Mapeamento eternamente em construção – Financiamento
1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?
Cia 4compalito – Belo Horizonte – MG
Representante: Júlio Vianna
A gente atualmente não tá trabalhando com financiamento. Nosso último espetáculo foi o Quixote, a gente montou com o Fundo Municipal de Cultura e ano passado a gente não captou nenhum por projeto de lei. Então, o nosso sustento vem do trabalho mesmo, de renda de apresentação, oficinas. Bilheteria é mais complicado, é mais quando viaja, vende apresentação, faz festival.
Grupo de Teatro AE – Cruzeiro do Sul – AC
Representante: Edinilson Ney de Souza
Na verdade, como Cruzeiro do Sul é um pouco distante da capital do Acre e chegar lá é um pouco complicado porque não tem estrada, então na região do Vale do Juá, só existe o nosso grupo de teatro. Então a gente acaba se apegando às Leis de Incentivo do Estado do Acre e a prefeitura também acaba ajudando em alguns aspectos, então fica fácil porque a gente é o único grupo da cidade e a gente tem dois teatros pra trabalhar, então a gente acaba tendo uma renda legal. E tem também verba privada porque os comerciantes da cidade também ajudam. Como a cidade só tem 90 mil habitantes, quando a gente monta um trabalho que é legal, que eles gostam, fica mais fácil conseguir apoio. Então, em Cruzeiro do Sul a gente não tem o que falar, porque é muito legal com respeito a apoios culturais.
Coletivo Alfenim – João Pessoa – PB
Representante: Márcio Marciano
Olha, agora a gente tá administrando a verba que a gente ganhou do edital em nÃvel estadual, que é o Fundo de Incentivo à Cultura de João Pessoa, que proporcionou a confecção do primeiro espetáculo e com a venda desse primeiro espetáculo, participação em Festivais, com esses cachês a gente tá se mantendo. Agora, a gente conseguiu vencer um edital da Caixa e com o dinheiro desse edital, a gente rachou esse dinheiro no meio, metade a gente mantém pra manutenção do grupo e metade a gente investiu na produção pra circular com o espetáculo. Mas a forma de financiamento é: a gente inscreve projetos em vários editais e vai sempre na perspectiva daquilo que interessa pra nossa pesquisa, pro nosso projeto de formação, então se a gente não atende à s exigências do edital, então a gente não entra, só entra naquele editais que não ferem a nossa perspectiva de pesquisa.
Grupo de Teatro Arte e Fatos da Universidade Católica de Goiás – Goiânia – GO
Representante: Danilo Alencar
Num passado não muito longÃnquo, a Instituição que mantém o grupo ela também financiava a maioria dos projetos. Hoje, não deixa de financiar, porque eu sou funcionário, eu sou contratado como coordenador-diretor do grupo, mas devido a esta crise muito grande que vem se alastrando por algum tempo muito antes de ser institucionalizada como crise, nós tivemos que percorrer outros caminhos. Então, hoje nós temos uma Lei forte, funcional, com alguns paradoxos, que precisam ser discutidos e estão sendo discutidos, que é a Lei Municipal de Incentivo à Cultura, que é do municÃpio. É um modelo, essa lei foi fundada na gestão do PT, há uns oito anos, e ela se mantém viva. É por isenção de ISSQN e IPTU, os empresários deixam de pagar isso e existe uma cota pré-estabelecida pelo municÃpio, pela Secretaria Municipal de Cultura e nós fazemos a captação, é uma lei bem funcional. E também nós nos beneficiamos muito e achamos que o panorama melhorou bastante com os prêmios federais, que é o Myriam Muniz. O meu espetáculo hoje me cartaz, que é Balada de um Palhaço, do PlÃnio Marco, ele foi contemplado tanto com a Lei Municipal quanto com o Myriam Muniz.
Grupo Bagaceira de Teatro – Fortaleza/CE
Representante: Démick Lopes
Hoje a principal receita do Bagaceira é a receita de festivais, porque é um grupo que participa do circuito dos festivais nacionais, e editais. Ano que vem o grupo faz dez anos e pela primeira vez a gente foi contemplado com alguns editais de verba pública. BR Cultura pro ano que vem, projeto de circulação, e o Myriam Muniz, com projeto de montagem do novo espetáculo do grupo, a peça de dez anos.
Baião de Dois – Manaus – AM
Representante: Selma Bustamante
A nossa relação com o financiamento é diferente no sentido negativo. Porque nós não temos a Lei Municipal nem a Lei Estadual de fomento. Então existem alguns projetos, alguns programas que você pode colocar dentro da prefeitura do municÃpio, mas é uma coisa que não é nada certa e que não depende de você. Depende da curadoria e da verba que é designada, que é colocada. E também lá a maioria dos projetos são em relação a montagem, não existem projetos de circulação. E a circulação lá é muito cara, muito mais cara do que em outros estados. A distância é muito grande, não tem estrada ou é por rio. E se você fica muito distante do rio você tem que viajar de avião. É mais cara a circulação. Então, eu tenho me firmado bastante nos projetos da Funarte, que a gente dá sorte. Não conheço ninguém lá, não! Conseguimos ganhar quatro projetos de circulação, dois projetos do Myriam Muniz e agora ganhamos o terceiro projeto, que eles juntaram os dois e distribuÃram em um projeto… O Myriam Muniz dá também circulação. Então nesse sentido da circulação pela região Norte o meu grupo circulou bastante e eu diria que foi totalmente financiado pela Funarte. E os projetos de montagem, além dos projetos da Funarte, com os projetos estaduais. Nossa grande briga é pela Lei. Porque nós não temos possibilidade nenhuma da Rouanet, não só porque a Rouanet é difÃcil pra grupos não conhecidos, mas porque lá nós estamos dentro de uma Zona Franca, onde não existe imposto e então não tem do que descontar. Então realmente pra gente dificulta e seria muito interessante a Lei Municipal e Estadual. As montagens do meu grupo são montagens pequenas então até a padaria da esquina, que me conhece, se pudessem financiar com parte do imposto deles seria suficiente para mim. É muito complicado, porque lá, inclusive, a gente não tem nem a possibilidade de cobrar bilheteria porque o Secretário ele compra os espetáculos e fornece de graça para a população. Então a população nem paga ingressos se a peça for de lá, só paga se a peça for de fora… Ela tá acostumada a ver peças de lá sempre gratuitas. Então eu vejo como muito difÃcil [o financiamento] de outra forma a não com a questão do edital, porque a gente não tem muito pra onde… A não ser o edital.
