Diário de Bordo 1

Especial   |       |    23 de março de 2009    |    0 comentários

Diário de um carnaval de três meses – capítulo 1

Uma self-ego-auto-umbigo-trip momentânea. Mas passa.

Andando pela orla de João Pessoa, conversava com o Astier Basílio pela nonagésima vez sobre a função da crítica. Astier é jornalista e cobre o teatro e literatura para o Jornal da Paraíba (ok, não deveria, mas acabei revelando sua indentidade não muito secreta) e essa condição o leva a escrever muito sobre coisas que estão acontecendo agora: livros que mal foram lançados, peças que acabaram de estrear.

É sem dúvida uma posição incômoda a de acompanhar o que acaba de sair. Seremos impressionistas, contra isso não podemos lutar. Injustos, muito injustos. Mas teremos feito algo que daqui a 20, 30, 100 anos será ao menos um registro. Astier me pergunta: “quem vai acompanhar o que está saindo agora? Porque a academia não vai”. E nós também não temos todo esse saco.

É por isso que as coisas mudaram substancialmente por aqui. Você deve ter visto a quantidade de textos que estão saindo. Caíram muito e talvez caiam mais. Porque é difícil fingir que fomos tocados por um espetáculo, quando verdadeiramente isso não aconteceu. E em muitas edições de 2008 forçamos a barra pra escrever uma crítica.
A idéia toda se simplificou: agora escrevemos por potência. Só ela vai nos fazer encontrar tempo. Você, desprevenido ator, que nos convida para ver e escrever sobre uma peça, pode se frustrar. Não temos mais problema com frustração. É interessante notar, depois de quase dois anos de revista, que o que o Yan Michalski falava sobre a crítica na década de 80, sem internet e nem a noção do turbilhão de informação que nos carregaria nos próximos anos, já dava conta desse mal estar de quem se obriga a ver de tudo (ou é obrigado, no caso de quem ganha o pão com o jornalismo cultural).

Seguimos com um projeto utópico. Ganhamos um edital e a Bacante não se paga. Estamos inscritos em outro e a revista não vai se pagar mesmo que ganhemos. Agora, mais do que antes, queremos que mais gente faça o que a gente convencionou chamar de crítica. Escrevemos menos, mas temos mais vozes por aqui. É com orgulho de verdade que explico pro meu pai que na revista que nós criamos tem gente de pelo menos sete estados escrevendo. Não porque isso seja sinônimo de qualidade (foda-se a qualidade) nem de audiência (foda-se a Globo), mas sim de diversidade.
Os três primeiros meses de 2009 (que férias!) foram importantes para repensar o que faço ao colocar essas linhas publicadas no meio do turbilhão. E a conclusão é que não vou desistir de tomar porrada em comentário sem noção, nem vou deixar de ser impressionista, mas só vou escrever quando quero, sobre o que quero. É isso que vai me dar a chance de produzir diálogos críticos. Coisas que valha a pena serem lidas.

Então vamos ao que interessa, de trás pra frente, escrever sobre tudo que foi legal nesse período.

Ele Precisa Começar

Um dia (quase) igual aos outros

Dois Irṃos РDue Fratelli

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