terapeutas pra descobrir o que é, afinal, que faz a gente continuar nessa vida. Mas eu tenho a sensação de que a experiência artística nos faz crescer como gente, enfim, como ser humano, em conhecimento mesmo, nos possibilita dialogar com outras cidades, como nós estamos fazendo aqui… Eu acho que é isso que faz a gente continuar fazendo, mas eu não tenho certeza… Eu acho que é uma questão pra se resolver só na terapia.

Cia Dezequilibrados – Rio de Janeiro – RJ
Representante: Letícia Isnard

Olha… é curioso, porque o elemento agregador foi o diretor que é o Ivan Sugahara, ele que conhecia todos que hoje compõem a companhia, a composição atual, que é a dos últimos 8 anos, se deu em dois tempos, no primeiro momento entraram duas atrizes que foram a Ângela Câmara e Cristina Flores, e no segundo momento, pra montagem de um espetáculo específico, entramos eu, o José Karini e o Saulo Rodrigues, hoje a companhia é composta por esses cinco atores mais o diretor. E eu acho que todos, com exceção da Cristina, talvez, todos desde sempre tinham um desejo de trabalhar em companhia, eu já vinha de uma história de companhias de dança, que eu era bailarina antes, então tinha esse desejo, eu sempre acho que coletivo é mais interessante, mais rico e mais forte, apesar de mais trabalhoso, muitas vezes por um lado. A Cris era a única que no começo não tinha muito esse discurso, mas hoje ela defende também o discurso da companhia e eu acho que sempre teve um desejo muito grande de criação de uma linguagem e eu acho também que é numa certa medida um certo porto seguro em relação ao mercado de trabalho, você tem uma referência, você tem um lugar, mesmo que ele também não tenha dinheiro e não tenha estrutura, mas é um núcleo de identidade. Mas eu acho que o que sempre instigou o grupo a permanecer unido foi essa questão de a gente ter essas três frentes de pesquisa muito potentes nos trabalhos, que eram: a ocupação de espaços não-convencionais ou a busca de um uso não convencional do espaço tradicional, ou seja, uma pesquisa em relação à recepção – onde colocar o espectador e como trazê-lo pro teatro? A outra, da dramaturgia que é… Tem horas que a gente fica seco pra trabalhar um texto tradicional e ter um personagem e não uma função dramática, mas é muito rico você poder estar em processos de composição dramatúrgica, acho que pra qualquer ator isso é uma delícia também. E isso tudo também acabou gerando uma pesquisa de trabalho de ator bastante interessante, tanto por uma certa atuação mais intimista, dentro desses espaços mais reduzidos, como dentro dessa questão da dramaturgia também, de você estar trabalhando com um material que você levou, e que foi deglutido pelo processo, mas, enfim, isso também gera uma qualidade específica do trabalho – acho que é isso que une mesmo porque… Dinheiro não é.

Dramática Cia. – Belém do Pará – PA
Representante: Wlad Lima

Eu acredito muito que é o seu processo criativo. Acho que mais do que qualquer coisa, quando a gente tá junto, tá criando, a gente tá alargando a criatividade de todos nós, então é muito prazeroso estar junto nesse sentido, porque é uma certeza de uma aprendizagem, de uma vivência melhor. O grupo trabalha sempre processos criativos interessantes, estranhos, provocadores. Agora o grupo não trabalha constantemente, a gente trabalha vez ou outra, porque são pessoas que trabalham muito todos trabalham na área cultural da cidade, mas são pessoas que trabalham muito, então quando a gente se junta, a gente faz sempre algo especial. Para ter uma idéia, nesse projeto dos dias da semana, cinco atores conseguiram chegar ao fim do processo, cada um tem o seu espetáculo, isso é muito bom, porque eu tenho um espetáculo que eu levo comigo, eu apresento, eu vendo, eu faço o que eu quiser com ele. Agora, dois ficaram no meio do caminho, isso é terrível, é cruel, é uma sensação que eu não sei explicar, mas sempre te altera.