Grupo Beira de Teatro e Coletivo Atores a Deriva – Natal – RN
Representante: Henrique Fontes
Natal, historicamente, é uma cidade que não tem polÃtica pública voltada pra teatro, nem pra cultura de forma geral. Há muita polÃtica de eventos, que não é novidade, mas a gente vem batalhando, se organizando com outros grupos pra buscar editais e uma nova forma de fomento. Esse ano surgiram dois editais, um pra teatro de rua e outro pra todo tipo de linguagem, mas que ainda não saÃram efetivamente, são verbas muito pequenas, mas, enfim, já é uma pequena conquista. A gente, na verdade, monta os espetáculos no risco, sem financiamento, a gente faz a temporada no risco, com pequenos apoios da iniciativa privada, e aà tenta ir circulando na marra, é tudo na marra mesmo. Bilheteria, venda e entrada em Festivais. Acho que o exemplo mais bem-sucedido talvez seja o do Atores a Deriva com o espetáculo A Mar Aberto que conseguiu chegar até Porto Alegre, Caxias do Sul, Guaramiranga, enfim, circulamos muito graças aos festivais, a gente manda o projeto, é selecionado, e aà vai circulando e é um pouco como o grupo tem sobrevivido. Nós não conseguimos viver disso, a gente dá aulas de teatro, a gente se prostitui aqui e ali – no sentido de vender trabalhos mais comerciais – mas a tentativa, pelo menos desses dois grupos, é trabalhar com a educação pela arte, mais fortemente, pra não ter que fazer outros trabalhos e também porque acho que é nossa praia, a gente gosta de trabalhar com a educação, então acho que vale a pena.
Boa Companhia – Barão Geraldo – Campinas – SP
Representante: Eduardo Osório
Bem, na verdade, todo mundo tem um trabalho paralelo, que geralmente tá ligado a dar aulas de teatro. O grupo vem funcionando com venda de espetáculos e agora, com essa avalanche de editais, a gente conseguiu alguns… E aà vai tentando manter a estrutura da companhia, o que a gente chama da parte de produção: se organizar pras coisas que estiverem acontecendo e, basicamente, a produção criativa é a gente que se banca pra estar lá trabalhando, improvisando pra criação dos espetáculos. Ganhamos o Myriam Muniz que é o que a gente está fazendo agora pro novo espetáculo, Caixa Econômica Federal, que a gente viajou agora pra Curitiba e pro Rio, aà tem as vendas de espetáculos, que geralmente o SESC é um dos prováveis compradores e Festival também, né? – agora, como a gente ficou um tempo sem produzir peças novas, faz uns dois anos que a gente não vai pra Festival. Mas é basicamente isso, né? Aquilo da bilheteria, na verdade, é uma briga de foice, porque tem os dois lados da coisa, que um é… Porque é muito difÃcil de qualquer forma viver de bilheteria, tem gente, por exemplo, que cobra 50 reais e fala que não paga as contas. Mas independente disso a gente não quer fazer um teatro de 50 reais, a gente tenta cobrar o menor preço para conseguir o maior número de público, que na verdade trata-se mais disso, já que nem quem cobra 50 reais não consegue, é melhor a gente se preocupar com outras coisas e não isso.
Grupo Carmin de Teatro – Natal – RN
Representante: Giovanna Araújo
O Carmin não tem financiamento, a gente não é financiado por nenhuma instituição, a gente depende realmente de editais como a grande maioria dos grupos, que é como é a nossa realidade. Então, a gente participa de editais, faz projetos, de acordo com a nossa necessidade, de acordo com o que a gente tá vivendo e a gente tá precisando e, enfim, alguns a gente consegue e outros, muitos outros, não, e a gente fica realmente dependente dessa verba pra poder realizar algumas coisas. O trabalho não pára enquanto não há, mas a gente fica… o foco é que a gente consiga sempre, pra que esse trabalho possa se realizar, a gente fica dependendo disso. Nós também não temos sede, isso também é uma coisa importante, a gente não tem um lugar próprio, então a gente vai ocupando lugares possÃveis, tem o Centro Experimental, tem a sede dos Facetas, tem sede de outros grupos, como dos Clows, que a gente vai se utilizando de acordo com a necessidade e dos espaços disponÃveis e acaba sendo mais uma dependência que a gente tem, também de espaço.
Companhia Carona – Blumenau – SC
Representante: Pepe Sedrez
O grupo não vive da bilheteria como a maioria dos grupos, acho que quase todos. Nós fazemos teatro de pesquisa então os nossos espetáculos têm cada vez menos espectadores por culpa nossa mesmo. Porque a gente procura limitar, não sei de onde vem essa minha idéia de achar que teatro pra menos gente é mais interessante, eu acho… Eu me acho ridÃculo mesmo por isso… É uma questão. Mas o financiamento vem… Nós temos uma sede em Blumenau no Teatro Carlos Gomes, um teatro privado, mas que abriga nossa sede e lá nós temos há 5 anos uma escola de teatro, que acaba dando algum retorno, alguma verba para os atores da companhia que são professores na escola. Além disso, apresentações contratadas e editais, como Myriam Muniz, como o edital recente Artes Cênica na Rua, da Funarte, e temos projeto aprovado já pela terceira vez na Lei Rouanet, vamos ver se dessa vez a gente consegue captar porque nas outras duas não captamos. A Lei Rouanet ainda traz aquela alegria de ter o projeto aprovado, mas nos não chegamos ao momento maior da captação pra poder realizar o projeto. Temos Lei Estadual de Santa Catarina também, ela é muito complicada, uma Lei em que o governo do Estado arrecada primeiro o dinheiro de imposto que a empresa paga para depois repassar ao proponente do projeto aprovado e há casos, não é o nosso caso, de grupos lá em Santa Catarina que esperam há um ano o repasse, o dinheiro entrou na conta do Estado há um ano e não foi repassado ainda para os legÃtimos donos. O grupo faz o projeto, é aprovado na Lei Estadual, capta depositando na conta do governo e depois deve voltar, deveria pelo menos voltar, e ainda fica 20% para o governo para um Fundo Estadual de Cultura. É uma Lei que incide sobre o imposto estadual, o ICMS, então parece que a gente virou cobrador de impostos do governo, eu já falei: “olha, isso vai dar vÃnculo empregatÃcio, eu quero receber alguma coisa, hein? Isso dá CLT”. E aà temos uma Lei Municipal também, mas ela tem recursos muito poucos, a verba é muito baixa, embora acabe sendo uma alternativa para grupos produzirem pequenos projetos como edição de algum livro, uma exposição, workshop mesmo… Então ela tem acontecido assim. São as formas que nós temos de financiamento.
Cênicas Cia. de Repertório – Recife – PE
Representante: Antonio Rodrigues da Silva Filho
Conteúdo editado pelo grupo, por email.
