In on it

Críticas   |       |    2 de agosto de 2009    |    7 comentários

Uma parte de mim sonha e pondera. Outra delira – uma crítica dentro da crítica

Fotos: Divulgação
inonit

Com In on It, texto do dramaturgo canadense Daniel McCivor …

Ei, peraí, pra quê citar o autor, inclusive dar a nacionalidade dele logo no início da crítica?

Ah, porque eu pesquisei no Wikipédia. Pensei que o autor fosse americano. E lembrei que na saída do teatro lá em São José do Rio Preto umas pessoas de crachá e cachecol – talvez os tais senhores leitores críticos do Subjetivo- comentaram algo como: “ah, mas não teve trabalho de processo colaborativo a peça já veio prontinha…”

Mesmo assim, acho um começo meio normalzão demais, principalmente pra você que é metido a…. Deixa pra lá. Metido a. Bom, só falta você complementar dizendo algo como: “… o encenador carioca Enrique Diaz atinge uma espécie de ápice do depuramento técnico, mostrando as possibilidades de composição narrativa a partir da técnica do view point”.

Antes de tudo, se liga que o Enrique Diaz é peruano. Mas, você vai deixar eu fazer a crítica ou não?

Ah, vai lá, você é pago pra isso.

Não, na Bacante não pagam. E você sabe disso.

Ok, não tá mais aqui quem falou, vai em frente.

E outra coisa. Como é que eu ia falar em depuramento estético de view point se esse é o primeiro espetáculo do Kike que eu assisto, me diz?

Ah, darling, e como é que você se mete a escrever sobre um dos maiores….

Ô, ô. Guarda o adjetivo, tá. Toda geração de críticos começa justamente pelo que não tem. É impossível ter visto tudo. Sábato não viu o João Caetano em cena, mas escreveu um livro sobre a arte de…

Não foi o Sábato, foi o Décio…

Ah, dá no mesmo. Sábato, Décio, Bárbara, Francis… Vê só quando essa geração crítica surgiu começou do que eles não tinham… É óbvio, cara. Logo, a crítica teatral é a única de todas as artes que uma nova geração de críticos começa pelo que não tem, pela incompletude. Daí que um jovem crítico tem obrigação de ser um retrato do tempo dele, porque…

Tá ficando pesado, volta pra crítica. Até por que o que isso tem a ver com In on it?

Tem a ver que eu acho que o Kike tá dando o pontapé pra se tornar um monstro sagrado. Tipo ser tombado pelo Sesc…

Ai, você é chato, né? Qual é o problema em fazer um puta espetáculo, com uma atuação irretocável, um texto bacanérrimo, com cenas absurdamente bem desenhadas. Lembra daquela cena deles jogando tênis?

Era squash…

Ô… Mudou muito, né? Qual a diferença, squash, tênis…

É, não faz nenhuma, né?

Pra mim não, o que importa é como ele conseguiu estabelecer o jogo dentro do jogo, e ainda dizer aquele texto bacana, reflexivo…

Reflexivo? Fofo não?… “reflexivo”

Ah, deixa de ser boçal. O texto era reflexivo sim. Dizia lá sobre os 20% das pessoas do mundo que ficam com 80% das riquezas…

Sabe que eu concordo com você.

Ah é?

É sim. No fundo, o que importa não é nem se é squash, nem tênis, como não importa que texto seja, de que lugar o Kike esteja falando, sabe. Era como um exibicionismo de forma, de preciosismo, de competência narrativa, de precisão técnica, como as luzes marcando a peça dentro da peça, o código voltando pra si mesmo…

Olha só quem tava me condenando os adjetivos indagorinha.

A pergunta é: pra que o Kike montou aquele texto?

E tem que responder esse tipo de pergunta?

Pra você, responder esse tipo de pergunta não é importante?

Pra mim, é só fazer um espetáculo bem feito e eu já tô me divertindo.

Tchau.

Tchau como? Tu tem uma crítica toda pra escrever.

Não, eu vou embora. Eu me divirto fazendo perguntas.

Ah, é. Então toma essa: Olha, pra frente, e os leitores? Vão ficar sem estrelas?

Tchau

Você não pode se levantar assim não, tá todo mundo lendo…

enrique diaz

1 – cena do Auto da Compadecida que não me saiu da cabeça:
Kike fazendo o cangaceiro que não gostava de matar

'7 comentários para “In on it”'
  1. Raphael disse:

    Nem li essa crítica, esse cara que escreveu é um merda, não entende nada de teatro. Só porque todo mundo fala bem de uma peça, o cara vai e fala mal. Previsível, pedante, porcaria.

  2. astier basílio disse:

    Olá Rafael,
    a gente até que poderia trocar uma ideia.
    Minha sugestão é que você leia o texto.
    Posso até não entender nada de teatro – acho que eu não disse que entendia ali em cima, se você ler vai ver isso – mas não posso balizar minha crítica
    sob o argumento simplicista de “todo mundo fala bem”.
    E se você ler, não é tão longa, sabe, tenta,
    vai ver que eu simplesmente “não falo” mal.
    Não te condeno, a gente está muito acostumado com maniqueísmos de bom, mal, regular e ótimo
    cotado em estrelinhas.
    Acho que é possível raciocinar para além dessas categorias hierarquizantes que adoram jogar adjetivos vazios, né.
    abraço

  3. Stace disse:

    arrazou, primo Basílio!

    huehuehueheuhue

  4. Leo disse:

    atenção: a técnica é “viewpoints”, de anne bogart, e não “view point”!
    e…
    faça-me o favor! críticas de verdade da próxima vez. isso aqui virou palhaçada.

  5. […] Emilliano Freitas X Astier Basílio […]

  6. […] In On It Elenco: Emílio de Mello e Fernando Eiras Classificação etária: 16 anos […]

  7. cgsmoura disse:

    Confesso que fui a In On It cheio de preconceitos. Não gosto de peças com muita exposição na mídia, não gosto do teatro da FAAP (em geral, casa de “teatrão”). E detestei o prospecto: superficial, egocentrado, narrando peripécias do histórico da produção e da relação dos atores-diretor, com os clichês tietosos de praxe sobre o autor, sobre o texto etc. Virtude da peça (me recuso a chamar de espetáculo, e agora me apóio no texto desta mesma peça), que me fez sair de lá com a convicção de ter visto um bom teatro. O contraponto das 3 narrativas é muito bem organizado, ajudado por uma boa direção que traça as fronteiras com precisão (se não traçasse, talvez eu desse mais estrelas). O texto é sutil e emocionante. Há personagens de breve passagem, que ainda assim têm personalidade. Os atores se revezam entre os personagens e entre os planos com grande competência. Como pontos negativos, os temas tratados ficam no limite da narrativa casual, não se aprofundam e não propõem uma consideração filosófica mais profunda. E poderiam. E o autor (ou o diretor, isto eu não sei porque não li o texto original) parece perder um pouco o ponto ideal de parada. O escuro pós acidente, que leva a platéia aos aplausos, seria o ponto ideal da missão tranformadora da arte (vox populi …).

O que você acha?

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