Facetas, Mutretas e Outras Histórias – Natal – RN
Representante: Ênio Ewerton de Sá Cavalcanti

Hoje o grupo é uma casa, uma família, no que diz respeito ao artista mesmo, a gente se vê muito mais como artista do que como atores, porque o ator tá ligado ao intérprete. A gente faz o trabalho com pessoas de fora, e dentro do grupo é completamente diferente, assim, dentro do grupo, o que une mais a gente é a possibilidade que o grupo dá de eu estar trabalhando o meu indivíduo ali dentro, de eu estar colocando a minha vontade artística. Por exemplo, a gente tirou o diretor, a gente trabalha com direção em grupo, a direção é coletiva, é assinada pelo grupo, não tem uma pessoa… Talvez esse seja um dos motivos, pra que a gente possa ainda mais falar dentro do grupo, então acho que, no caso do Facetas, o que faz mais a gente estar lá dentro é esse espaço que o grupo deu de você colocar o que você quer e realmente o que vai pro palco é o que o ator, o que as pessoas do grupo estão querendo fazer, estão querendo falar. Virou um espaço muito bom de discussão, de argumentação, de vivência, então esse espaço confortável pra o ator acho que é o mais importante pra todo mundo gostar de estar lá. São três pessoas, né? São quatro, mas três atores, essa quarta pessoa coordena o ponto de cultura, coordena os projetos gerais do grupo. Então é um grupo pequeno, a gente se sente muito em casa, assim. A gente tá há dez anos, desde a escola, o grupo começou no segundo grau e a gente tá junto já há um tempo, desde quando é mais novo que você pensa diferente do que agora…

Companhia Flor e Espinho – Campo Grande – MS
Representante: Anderson Lima

Eu acho que… Não sei se eu saberia responder. É um trabalho, né? Pra gente, o teatro, acima de tudo, é um trabalho. A gente até ouve algumas coisas, como: “ai, é um privilégio trabalhar com teatro”, mas não se imagina que toda profissão tem as dificuldades. Pra gente é um trabalho… E é um trabalho que, claro, dá um prazer enorme em fazer, as pessoas vivem em comunidade, o grupo são pessoas que têm um lado humano, de amizade, vínculo, também muito grande. Fora isso eu acho que seria muito subjetivo falar outra coisa. A gente tem um olhar bem… A gente se debruça bem no efêmero. E tem uma linha de atuação, um teatro mais físico desprovido de muitos recursos tecnológicos, mas a gente tenta não estar rotulando muito, não, a gente tá construindo uma linguagem que está calcada em várias teorias, mas a gente tenta se libertar um pouco disso também.

Grupo Harén de Teatro – Teresina – PI
Representante: Arimatan Martins

Primeiro o amor ao teatro. Segundo a identidade entre nós de descobertas próprias, que o teatro é uma via de linguagem para a vida ideais, a necessidade de resistência de cada um, ideais comuns. Por exemplo, fazer arte, ser feliz, amizade, fazer alguma coisa pelo nosso Estado, pela nossa cultura, são pessoas idealistas ainda… Então muito por aí. E a química entre nós que bateu muito bem, a gente é muito amigo, é quase uma família o grupo. A gente briga muito, se ama muito, constrói muito. Nós somos 20 pessoas. Dessas, acho que 15 são o núcleo do grupo e 10 são do grupo original de 24 anos atrás. Nosso grupo abre oficinas para os jovens por não ter escola de teatro ali. Tem só uma agora, recente. Por ser um grupo formador e a gente vai juntando, agregando essas descobertas novas pra integrar o elenco principal do grupo. Temos muito amigos pelo Brasil e pelo mundo afora e cada dia nosso grupo se firma mais como um grupo importante no Nordeste e no Brasil.

Coletivo de Teatro Imaginário – Porto Velho – RO
Representante: Chicão Santos

Eu acho que o grande fator do Imaginário e das pessoas estarem próximas do grupo é a vontade de tirar o teatro do lugar-comum. Acho que nós avançamos muito nos últimos anos, Porto Velho cresceu muito e nossos vizinhos também cresceram muito em função da gente fazer essa provocação de tirar o teatro do lugar comum.