A gente participa de editais públicos de fomentação. Porém, mesmo quando não há um apoio governamental nós damos continuidade aos trabalhos e a pesquisa e obtemos retornos da bilheteria, festivais e para algumas empresas. Os editais são: a Lei de Fomento Municipal, o Funcultura, que é um fundo de cultura do Estado de Pernambuco e o Prêmio Myriam Muniz de teatro. A verba dos editais e da renda do grupo ainda não garante sustentabilidade aos atores, hpá um investimento maior na produção e aperfeiçoamento técnico e teórico. Hoje, não se tem condições de sobrevivencia exclusiva de nosso trabalho em grupo, cerca 80% dos integrantes têm atividades paralelas ou em outras áreas para garantir a sobrevivência, mas a nossa vontade é estabelecer a nossa sede e a partir daà fortelecer ainda mais nossas atividades artÃsticas e formativas. Nó inÃcio de 2009 o Cênicas estabeleceu uma sede durante seis meses, mas por questões internas não foi dada continuidade. Há uma porcentagem muito pequena de grupos nordestinos que se auto-sustentam, acho que só 3 ou 4 na região inteira. São vários coletivos, mas 100% são poucos e isso é uma coisa que tem que mudar. Porque nossa atividade tem que ser vista de outra forma: fazer cultura não é só entregar um produto e sim financiar a pesquisa pra que o resultado artÃstico possa acontecer.
Chama Viva Cia de Teatro – Palmas – TO
Representante: CÃcero Belém Filho
Nós temos uma trajetória de 25 anos de trabalho e o financiamento se deu ao longo desse tempo de formas diversas. Por um perÃodo nós nos financiamos com recursos próprios com atividades mantidas pelos próprios membros do grupo. Num determinado tempo nós conseguimos nos inserir de uma certa forma, aprovando projetos através da Lei Rouanet e captando recursos de algumas empresas, concorremos sempre a editais públicos e esses mecanismos, em uma certa medida, tem contribuÃdo na continuidade de alguns projetos, mas a manutenção mesmo, o dia a dia, vem se dando a cada momento de acordo com as circunstâncias, mas depende muito do esforço coletivo e, de certo modo, um desdobramento pessoal.
Clowns de Shakespeare – Natal/RN
Representante: César Ferrario
Dadas as dificuldades naturais da sobrevivência de teatro, principalmente falando de grupo, uma das saÃdas encontradas pelo coletivo foi a diversificação. Então essas vias de financiamento de grupo vem de diversas áreas que vão desde a venda de CDs, a bilheteria, a editais, a venda de espetáculos pra festivais, a editais pra oficinas, a ponto de cultura, enfim.. A oficinas que o grupo dá pra comunidade em geral. Então é bem diversificado. Mas eu diria que o substancial, o que pesa mesmo é o que vem através de editais. Quase nada, em toda sua historia, [vem] de leis de isenção fiscal, e diria que em segundo lugar vem de venda de espetáculos, principalmente pra festivais. Mas principalmente alguns editais como Myriam Muniz, que é bem recorrente na história do grupo; lá no Nordeste, o Banco do Nordeste do Brasil tem um Edital voltado pra região que também a gente vem pegando durante alguns anos consecutivos. Esses dois eu acho que são os principais… Nos valemos do Caravana Funarte que foi extinto, o próprio Ponto de Cultura também é um edital que acabou beneficiando o grupo também, mas os dois principais são esses: o do BNB e o do Myriam Muniz, que são os mais recorrentes.
Teatro do Concreto – BrasÃlia – DF
Representante: Francis Wilker
O Teatro do Concreto começou em 2003; até 2007 mais ou menos foi sempre por conta própria, a gente se reunia, não tinha espaço fixo de ensaio, ensaiava onde dava, parcerias com escolas, com faculdades… cada um investia naquilo que podia – uns o tempo e outros alguma grana até pra produção dos espetáculos. Hoje, a gente tem um financiamento do FAC, que é o Fundo de Apoio à Cultura do DF, que foi um projeto que a gente aprovou de manutenção do grupos, e a gente conseguiu aprovar também o Myriam Muniz de circulação do espetáculo, também o Artes Cênicas na Rua agora e um projeto de circulação no FAC também lá do Distrito Federal, que é distrital. Então o grupo tem sobrevivido desse financiamento que é público. Privado, nada, até porque em BrasÃlia isso é super difÃcil, porque a economia é o funcionalismo público, tem pouquÃssimas empresas privadas de grande porte ou que tenham editais especÃficos lá pro Distrito Federal, é bem difÃcil. Todos nós do Concreto temos outras atividades profissionais que não são o grupo. Acho que a diferença é que durante muitos anos a gente pagava pra fazer o nosso teatro, hoje talvez a gente não esteja tendo lucro e não possa abrir mão de outros trabalhos, mas a gente já não tem que pagar pra fazer, já foi um passo pra nós super importante. Eu costumo brincar que a gente agora está como classe média…
Grupo CuÃra de Teatro – Belém do Pará – PA
Representante: Karina Janssen
O financiamento do Grupo CuÃra e de todos nós é ora por polÃticas nacionais, como o Prêmio Miriam Muniz, que é uma das poucas polÃticas nacionais que chegam lá, isso é importante dizer… Tem também um edital local da cidade que não cobre todas as demandas, mas ele existe, e muitos dos nossos projetos são bancados individualmente, os artistas tiram do bolso e bancam seus projetos.
Cia Dezequilibrados – Rio de Janeiro – RJ
Representante: LetÃcia Isnard
O financiamento não funciona. Na verdade a companhia foi fundada em 1998 e de lá pra cá nosso maior parceiro sempre foi o SESC, que é um recurso muito baixo pra montagem, mais complicado até do que pra circulação, que tem o Palco Giratório, que a gente já participou três vezes e foram experiências maravilhosas, mas patrocÃnio a gente só teve… Uma vez a gente ganhou o FAT, que é o Fundo de Amparo ao Teatro, que é municipal, a gente ganhou 60 mil pra montar o espetáculo, e ano passado a gente teve nosso primeiro patrocÃnio de uma empresa privada, que foi o Oi Futuro, e a gente ganhou o Myriam Muniz. Esse ano não ganhamos nada, inclusive foi um ano em que a gente não conseguiu nem circular com repertório, nem fazer coisa nova, porque também ao longo desses 12, 13 anos de companhia, como esses recursos sempre foram insuficientes a gente sempre colocava do bolso, então existe ainda uma dÃvida interna grande na companhia e a fonte secou, ninguém mais tem dinheiro pra continuar botando, então de agora em diante, a gente optou por só trabalhar tendo o mÃnimo de estrutura, de condição, tudo bem até a gente não ganhar, mas não ter que botar mais do bolso. Agora, o que a gente fez nesse último ano que a gente teve o patrocÃnio foi uma coisa muito interessante que acho que tem outras companhias fazendo também: em vez de a gente pegar a verba e reverter numa bolada de cachê pros atores, a gente transforma num salário mensal. Então, se, por exemplo, num patrocÃnio de 230 mil, eu vou ganhar um cachê de 6 mil, a gente transforma num salário de mil reais durante seis meses, que pelo menos, com isso, a gente consegue garantir algum tipo de estabilidade pra que o integrante possa se programar e se garantir na companhia e ter um mÃnimo de organização financeira da sua vida.
