Garota Glamour

Críticas   |       |    28 de maio de 2007    |    0 comentários

Totia Agita a Platéia

Foto: Frederico Mello

O público bate palmas, ri, vota, faz expressão de admiração, conversa, tira fotos, e até filma. Não, não se trata de um show ou programa de auditório, e nem de uma tourada, mas sim da peça Garota Glamour, que marca a inauguração do Teatro Nair Bello, no shopping Frei Caneca.

Com texto e direção de Wolf Maia, o musical se passa durante o concurso que vai eleger a nova garota glamour, em um dos primeiros programas de auditório televisionados a cores pela TV Tupi, em 1969. Assim, o conhecido diretor da TV Globo Wolf Maia consegue conciliar suas atividades nas duas mídias ao montar um estúdio de televisão, com direito a operadores de câmera e um televisor gigante como telão no palco da Nair.

Na história, a mãe de uma das candidatas (Totia Meireles) faz de tudo para que a filha (Paola Crosara) ganhe o concurso, apesar dela ser baixinha e desajeitada. A exemplo de um enredo de novela, a narrativa é entrelaçada por diferentes conflitos, como o do apresentador com problemas de ego, a relação amorosa de outra candidata (Elaine Mickely) e o roubo da coroa (oh!).

Contudo, todas essas histórias paralelas acabam sendo abordadas de uma maneira superficial durante os 110 minutos de espetáculo, sem explicações satisfatórias para as soluções dos conflitos. O apresentador Elísio Bellafonte (Renato Rabello), por exemplo, depois de enfrentar uma série de problemas com a direção do programa, sem mais nem menos, tem sua história resolvida. Como a peça também se propõe a retratar os bastidores do show, cabia uma saída pelo menos explicativa.

Ao invés de fechar os inúmeros enredos paralelos, o espetáculo se preocupa mais em entrelaçar o texto com números musicais repentinos e, às vezes, mal executados. Como nem todas as atrizes são dançarinas, algumas delas ficavam perdidas no fundo do palco em algumas coreografias. De uma hora para outra, as dez candidatas oficiais se multiplicam com a entrada das bailarinas – vestidas também como concorrentes – sempre mais à frente para darem conta do recado.

No número em que a mãe manipula a filha como se esta fosse uma marionete, a apresentação lembra uma cena de Chicago, famoso musical da Broadway. Nesse, o advogado Billy Flynn controla sua cliente Roxie Hart de maneira bastante similar, mas de uma forma melhor construída. Wolf Maia também não poupou recursos para fazer de seu musical uma super produção à moda Teatro Abril. Assim, as escadarias andam, o chão roda e o teto abre, tudo muito sofisticado.

Brincando com a idéia de ter uma platéia de auditório/teatro, os atores conversam com os espectadores, entregam folhetos e pedem o voto para escolher a garota glamour, em mais um exemplo de peça semi-interativa. Nesse momento, Totia agita a platéia e pede para os espectadores levantarem os braços, baterem palmas e cantarem as músicas, numa referência aos animadores de auditório tais como o Roque e o Liminha. O público realmente se diverte e se comporta como se estivesse em um programa de auditório, com conversas e fotinhos para guardar de lembrança. No final, ainda tem a oportunidade de “votar” em uma das candidatas.

Vale lembrar que a atriz que interpreta a candidata número 1 é Elaine Mickely, uma das participantes do Dança dos Famosos, todo domingo no Faustão. O público tem a chance de conferir o que ela aprendeu com o programa. Garota Glamour conta ainda com a participação dos atores Renato Rabelo, Luiz Araújo e “grande elenco”.

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