Barril

Críticas   |       |    1 de maio de 2007    |    0 comentários

Desce uma porção de Ângela Dip!

“Ângela Dip mostra de forma bem humorada a solidão de uma mulher que se contorce em 45 posições diferentes dentro do Barril, enquanto conversa sobre inúmeras questões cotidianas como velhice, criatividade e religião. Uma criatura idealista, inteligente, verborrágica e caótica.”

Assim está descrita a peça Barril, no cardápio do restaurante Teatrix, em cujo teatro podemos encontrar variadas opções de montagem de acordo com o dia da semana. Funciona mais ou menos assim: você chega no restaurante, pede uma porção de tremoço (não me lembro se está no cardápio, mas deve ter) dois guaranás zero (que agora estão na moda) e dois ingressos pra peça do dia (que também estão na moda).

A alternativa criada pelo Teatrix vem de encontro com uma demanda de criação de pequenas salas para um público de não mais de 100 pessoas, mas peca ao colocar a arte em segundo plano, quase como uma fachada pra vender mais tremoço.

Nesse contexto, a obra de Âgela Dip começa devendo para o público, ao fazê-lo ir até esse local para assistir sua peça.

Ok, imaginemos uma montagem da mesma peça no Limbo, separados das vãs questões de circulação do espetáculo. Bem, lá também teríamos problemas. Digo isso pra que o internauta que cai por nossas bandas entenda o meu medo: Vê essas fotos que aqui ilustram o que mal escrevo? Pois bem, a peça é isso.

Se existe algum mérito a ser apontado em todo o espetáculo, ele está nas imagens que Ângela Dip constrói só com o corpo, um vestido e um barril. A dramaturgia que deu a origem ao processo da peça é feita pela própria protagonista e mais parece um exercício mental de livre pensamento, necessário á partitura de um ator, mas desnecessário ou excessivamente didático quando falado. Minha angústia, querido internauta, é sentir que às vezes o teatro precisa de uma tecla mute para atingir sua plenitude.

Quisera muitos diretores terem tão versátil atriz como Ângela Dip para dirigir num monólogo de entrega total como esse. Mas Vivien Buckup não parece ter desfrutado muito desse privilégio, já que as marcações e a fluidez do texto (mesmo depois de oito anos com a peça viajando pelo Brasil) são mais um problema a ser ressaltado.

Para finalizar, gostaria de fazer um apêlo a todos os técnicos de som: por favor preocupem-se mais com o volume do áudio quando eles são tocados ao mesmo tempo que o ator fala. Muitos pontos do texto de Ângela Dip ficaram mudos por conta da falta de sincronia da entrada do áudio ou por conta do excesso de volume.

Enfim, rebarbas à parte, as imagens são realmente fenomenais.

1 viva e 1 vaia para o Teatrix

Todas as imagens que ilustram essa resenha são de Roberto Linsker e podem ser encontradas no pocket book “Angela Dip, por água abaixo”. Lá no Teatrix, entre um tremoço e outro, peça o seu.

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