Dramática Cia. – Belém do Pará – PA
Representante: Wlad Lima
O grupo não tem uma regularidade de financiamento, vez ou outra a gente entra nos editais nacionais ou o edital local – hoje tem um edital do Estado, que é baixo, 20 mil reais, que é proposta dessa gestão, pode desaparecer, não é uma lei de Estado. Na maioria, o grupo de auto-financia, isto é, tiramos do nosso salário, de trabalhos como professor universitário, por exemplo.
Facetas, Mutretas e Outras Histórias – Natal – RN
Representante: Ênio Ewerton de Sá Cavalcanti
A gente tá participando de vários editais, a gente é ponto de cultura, a gente foi contemplado com Myriam Muniz ano passado e a gente tem alguns projetos lá dentro como um espaço de experimentação, a gente abriu um bar, que a gente tem uma sede que é rateado com outros grupos que não são de teatro, um é um grupo educacional e o outro é uma ONG feminista que atuam no mesmo espaço que a gente. A gente tá chamado de TECSOL – Território de Educação, Cultural e Economia Solidária, a gente tá transformando esse espaço num espaço que agrega vários projetos sociais, educacionais e culturais. E a gente tá gerindo esse espaço e a gente trabalha nessa perspectiva de editais, projetos. Aà a gente estreou um espetáculo agora que foi contemplado pelo Myriam Muniz e há perspectiva de Festivais com esse espetáculo. Mas é instável o financeiro do grupo porque depende dessa aprovação, depende de muito trabalho, tipo a gente precisa trabalhar muito agora pra daqui a seis meses ter, entendeu? Então a gente vai trabalhando sempre pensando lá na frente, já tentando fechar um trabalho pra 2010, um cronograma, é muito importante fechar um cronograma pra poder ter um resultado financeiro também. E a gente também, vez ou outra, por exemplo, lá no Rio Grande do Norte tem espetáculos de fim de ano e a gente abre espaço pra que o grupo participe, o grupo dá umas férias porque é um cachê legal e os atores dependem… então a gente também faz free lancer, trabalho de poesia, por exemplo. Tanto os atores fazem free lancer como o grupo faz alguns pequenos trabalhos comerciais, comerciais no sentido de que você contratado pra fazer determinado trabalho, como um sarau, ou apresentar uma esquete sobre determinado tema, enfim.
Companhia Flor e Espinho – Campo Grande – MS
Representante: Anderson Lima
Acaba sendo por editais, a grande maioria mesmo do financiamento do grupo é edital, seja municipal, estadual ou federal, mas é basicamente isso. Aà existem vários: pra montagem, pra circulação, pra pesquisa. Isso com verba pública, isenção fiscal não, porque na nossa região isso não acontece, as grandes matrizes estão nos grandes centros, então Lei Rouanet nunca existiu pra lá, o estado nunca teve um projeto de captação, aprova, mas não consegue captar, então pra gente não é uma realidade, não existiu. A bilheteria é complicado, acontece na estréia, primeira semana e depois já é complicado, então não dá pra viver… Viver da bilheteria é uma realidade distante. Os artistas vivem do grupo, agora o grupo faz algumas atividades além dos espetáculos, dá oficina, uma série de formações que acabam complementando a grana.
Grupo Harén de Teatro – Teresina – PI
Representante: Arimatan Martins
Nosso grupo é uma cooperativa, a gente paga todas as despesas e divide todo o lucro. Das bilheterias, das apresentações, de venda de espetáculos e ultimamente a gente tá trabalhando com projetos pra Lei Rouanet, que são muito poucos aprovados os projetos, e alguns projetos como o Myriam Muniz, que a gente tem ganho vários, já ganhamos 3, e agora mesmo vamos circular em janeiro com um projeto de circulação, difundido pela Funarte; e de patrocÃnio de festival… tem um Festival Internacional de LÃngua Portuguesa, que envolve todos os paÃses de lÃngua portuguesa. Mas isso pra manter o grupo, não pra nos manter – a gente não tem salário no grupo. O grupo tá pra fazer 24 anos agora em dezembro, temos intercâmbios com Portugal, já viajamos pelo Brasil já fizemos circuito de festival. Então é um grupo, assim, bastante efetivo e afetivo. Ninguém depende do grupo. Todos nós temos trabalhos fora como professor, enfermeiro, funcionário público, médico, advogado, enfim…
Coletivo de Teatro Imaginário – Porto Velho – RO
Representante: Chicão Santos
O nosso coletivo tem uma base familiar, que sou eu, minha esposa, meus filhos e uma estrutura, que agora vai ser ampla, mas a estrutura funciona em baixo da casa da gente. Ali se produz, ali tem uma biblioteca, um espaço pra acesso ao computador, essas coisas, mais atrás tem uma cozinha e atrás tem outro espaço. Agora nós compramos o terreno do lado e vamos poder ampliar essa sede. A grana pra isso vem da nossa capacidade criativa, inventiva de buscar recursos. A gente tem feito um trabalho nesse sentido, a história do Imaginário é muito nova, mas eu tô desde 1978 trabalhando com teatro em Rondônia, sou já um pré-histórico… Mas a gente tem feito muitos trabalhos, associando o teatro a outras possibilidades sociais. Nós estamos com alguns projetos que nós vamos executar agora. Vou falar primeiro de um trabalho recente que nós temos, que se chama As Filhas da Mata, e foi uma pesquisa que nós desenvolvemos a partir da presença feminina na Amazônia, que eu acho que é legal, com a vinda das caribenhas na época da construção da estrada de ferro e também com as nordestinas que foram para os seringais, então nós fizemos este trabalho de pesquisa e ele foi selecionado, agora, para circular no ano que vem pelo Palco Giratório, então nós vamos fazer uma circulação nacional com este trabalho. E, desde 2006, nós desenvolvemos esse trabalho de pesquisa e estudo que é um trabalho constante do Imaginário. E, a partir do ano que vem nós vamos desenvolver um trabalho de interação estética com a arte beradeira, que é a arte que se dá nas margens do Rio Madeira, pra baixo de Porto Velho, nós vamos descer 8 horas de barco e lá nos vamos estabelecer uma relação estética com as mulheres e através da oralidade dessa arte beradeira, nós vamos construir um trabalho lá e vamos levar também As Filhas da Mata pra