Monólogo da Velha Apresentadora
Uma crÃtica passada
Fotos: Nelson Kao
Gente, estou chocada. Cho-ca-da. Uma amiga viu na Veja que havia em cartaz na cidade um monólogo sobre uma famosa vedete dos tempos do teatro de revista. Dia desses mesmo eu e ela conversávamos sobre como era aquele tempo do Teatro Brasileiro que não volta nunca mais, e repentinamente soou interessante a oportunidade de reviver tudo aquilo, sob o ponto de vista de Alberto Guzik, que também foi crÃtico e que, imaginávamos, sabia o que estava fazendo.
Lá chegamos, as duas, elegantes e perfumadas procurando o teatro que não achávamos nunca. Quase desistimos quando decidimos perguntar a um mocinho que bebia cerveja na calçada dum boteco onde era o tal do Teatro dos Satyros. Que horror, era ali mesmo. Já haviam me contado que era um lugar obscuro, mas achei que pelo menos tinha cortinas vermelhas. Não era propriamente um teatro, mas um espaço que não tinha poltronas no foyer para que o público aguardasse confortavelmente o inÃcio da sessão pois, bem, no lugar do foyer havia um botequim! Onde é que já se viu? Onde é que foi parar o respeito à s artes, Deus do céu?
É uma pena, realmente não estamos mais vivendo nos tempos em que teatro era feito com charme, respeito, plumas e elegância – inclusive esse foi o motivo que fez com que eu me afastasse da crÃtica. Eu e minha amiga, a chiquérrima Hebe Carvalho, já desacreditadas de que verÃamos ali o teatro de revista representado tal como era, decidimos apenas assistir, para ver se encontrarÃamos na apresentação do Albertinho, um menino que vi crescer na crÃtica, ainda novinho, um pingo do glamour do passado.
Quando o vi entrar em cena sem figurino, sem maquiagem e conversando com o público (que ria descaradamente, por sinal) como o próprio Guzik, imediatamente pensei “ou esse menino enlouqueceu, ou não aprendeu nadinha de nada com os anos de crÃtica! Onde é que já se viu uma pouca-vergonha dessas?”. Fiquei ainda mais escandalizada com o despudor da produção: não fizeram questão alguma de decorar o espaço com um cenário, com uma iluminação arrojada ou com uma trilha sonora condizente com o tema abordado. Tudo soava incorreto. Gente, no meu tempo, essa coisa que esses jovens hoje chamam de teatro contemporâneo tinha outro nome: desleixo!
Isso pra nem entrar na questão dos palavrões, absolutamente desnecessários para os ouvidos de senhoras dignas como eu e minha amiga Hebe. Aquela personagem, a Febe Camacho, é uma grande ofensa para a sociedade e para a história do teatro brasileiro. Onde é que já se viu escancarar tantos escândalos sobre o passado das artes brasileiras, ainda que fossem verdade? Gente, tem coisas que todo mundo sabe, todo mundo concorda, mas que não podem ser ditas. Não é politicamente correto e tampouco é de bom tom. Talvez não seja por acaso que eu nunca havia visto algum outro texto de Marcelo Mirisola apresentado numa montagem digna e com grande elenco…
Após o show de desaforos, que graças a Deus durou menos de uma hora, saÃmos e, no caminho, tivemos de passar em frente à s ruÃnas do teatro Cultura ArtÃstica. Não sei se aquilo simbolizava os resquÃcios de um tempo em que as artes eram mais chiques, só sei que esse passeio pelo centro me fez lembrar de uma peça que vi ali há pouco tempo, com a filhota de minha amiga Fernanda Montenegro, a Fernandinha. Outro monólogo também de uma senhora de idade que falava de sua vida sexual. Sem desaforo, sem ofender ninguém, no maior respeito. É como se esse Monólogo da Velha Apresentadora do Alberto Guzik fosse um negativo daquela peça que mostrava o sexo, digo, as relações amorosas, como uma virtude, e não como avacalhação (como deve ser dentro do quarto, nos limites da intimidade).
Eu e Hebe fomos em seguida à rua Avanhandava nos questionando não sobre o tÃnhamos acabado de ver, mas pensando na Veja, que deu espaço para aquela peça que vimos. Ai minha gente, que lamentável. Nós somos do tempo em que a revista Veja derrubava presidentes e era o orgulho do paÃs, puxa vida. Onde é que esse mundo vai parar?