Língua de Trapo – Macapá – AP
Representante: Disnei Silva

Bom, o que une são lideranças, com certeza lideranças. Cada grupo lá tem uma liderança forte, que é o pilar do grupo. Os grupos… Não adianta você achar que os grupos se sustentariam… Você tem que ter um pilar que é a questão da pessoa que faz a produção, a pessoa que organiza tudo, entendeu? A pessoa que distribui as tarefas e que faz as tarefas serem cumpridas. No meu caso, por exemplo, o trabalho do Língua de Trapo quem faz sou eu, que vai desde o texto até a questão da direção, entendeu? Então é uma coisa que fica difícil porque o grupo já tem 30 anos funcionando nessa perspectiva e olha que nós somos 22 pessoas e a gente consegue manter esse núcleo e a gente amplia quando precisa de elenco, e a gente vai continuando. Tem logicamente as dissidências todas que acontecem de saírem um, dois, aí voltam depois, tem as brigas naturais.

РMas e se voc̻ sai?

Aí complica. Aí eles têm certeza que complica porque… É o grupo… Eu sou o fundador do grupo e tô nessa história a mais de 30 anos, então tem toda essa coisa, mas é difícil sair porque tem toda a questão de respeito ao trabalho. Mas na verdade o fator agregador é a liderança dos grupos, não só no meu como em vários outros tem as figuras principais, você fala: “ó, Grupo Língua de Trapo”, você já sabe que é o Dislei, que sou eu, aí você fala “Companhia Viva de Teatro”, aí você acha o Guiga, então cada grupo tem o nome que é vinculado, você falou no grupo, fala logicamente no nome da pessoa que com certeza se deixar de existir por qualquer razão, o grupo, se não acabar, tem uma queda grave.

Teatro Máquina – Fortaleza/CE
Representante: Joel Monteiro

O grupo foi montado em 2003 pela nossa diretora Fran Teixeira. E aí a Fran tava vindo de SP; terminando o mestrado dela na ECA. E aí a tese de mestrado dela era no ensino da poética brechtiana era sobre trazer a critica dentro da obra brechtiana e aí ela resolveu experimentar praticamente os conceitos que ela tinha estudado no mestrado. E aí montou o grupo, montaram uma adaptação do Quanto Custa o Ferro? Que é um texto do Brecht. E ai depois o grupo foi se interessando por trabalhos menores que a gente chama de esquetes. Lá em Fortaleza a gente tem um campo fértil pra isso porque a gente tem festivais de esquetes. O Grupo Bagaceira é um grupo formado dos Festivais de esquetes, a partir dos Festivais de esquetes e esses festivais são espaços de experimentação mesmo é onde a gente tá livre pra experimentar tudo o que a gente quer. E aí essas experimentações que a gente foi fazendo com esses pequenos trabalhos eles foram definindo a linha que o grupo vem seguindo hoje esteticamente. E teoricamente a pesquisa que a Fran vem desenvolvendo a partir da poética brechtiana também vem acompanhado essa pesquisa teórica do grupo. Eu e o outro ator, o Edivaldo Batista, a gente já tem uma produção teórica acadêmica a partir da pesquisa da Fran, que também passa pela pesquisa do grupo, e a pesquisa da Fran acaba sendo o cerne do grupo, mas aí agora a gente tá estendendo isso pra pesquisas individuais e como isso se insere dentro do que o grupo vem produzindo. As peças didáticas do Brecht tem sido um ponto de partida pelo o que elas oferecem de aspecto performativo e é aí que entra performance, que entra a dança contemporânea, entra o teatro pós-dramático e a pesquisa do grupo acaba partindo disso, a partir da poética brechtiana no que ela seve a gente não como conceito – a gente não está muito preocupado com o aspecto conceitual brechtiano mas no que ele pode oferecer pra gente enquanto forma de teatro. Como os elementos que ele usa conceitualmente como, por exemplo, a repetição que ele usa pra que a pessoa perceba várias vezes e perceba outra vez a mesma cena e pense naquilo ali, a gente usa a repetição como forma, a gente tem espetáculo que é só a exaustão da repetição, do gesto. A gente usa mais como forma do que como conceito. E aí isso tem sido a principal linha de pesquisa do grupo, a partir da pesquisa da Fran as nossas pesquisas vão se desenvolvendo a partir da poética brechtiana. Não tendo um ranço teórico com a estética brechtiana mas o que ela pode oferecer pra gente. E ai a gente entra em outras coisas… A gente acaba utilizando elementos… O Leonce e Lena, por exemplo, nosso segundo espetáculo, é um texto de um dramaturgo alemão Georg Büchner, um autor muito importante pro Brecht, é um autor do romantismo alemão, mas a gente usa o texto como pretexto para uma encenação de jogo. O que o Brecht coloca como jogo e repetição a gente usa como forma. O espetáculo parece um jogo, a marcação do cenário é um campo de futebol, os atores usam patins, usam elementos esportivos. Então a gente usa todos os conceitos que ele tem a intenção de usar teoricamente a gente usa como forma, como estética mesmo (…) pra falar dos mais diversos temas. Não tem nenhum tema específico. A gente fala do que a gente tá querendo fazer, do que a gente tá querendo experimentar. Por exemplo, o grupo agora tá querendo experimentar a exploração gestual e a gente tem pensado em usar um texto do Tchekhov, que é um texto bastante verborrágico, mas que tem muito pano pra manga pra construção gestual e aí a gente acaba quebrando as coisas assim: o que se faria convencionalmente como palavra a gente vai fazer como gesto, não que o texto seja suprimido, o texto não vai ser suprimido, mas tem uma construção gestual que é o ponto de partido do espetáculo, que geralmente não seria.