encerrar este projeto lá que vai durar três meses. E também a gente está fazendo um outro trabalho que é a questão dramática dos personagens das quadrilhas juninas, então nós vamos fazer um trabalho explorando as possibilidades da ação dramática desses personagens. A gente também organiza um festival de rua, a gente tem uma pesquisa de rua, e a gente tem esse projeto do festival, associado a um seminário de integração da Amazônia, o ano que vem será o terceiro ano. No primeiro ano nós reunimos quatro estados, no segundo também, mas no próximo ano nós vamos reunir os nove estados da Amazônia legal, dentro de uma possibilidade de levar várias pessoas, como a Ana Carneiro, que fundou o Tá na Rua, o Narciso, a Nara e outras pessoas de São Paulo que trabalham com teatro de rua e também o mestre Chico Santos, então tem esses grandes encontros que a gente faz nesse festival, que a gente vê a possibilidades do encontro mesmo, porque nós temos uma grande questão na Amazônia, que são as distâncias, tanto geográficas, polÃticas e de formação também, sociais e culturais. Nós denominamos essas questões desses custos como “custos amazônicos”, que uma bandeira polÃtica que nós estamos levantando, e também uma outra questão que eu acho essencial colocar: enquanto nós brasileiros não aceitarmos que nós temos um grande patrimônio da humanidade que é a Amazônia, nós não vamos entender ela como da gente… E possivelmente os americanos venham e tomem da gente, porque quando a gente abre uma discussão sobre essa questão da Amazônia em si e toda a potencialidade que ela tem, as pessoas vêem isso como uma diferença e não como sendo um patrimônio do Brasil. O estado de Rondônia é o único estado que não tem leis de incentivo, nem municipal, nem estadual, o único no Brasil! Agora que está se dando depois de 12 anos a construção de um teatro público, era o único lugar que não tinha um teatro público fechado. A gente tem lá as praças, que foram recuperadas de quatro anos pra cá, que é também o grande teatro que nos temos e a estética também da nossa pesquisa, da relação com a arquitetura da cidade como diálogo para o nosso trabalho. A gente tem participado de muitos editais nacionais, como Myriam Muniz, buscando nesses editais uma forma também de sobrevivência. Mas a gente tem sobrevivido a duras penas pela vontade que a gente tem. E também as condições difÃceis nunca atrapalharam nosso processo criativo, que sempre foi balizado pela nossa vontade de fazer e não pela justificativa de não ter.
LÃngua de Trapo – Macapá – AP
Representante: Disnei Silva
O grupo trabalha com a Federação de Teatro, a maioria dos grupos é financiado através projetos da Federação de Teatro no Amapá e, particularmente, cada grupo tem seu trabalho. Nós, por exemplo, trabalhamos com bilheteria, e no caso especÃfico do LÃngua de Trapo tem trabalhos que conseguem sustentar o grupo: nós temos um espetáculo que tem 18 anos de sucesso lá, então com esse trabalho a gente consegue subsidiar outras atividades e consegue ajudar na renda dos atores, dos produtores, do pessoal lá com esse espetáculo, tem 18 anos e todo mês ele vai a cartaz duas ou três vezes. O dinheiro da Federação é para projetos que a Federação… Por exemplo, ela encampa todo trabalho que é necessário teatro pro governo, por exemplo, nós participamos de todos os eventos do governo, da prefeitura como aniversário da cidade, natal, semana santa, que são projetos, então encampa todo mundo, nós temos lá a ExpoFeira que a gente coloca teatro na ExpoFeira e beneficia todos os grupos. Então a gente vem trabalhando nesse sentido, fora os outros projetos da Federação, como o Pé na Estrada que é um projeto de circulação dentro do próprio estado e os festivais que a Federação faz. Inclusive agora em março nos vamos ter um festival nacional.
Teatro Máquina – Fortaleza/CE
Representante: Joel Monteiro
O nosso financiamento assim… O grupo ainda não sobrevive de si, não sobrevive do grupo. Então a receita acaba sendo… Tendo uma demanda razoavelmente pequena. Tem aumentado com o tempo, mas ainda hoje é uma receita pequena. Então pra montagem de espetáculo a gente se sustenta muito em editais municipais e estaduais e pra manutenção de grupo é o que esses editais vão dando de segurança pra gente porque a gente também deixa uma parte pro grupo. E aà cachês de apresentação, cachês de festivais, a gente sempre vai deixando uma reserva pro grupo e o grupo vem se mantendo nisso – essa só a parte administrativa, mas pagamento de pessoal a gente não tem ainda. E agora a gente tá com a sede, a gente tá no mesmo espaço do Grupo Bagaceira, eles já tinham há um ano e meio e a gente entrou agora e por conta disso as despesas vão aumentando e a gente tá indo atrás de outras coisas assim de manutenção de grupo mesmo e de manutenção de pessoal. A Lei Rouanet é uma complicação no Nordeste. Eu acho que em qualquer lugar que não na mão de 3, 4 produtores – não é nem na mão do eixo Rio-São Paulo – são 3, 4 produtores… É muito difÃcil. A gente consegue aprovar, mas não consegue captar. E alguns produtores de Fortaleza tem aparecido agora com essa proposta de projetos aprovados em Lei de isenção fiscal – porque a gente também tem uma estadual, que é a Lei Jereissati – e com projetos mais preocupados com a manutenção do grupo, têm aparecido agora, a gente tem conversado com eles e isso tá começando por perÃodo muito pequeno, manutenção por seis meses no máximo um ano e isso tem começado agora assim… Mas ainda é uma realidade muito diferente. Isso não acontece muito em Fortaleza, não.
Grupo do Palhaço Tenorino – Rio Branco – AC
Representante: Dinho Gonçalves
Na marra, com amigos, dinheiro do próprio bolso, alguns editais. Rio Branco foi a primeira cidade que fez a Conferência Municipal de Cultura, que o Brasil todo está fazendo pra poder ir pra Conferência Nacional de Cultural. Então nós temos Lei Estadual de Incentivo, Lei Municipal de Incentivo e Fundo Municipal de Cultura, que não é a melhor coisa do mundo, mas ajuda os grupos locais. E também Leis federais, inclusive este ano nós ganhamos o Myriam Muniz.
