O Casamento do Pequeno Burguês
Festas de FamÃlia
Foto: Pablo Pinheiro
Festa de FamÃlia, de Thomas Vinterberg, foi o primeiro filme do movimento Dogma 95, que propunha uma radicalização estética no sentido de reduzir o fazer cinematográfico ao mÃnimo e de alterar a relação ator-câmera, colocando o primeiro no comando. Muito mais pelo enredo do que pela linguagem, Festa de FamÃlia nos faz lembrar O Casamento do Pequeno Burguês, que esteve em cartaz no Tusp, com o Grupo de Natal (cidade do Rio Grande do Norte, não a festa do gordo barbudo) entrevistado pela Bacante, Clowns de Shakespeare.
Em O Casamento, Bertolt Brecht revela o que está nas entrelinhas dos diálogos em festas familiares e, por meio do humor, nos faz refletir sobre aquilo que a vida não deveria ser. Talvez fosse isso que os Clowns gostariam que entendêssemos ao iniciar a peça, já que a moral da história nos é apresentada antes mesmo da fábula. Descontado o desacerto na fala do personagem de Marco França, embarcamos numa releitura do universo familiar muito mais divertida (no sentido de dar risadas sinceras) do que a releitura de Festa de FamÃlia – mas nem por isso menos niilista.
Os Clowns radicalizam as tensões sexuais na história de Brecht e adicionam um pouco da picardia nordestina de que eles comentam na citada entrevista. Lembro da minha vovó começando a frase que nunca acabava “por fora, bela viola…”. Enquanto a festa vai passando, vão desmoronando literalmente todas estruturas que sustentam os personagens, no caso, os móveis.
Com partituras que se assemelham à dança, gags incorporadas que quase sempre funcionam e uma trilha que conduz a peça tanto quanto ou mais do que boa parte da coreografia, os Clowns conseguem se apropriar do texto de Brecht com autonomia. Tal e qual a peça Festa de Abigaiú (tão notando como a palavra festa tá em todas quando o criticado é o burguês?), refletem a platéia em cenas que chegam a ter luzes acesas sobre o público.
Talvez o ritmo da peça, mesmo com a ajuda da música, ainda não tenha atingido a velocidade a que pode chegar. Esta opção nos faz ao mesmo tempo pensar que existe a sugestão da monotonia e/ou a coisa pode ser mais rápida mesmo. Fica, ao fim e ao cabo, a imagem da cristaleira, que emperra e não mostra o que esconde a burguesia, sugerindo as agressões presentes em Festa de FamÃlia e o que não é dito, mas está no palco em A Festa de Abigaiú. Os Clowns deixam então a sua marca com Brecht, dialogando com muita gente do seu tempo.
3 festas que parecem da mesma famÃlia
oie eu adorei esssa peça gostaria de ver de novo bjsss
quero receber todas as noticias do casamento do pequeno burgues