2 amigas que zelam pela tradição, inconformadas com o que viram
Dona Bárbara, digo, Tábata: a senhora odiaria Shakespeare se fosse contemporânea dele.
(Escapo por muito pouco, aliás).
*escapou
adorei a critica!!!
Quanto ao espetáculo, respeito sua opinião. Quanto ao teatro…tipo…vc NUNCA tinha ido ao Satyros? Eu desisto de ler crÃticas na Bacante.
Jaques, quanto ao texto… tipo… vc NUNCA tinha vindo à Bacante?
Tabata é nome de xoxota.
Pobre da filha da feiticeira.
Ou não, afinal pode ser uma homenagem.
O Mónologo não representa nada mais que um momento de descontrole de uma senhora que poderia muito bem se chamar Tábata Neoniodora, uma mulher de respeito e talento.
Honestamente não entendi o texto acima ser publicado num espaço reservado a crÃtica teatral, mais parece um diário de desabafo, com todo respeito, de alguém que não se encaixa nos dias de hoje e que muito menos está ciente da cena teatral paulistana e mais ainda, não consegue compreender que além dos tempos serem outros, há muita graça e cultura além do Ristorante Famiglia Manccini mesmo sem as cortinas vermelhas. E temos que concordar, ainda bem que a veja não derruba nem levanta mais ninguém neste paÃs, isso sim era vergonhoso!
Carolina Angrisani!
Você não entendeu a ironia, minha cara. Provavelmente não conhece o conteúdo do monólogo. Essa crÃtica é excepcional, mas confundiu muita gente boa – como vc, provavelmente. O pessoal da Bacante foi excepcional, e a crÃtica é elogiosa, acredite. Faz o seguinte, escreve pra mim que eu te mando o texto original (walber_schwartz@hotmail.com). Tenho certeza que tudo vai ficar mais claro. Ou então leia a entrevista que fiz com o Guzik no http://www.CultBlog.com.br.
Abraços,
WS
Oi Walber! Já fui informada sobre a grande brincadeira que fizeram e reconheço a genialidade disso tudo. Mas mantenho minhas palavras para as “Tábatas” que ainda existem de plantão. Obrigada.
Gente,
Cruzes. Estou pasma com ó que acabei de ler. Quem é essa mulher? Seria uma zumbi nazista, reacionaria ou somente uma maluca, uma perua que de tão chique é ficou tão burra e naif a ponto de citar o tempo em que uma revista tirava ou colocava presidente ou seja apoiava a ditadura? a Barbara critica a peça apoiada no texto, encenação, por isso é respeitada. Agora essa aÃ. o que ela escreveu? Nada. A não ser suas observações pessoais, observações que revelam um ser desprezivel.
ahm entendi. mas não briquem assim. que susto.
Brinquem assim, sempre. Genial, bacantes, fiquei fã.
que horrivel nada a ver que mais chTAMND KFTMN ED QUE NAO ENTENDI ESSA LETRA E BURRO SDEFHFSHBTHHNJNNNNNNNNNNNNJH
[…] fila pra assistir a Velha Apresentadora. Velha que é mezzo-Guzik mezzo-Mirisola. O Mirisola diz que tem medo da velha. O Guzik adora. Eu […]
Juro que consigo entender boa parte das pessoas, mas confesso que não consigo gostar de todas…
Com isso consigo me analizar e me respeitar, no que diz respeito a meus gostos pessoais. Têm atitudes minhas que não gosto, isso é um fato.
O que não creio que seja correto é tentar mudar a opinião dos outros simplesmente porque não gostamos disto ou daquilo.
Acho estranho que essa senhora tenta se assustado tanto com a peça, e depois saiu numa boa caminhando pelas ruas, absorvendo poluição, barulhos de carros, pessoas caidas pelas ruas, crianças se drogando nas calçadas, guerras, estupros, polÃticos safados e tantas outras coisas que fazem parte do mundo moderno e principalmente desse pais de merdas que somos e não se assustou mais ainda.
Sei não. Ou ela estava trancada há uns vinte anos num quarto escuro, ou é cega e só teve o prazer de ver essa peça ou a peça foi mais tranquila que o mundo lá fora e ela não soube se expressar.
De qualquer forma… Ta valendo, e o comentário dela serve para provar que ainda somos apreiadores da leitura, mesmo que da péssima escrita.
adorei esta peça, é demais. Recomendo.