Santa Estação Cia de Teatro – Porto Alegre – RS
Representantes: Ana Carolina Moreno
Nós participamos de um projeto que a gente conseguiu que se transformasse em lei, que é o Projeto Usina das Artes, que é o projeto de ocupação da Usina do Gasômetro, e aà nós temos um espaço que a prefeitura subsidia um valor mÃnimo – é irrisório, assim – porque a gente tem que fazer algumas programações durante o ano, é uma programação gratuita por mês, temporada, algumas coisinhas assim, então a prefeitura dá um valor que é irrisório, mas que pelo menos a gente consegue fazer a manutenção desse espaço. E aÃ, depois, a gente se financia através de projetos. Em Porto Alegre tem o Fumproarte, que é um fundo pra montagem de espetáculos, então nos espetáculo geralmente a gente consegue financiamento desse fundo, estamos indo pro segundo espetáculo financiado pelo fundo e agora a gente ganhou o Myriam Muniz, mas o que a gente mais consegue fazer é vender espetáculo, temporada lá não há condições, então é com venda espetáculos mais pro interior do Rio Grande do Sul, tá acontecendo um movimento muito legal de circulação dentro do RS, seja pelo SESC, seja por outras produtoras. Tá acontecendo isso, mas continua-se não podendo viver de teatro ainda.
Coletivo Sinestesia – Teresina – PI
Representante: Clodomir Junior
Por email
Atualmente não possuÃmos nenhum patrocÃnio, estamos sendo financiados com dinheiro proveniente dos próprios integrantes do grupo.
Cia. de Teatro de Stravaganza – Porto Alegre – RS
Representante: Adriane Mottola
A Stravaganza é um grupo de Porto Alegre que já tem 21 anos. A gente não tem patrocÃnio, mas talvez até devido o tempo de vida, nós geralmente temos os projetos patrocinados, não é assim uma grande maravilha, mas dá pra criar um pouco, não totalmente incentivado, mas pelo menos a gente consegue trazer os espetáculos, fazer oficinas, com um pouco de apoio. Nós temos lá um fundo de apoio à produção artÃstica que se chama FUMPROARTE e também a gente concorre nesses prêmios como Myriam Muniz. Geralmente é incentivo público mesmo. Alguns atores fazem outros trabalhos além do grupo, ninguém faz nada que não tenha nada a ver, tem gente que dá aula, tem pessoas que trabalham em eventos, como o Porto Alegre em Cena, eventos de teatro, ou fazem produção, por exemplo, da parte cênica da Feira do Livro. Nosso grupo, como não é patrocinado, vive desses projetos e da venda de espetáculos e a gente tem seis peças em repertório, então nem todas as pessoas estão em todas as peças, então é diferenciada a forma como as pessoas recebem também. Tem um núcleo de cinco pessoas e outras pessoas… Na verdade, não é tão flutuante porque a gente se encontra toda semana, mas evidente que esse núcleo que está em todos os espetáculos e em tudo o que acontece sempre, ele tem mais possibilidade de sobreviver do grupo do que os outros, mas também à s vezes os outros são pessoas que recém estão chegando, é uma companhia bastante aberta.
Cia Tapete Criações Cênicas – São Luis – MA
Representante: Robson Diniz
Por sorte e diferentemente da maioria das companhias da cidade, nós temos uma sede, isso é muito favorável e não dá pra imaginar como seria não tendo esse espaço, onde a gente está freqüentemente dando continuidade a nossa pesquisa e, sobretudo, tentando criar coisas possÃveis pra realmente viver de teatro. A sede era do governo, é uma casarão antigo e que foi cedido, mas que nada garante que a gente vai continuar lá, porque de repente eles podem resolver mandar embora, sem argumentos. Assim, existe um crédito, a companhia é uma referência na cidade e isso é um peso muito grande pra reivindicar e fazer valer o direito de permanência porque a gente produz constante. E tem muitos outros casarões abandonados, por exemplo, que outros companheiros ainda não podem ter acesso, não fazem uso. E aà a gente vive uma luta constante, todo mundo vive de arte – não especificamente de teatro, nem especificamente da companhia porque isso realmente é muito difÃcil, mas a gente vem buscando mesmo arduamente, é um desejo, uma utopia, mas é o que a gente quer muito efetivar e a gente tem se dedicado muito pra isso, buscando por vários meios, captação de recursos, ser contemplado em editais que favoreça esse suporte financeiro, porque realmente é muito difÃcil, ainda mais numa cidade pequena como São Luis, onde tudo é muito difÃcil, está em processo, em desenvolvimento, a nÃvel cultural, a nÃvel de turismo, então é muito complicado, tem muitas questões que são implicadoras nesse processo, mas a companhia trabalha profissionalmente nesse sentido buscando realmente todos os meios possÃveis, Rouanet, editais a nÃvel nacional, no Estado não tem, é muito eventual, em casos muitos especÃficos. Bilheteria é bem difÃcil, quando faz a temporada, por exemplo, a gente acaba custeando, apostando, mas correndo o risco de não ter o retorno e é realmente muito difÃcil porque tem um valor máximo possÃvel pra nossa platéia, que seria em torno de dez reais, meia para estudante. E é muito difÃcil. E aÃ, obviamente, pra alguns projetos, alguns trabalhos especÃficos, se cria estratégias de parcerias com grupos pra garantir pelo menos o custeio das despesas investidas.