Grupo do Palha̤o Tenorino РRio Branco РAC
Representante: Dinho Gonçalves

Tesão, vontade de fazer teatro e gostar de fazer teatro. Basicamente isso.

Santa Esta̤̣o Cia de Teatro РPorto Alegre РRS
Representantes: Ana Carolina Moreno

Ontem a gente tava discutindo isso no espaço aberto. É tão complicado denominar o que nos une. Sim, tem uma estética parecida, a gente trabalha com teatro físico, já tem que ter um gostar disso que é diferente. Mas, o que nos une talvez seja essa vontade de dizer algo, porque é isso, que eu tava falando ontem, é o nosso espaço, não adianta, a gente não pode ter discurso, porque discurso fica pra político, pra filósofo, lalalala, a nossa forma de dizer é em cima do palco com o corpo, com o movimento, de uma outra forma, então, talvez, seja isso que nos une. Tem um carinho, sim, é mentira se disser que não existe carinho de amizade, de gostar de estar junto, sim, existe, mas eu acho que é isso tem a questão da estética que no meu caso é o teatro físico e essa vontade de dizer alguma coisa e tentar mudar de alguma forma algumas realidades, acho que é mais isso. Claro, óbvio, todo mundo do grupo sonha também em poder um dia viver só disso, mas eu acho que a gente pode caminhar muito e é uma coisa que a gente vem entendendo que é essa questão de que a gente fala que a gente não vive de teatro, mas a gente também não dá o gás suficiente de produção, por exemplo, pra que a gente possa viver disso. Então é uma coisa que a gente vem falando muito e eu acho que a gente pode estar caminhando pra isso, pra tentar ver isso e trabalhar isso de uma forma diferente.

Coletivo Sinestesia – Teresina – PI
Representante: Clodomir Junior
Por email

Compartilhamos de uma forte linha ideológica de como abordamos as temáticas interessantes para o grupo que é a linguagem contemporânea de teatro. Procuramos ser originais, inusitados, inesperados. Somos um coletivo que tenta adquirir ao longo do tempo uma evolução em conjunto, crescemos à medida das nossas discussões e aperfeiçoamentos.