Tribo de Atuadores Ói Nóis Aqui Traveiz – Porto Alegre – RS
Representante: Tânia Farias e Marta Haas
Tânia Farias: Essa era a pergunta que vocês queriam que a resposta fosse sintética? É que é um grupo que não é novo, né? Tem 31 anos. Então já fez de muitas formas, já vendeu pão de queijo, já vendeu livrinho pra fazer uma peça de teatro, pra pagar o aluguel da sede. Passava a madrugada inteira vendendo pão de queijo, no outro dia de manhã tinha ensaio. E fazia suas produções, Fez um trabalho profissional durante 31 anos e o primeiro dinheiro veio com 27, 28 anos de grupo. Então, eles traduziam coisas do Arrabal, do Artaud e publicavam os livrinhos numa produção bem caseira e vendiam nos bares de noite. Teve vários livros, teve um livro que era uma coletânea de poemas da Geração Beat… Tô falando isso só porque foram estratégias de sobrevivência e de fazer o trabalho. Acho que o Ói Nóis tem uma caracterÃstica que talvez diferencie dos outros grupos que é… a primeira preocupação do Ói Nóis – para o bem ou para o mau – não é garantir a sobrevivência dos atuadores, isso não é a primeira coisa, então as pessoas fazem outras coisas pra viver, pra pagar seu aluguel, tananam, e trabalham no Ói Nóis. Quando acontece como aconteceu nos últimos anos, as pessoas que estão diretamente envolvidas com o trabalho do grupo e que dedicam então horas e horas de trabalho pra manter todo o projeto existindo, elas passaram a ter uma grana pra viver. Mas que também… assim como tem, acabou, acabou, a pessoa vai fazer outra coisa e vai continuar dando seu melhor tempo pra fazer o trabalho no Ói Nóis. Então a questão da grana no Ói Nóis é… é um trabalho profissional porque sempre foi o melhor tempo que se tinha pra ensaiar é esse… é esse… então o melhor tempo. E sempre ensaiou muito, sempre pesquisou muito… um espetáculo nunca ficou pronto em três meses, isso nunca existiu no Ói Nóis, sempre se ficou muito tempo pesquisando pra fazer um trabalho. No entanto, não tá ligado profissionalismo a essa idéia de: “ah então, tu te mantém com seu trabalhoâ€. Não. Não é assim até hoje. Hoje tá. Hoje a gente tem patrocÃnio, as pessoas tem grana, claro, que aà elas podem se dedicar integralmente ao grupo, mas isso não é sempre e isso não é a prioridade. Porque a gente mantém um espaço pra trabalhar que é um espaço que também é uma escola de teatro e isso é muito importante pro trabalho do grupo. Então a primeira coisa que se faz é garantir a sobrevivência desse espaço, porque ele também é a sobrevivência deste tipo de trabalho nessa independência no que dizer, no como dizer, no que nós queremos fazer, pra ensaiar na hora que nós pudermos ensaiar, porque são pessoas de muitos lugares que fazem o trabalho no Ói Nóis, tem que poder juntar todo mundo. Então, primeiro, desde o momento em que deixou de ser uma ditadura, voltamos a ser um Estado democrático, aà o Ói Nóis passa a disputar verba pública, volta a entrar em editais, essas coisas todas. Enquanto a gente ainda tava sob o regime da ditadura, não se disputava essa verba, pra não referendar esse Estado. Então, não se entrava nesse tipo de coisa, de tentar aquela grana pra ocupar aquele teatro, não, a gente buscava fora disso. E a partir do momento em que rolou a redemocratização tudo isso, aà o Ói Nóis vai discutir a história… então, agora nós podemos entrar? Vamos? O grupo decide que sim, que deve disputar. E aà é que ele começa a fazer isso, mas você pode ver que ao longo da história do Brasil, nesses últimos 30 anos que a gente vai falar da existência do Ói Nóis, não existe uma polÃtica pública efetiva pro teatro, então sempre foi essas coisas bem esporádicas que teve. E hoje tem muito mais do que tinha antes. Então hoje a gente procura garantir dentro do esquema do grupo que é coletivo, que tenham pessoas que possam, por exemplo, abriu edital, faz projeto, abriu edital, faz projeto. Teve um momento em de discutir pra ver se a gente ia ou não fazer projeto pra disputar esses recursos das leis de incentivo. O Ói Nóis passou muito tempo sem entrar na lei de incentivo porque sempre foi crÃtico desde o surgimento. Sempre expôs isso, por achar que é sacana esse esquema todo. Aà tem um momento que o Ói Nóis discute internamente e decide que… na verdade, foi até assim, ó… foi uma pessoa que disse: olha, tem uma estatal aÃ, vocês têm um trabalho que é completamente voltado pra comunidade de Porto Alegre, então se vocês entrassem na LIC, vocês teriam chance. E foi um cara que tava naquele momento no governo, o governo era petista, o cara veio dizer isso pra nós: “Entrem com o projeto que vocês têm condições de…”. Enfim, nunca teve esse negócio que ele falou, mas a gente acabou entrando. Esse momento dá origem a uma discussão interna no grupo se a gente ia ou não disputar. E aà a conclusão a que a gente chegou é que: esse dinheiro é público, esse Estado democrático é que garante que essa Lei seja assim como ela é, né? Ela existe e o governo Lula tá fazendo a mesma coisa. O Lula não mudou nada. Continuamos com a Lei Rouanet, esta merda, e não existe nenhuma coisa efetiva que dê espaço pro trabalho que não tem mercado porque não quer ter mercado, porque não é mercadoria… não existe. No governo do operário não existe isso. Ele continua tendo a Lei Rouanet. E isso é dinheiro público. Aà chega um momento que tu começa a ver que é importante… se tu acredita que o teu trabalho tem uma dimensão pública e que ele volta de alguma forma pra tua comunidade, não disputar esse dinheiro que é público, é quase dizer: não, tudo bem, dá só pro Roberto Carlos, tá ótimo, o povo precisa que ele faça show na Serra lá no Rio Grande do Sul… precisa… então faz isso… a Ivete Sangalo precisa… e aà a gente resolveu que não, que a gente ia tentar. Só que, claro, a gente começou a escrever os projetos do Ói Nóis. O primeiro projeto que o Ói Nóis consegue uma graninha da Lei Rouanet – não é da Rouanet, é da LIC – é o projeto da escola popular do Ói Nóis, é um projeto que o Ói Nóis já fazia. Então, o projeto que o Ói Nóis inscreve é sempre um projeto que é muito a cara do Ói Nóis, nós queremos fazer uma escola de teatro popular, nós fazemos um trabalho de formação que é popular – popular no sentido de facilitação do acesso e nessa idéia de que vai estar falando de algo que possa interessar a uma maior parte. Isso interessa pra alguma empresa? Pra algum marketing de empresa? A gente não inscreveu achando que alguma empresa ia se interessar, que o marketing ia achar que isso era “mó barato”, a gente pensou só que só vai nos interessar também ter esse recurso pra fazer alguma coisa que nos interesse fazer. Então a gente não se preocupou com o que nós vamos fazer… “ai, tem que ser isso, porque isso vai vender”. Não. sempre foi o trabalho do Ói Nóis, tanto que a manutenção que o Ói Nóis ganhou da Petrobras, pra o Ói Nóis a manutenção é fazer as sete oficinas no bairro que a gente faz sem grana nenhuma e que, então, tendo a Petrobras, a gente fez com as pessoas recebendo uma grana, tendo algum recurso pra se quisesse fazer um exercÃcio, comprar pano pra fazer um figurino, tu teria. Isso é manutenção do Ói Nóis… apresentar os espetáculos na periferia… isso é manutenção do Ói Nóis. Esse é o projeto do Ói Nóis, é tão importante quanto fazer o trabalho criativo, ir fazer essas oficinas. E isso o Ói Nóis faz antes da era do ONGismo, entendeu? Não é… “Ah, contrapartida social, porque agora dá dinheiro contrapartida social, então agora…”. Não. O Ói Nóis faz isso há muito tempo. Os caras que tinham grana davam dinheiro pra caxinha pro cara que ia dar a oficina poder ter grana pra passagem, porque como não se tinha recurso pra pessoa sobreviver, à s vezes a pessoa não tinha dinheiro pra passagem. Então o grupo tentava fazer alguma coisa pra dar o dinheiro pra pessoa poder ir pra Vila Goretti dar oficina porque nós querÃamos que tivesse uma oficina no bairro, não é porque alguém ia achar bonito, porque pra nós é importante, ideologicamente é importante. Olha, agora a gente faz isso, a não ser que a gente não tenha perna pra fazer a gente se inscreve em tudo quanto é edital, em todos, todos. Porque, como a gente teve patrocÃnio da Petrobras, vai ficar no imaginário das pessoas que o Ói Nóis tem patrocÃnio da Petrobras, e o Ói Nóis não tem patrocÃnio da Petrobras, entendeu? A gente tenta se inscrever em todos. E muitas vezes a gente não ganha porque: “não, já tem dinheiro…” e não, nós não temos dinheiro, então a gente se inscreve em todos. Lá existe um fundo que chama FUMPROARTE, mas que é assim tu ganha agora e só daqui uns cinco, seis anos tu vai conseguir ganhar de novo, porque é uma loucura, porque é uma grana bem pequena pra toda a produção de todas as áreas. Então tu disputa com cinema que já capta direto desse fundo 40% dos recursos.
Marta Haas: Mas, inclusive, a gente ganhou pra fazer as apresentações nos bairros que a gente tá fazendo em várias regiões de Porto Alegre, a gente ganhou.
Tânia: Agora. Mas fazia anos que o Ói Nóis não ganhava. Anos…
Marta: E tá fazendo já as apresentações pra ganhar a verba daqui a… sei lá quantos meses…
Tânia: E agora tá um momento… se a gente tivesse com mais alguma coisa a gente tava fudido. Porque a gente ganhou o Myriam Muniz pra fazer uma montagem nova, um espetáculo de teatro de rua, com um texto do Ariel Dorfman, que é uma alusão a um paÃs que teve ditadura militar e ele fala de um povoado onde todos os homens foram assassinados… foram “sumidosâ€, na verdade… sumiram com todos os homens, só ficaram as mulheres, o espetáculo chama Viúvas. E é um momento desse paÃs em que o discurso já não é mais “vai lá e mata”, já é o “gente, vamos esquecer o passado, vamos botar uma pedra em cima disso, vamos curar as feridas”. E as mulheres não têm mais seus maridos, não têm mais seus filhos e eles dizendo pra elas: “vamos acabar com isso, o discurso é do diálogo”, sabe aquele discurso bem pau no cú? Esse.
Marta: É aquela coisa: “a gente esquece a desobediência de vocês e vocês esquecem a nossa resposta rigorosa a essa desobediência”.
Tânia: Mas é bem esse discurso. E aà há algum tempo a gente vinha tentando… já tinha perdido alguns Myriam Muniz com essa peça e agora ganhou. E a gente ganhou esse edital, ganhou uma viagem da BR Distribuidora e esse lá de Porto Alegre. Então, a gente ganhou dois editais de circulação. Ah, e teve também o de rua. Nós vamos fazer os assentamentos do MST com o edital Artes Cênicas na Rua. Só no Rio Grande do Sul?
Marta: É, é. Porque pra sair do Estado não daria pra ir em 12 cidades, 6 assentamentos.
Tânia: A gente faz assim, a cidade onde tem o assentamento e o assentamento. Duas apresentações. E é bem difÃcil pra nós fazer isso de ir pro interior lá, porque tem alguns lugares que é bem longe e é caro ir, né? A gente precisa pagar o caminhão, mais…
Grupo Vilavox – Salvador – Bahia
Representantes: Cláudio Machado e Gordo Neto
Cláudio Machado: É uma pergunta… Na verdade, a gente hoje tá trabalhando sem uma estrutura financeira fixa. O que acontece é que de vez em quando, aquela velha história de sempre, o grupo consegue passar num edital, enfim, também busca através da realização de oficinas na cidade também extrair daà algum dinheiro, mas a gente ainda não tem uma estrutura que mantenha os seis integrantes do grupo de forma constante. Porque bilheteria, de fato, ainda não rola. Na Bahia a gente tem muitos editais públicos do Estado, acho que os principais são os que o estado promove mesmo, mas, além disso, tem os federais e os festivais.
Gordo Neto: A gente ganhou o Myriam Muniz em 2006 e montou um espetáculo, viajou com Caravana Funarte com esse mesmo espetáculo, são dois exemplos de editais federais.
Cláudio: Os editais Estaduais são muitos, mas tem o edital de manutenção de grupos que foi criado há pouco tempo, mas tem sempre o de montagem…
Gordo: Basicamente no estado, tem montagem, circulação pelo estado da Bahia, manutenção de grupo que foi uma chamada pública em 2007 e vai se transformar num edital agora em 2009, ou seja, 2008 não teve – vai lançar ainda esse ano. E você tem editais transversais, por exemplo, ocupação do Pelourinho com espetáculo de rua, tem alguns outros que o teatro pode estar.
Cláudio: E de teatro, por exemplo, que é pra uma única apresentação realizada num teatro do estado.
Gordo: E a prefeitura voltou, depois de muitos anos parado, com uma Lei de Incentivo, com um valor global anual ridÃculo, que não tem absolutamente nenhum significado. Olhe, eu posso estar sendo leviano, mas eu tenho certeza absoluta que não passa de 500 mil reais. O Fomento de São Paulo, por exemplo, você pode inscrever, pelo que eu soube, um projeto de até 600 mil reais. Então, você imagina, a manutenção da gente, por exemplo, em 2007 foi 80 mil pra um projeto de oito meses. Agora a gente já aumentou bastante isso, mas o maior valor é 180 mil até um ano, então estamos melhorando um pouquinho.
Cia. Vitória Régia – Manaus – AM
Representante: Diego Batista
Basicamente a companhia não tem nenhum recurso como um patrocinador ou alguém que invista, mas a gente consegue captar recursos de editais públicos do Estado e nacionais, como da Funarte. Tem o PROARTE lá do Estado, que é o único que está tendo agora, mas nós não temos Lei de fomento, nem incentivo municipal, nem estadual. A bilheteria em Manaus é muito complicado, porque não funciona. O governo tem um plano em que ele compra os espetáculos dos grupos e os grupos apresentam com a bilheteria gratuita, então se formou um público não pagante há muito tempo em Manaus. Então se um grupo local estréia um espetáculo e quer cobrar bilheteria é muito difÃcil, mas quem vem de fora, ganha bilheteria. E é muito raro ficar em temporada de um mês, dois meses. O que acontece é alguém que tem um espaço alternativo apresenta seu espetáculo ou viaja, sai do Estado… Mas lá não.
Grupo Experimental de Teatro Vivarte – Rio Branco – AC
Representante: Maria Rita Costa Silva
Há dez anos a gente trabalha junto e nós optamos por teatro de rua. A gente recorre a editais, lá a gente tem a Lei de Incentivo Estadual e Municipal, tem o Fundo Municipal de Cultura e tem alguns editais que de vez enquanto a gente concorre e às vezes ganha algum prêmio, como da Funarte.
O que você acha?