Cia. de Teatro de Stravaganza – Porto Alegre – RS
Representante: Adriane Mottola

Eu acho que é porque tem dentro desse grupo uma liberdade de poder estar fora dele o tempo todo se quiser, de sair, de voltar… Acho que é isso, a liberdade de poder se expressar, dize o que quer dizer ali dentro, mas também liberdade de sair, se afastar um tempo, voltar, é um pouco o que mantém essas pessoas juntas. Sim, além daqueles objetivos comuns que têm as pessoas que trabalham num grupo, de querer dizer algumas coisas, de ter alguns objetivos como artistas, de acreditar na linguagem que o grupo foi criando.

Cia Tapete Cria̵̤es C̻nicas РṢo Luis РMA
Representante: Robson Diniz

Eu acho que uma coisa bem determinante é que – sobretudo por conta da nossa pesquisa – a gente vem procurando a valorização e a preservação da nossa identidade. No que diz respeito a nossa pesquisa a gente bebe em vários mestres, várias pessoas, mas a nossa base vem dali: do que nós temos, do que nós somos. E isso tem nos ajudado a entender quem nós somos e o que pretendemos, o que buscamos. Eu acho que isso é um fator bem peculiar da companhia no sentido da valorização da nossa identidade cultural.

Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Porto Alegre – RS
Representante: Tânia Farias e Marta Haas

O grupo não respondeu às perguntas dois e três porque a entrevista foi interrompida.

Grupo Vilavox – Salvador – Bahia
Representantes: Cláudio Machado e Gordo Neto

Gordo: Ó… a gente tá em crise, como muitos também devem estar, exatamente nesse sentido de tentar entender o que é esse elemento agregador, nós somos um grupo muito heterogêneo, inclusive de vontades e desejos, e eu acho que isso ainda é muito discutido. Tem um elemento que a gente elegeu – não sei se é isso, mas enfim – a gente meio que elegeu como uma coisa que acompanha a gente e que, de fato, na publicação – a única que a gente tem – o tema é esse, nos espetáculos a gente acha que ela ta presente em todos, que é a musicalidade em cena. Como o grupo nasceu como um coro performático, inevitavelmente a música teve uma presença, mas absolutamente distinta: você tem um espetáculo com música ao vivo, com uma banda de rock tocando praticamente o tempo todo, você tem um Guimarães em que a música ta muito mais no texto e tem canções também, mas cantadas só com voz, enfim, a gente pegou isso, elegeu isso e acho que não é sacanagem nossa, tem alguma coisa que eu acho que dá essa liga. E tem uma segunda coisa que é ter três atores desses seis que estão desde o começo, e a gente ter um diretor musical em todos os espetáculos que a gente montou, que é um cara muito forte. Esse diretor musical, o Jarbas, a mão dele é muito forte nos espetáculos que ele faz com a gente e com qualquer outro, então acho que o que dá a liga da gente é isso.

Cia. Vitória Régia – Manaus – AM
Representante: Diego Batista

A gente tem essa questão política, mas o fazer teatral já é um modo de agregar, mas eu vejo como um grupo que tem um ideal, é um teatro muito ideológico, pela pessoa que o coordena e pelas pessoas que integram. A gente fala: “o grupo tem esse ideal, quem quiser agregar, seguir junto com essa idéia do grupo, tá dentro”. Mas a gente tem esses posicionamentos políticos e defende eles. E trazer as questões dos interiores que são muito distantes, a gente tem a questão da geografia que lá é complicada demais, mas a gente tem esse fator de tentar disseminar o teatro, de popularizar, de levar a oportunidade das pessoas verem teatro, o nosso teatro de grupo.

Grupo Experimental de Teatro Vivarte – Rio Branco – AC
Representante: Maria Rita Costa Silva

Nossa opção é levar a arte aonde o povo não tem acesso, essa é a nossa grande filosofia de trabalho.

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