Quixote

Críticas   |       |    22 de maio de 2009    |    20 comentários

Eu aumento mas não invento

Foto: Ludimila Loureiro

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Pegando carona com uma amiga pra ir ao trabalho, comentamos sobre o circuito do Centro Cultural do Banco do Brasil que passaria por Uberlândia. Ela viajaria na quarta-feira e perderia grande parte da programação.
РAh, mas hoje tem Quixote, uma pe̤a de Belo Horizonte.
РEmilliano, eu tenho muita pregui̤a desse texto. Nunca vi nada bom feito com ele.
РMas a dire̤̣o ̩ da Rita Clemente.
– Quem?
РA mo̤a que dirigiu Amores Surdos, que ̩ muito bom.
– É, até que as fotos são bonitas, mas não me convence.
Tem pessoa que tem a cabeça bem dura, e não adianta dar qualquer argumento que não vai abrir mão de suas convicções. Uma pena, porque eu fiquei sem a carona dessa amiga pra ir ao teatro (e chegar uma hora antes pra pegar os convites exige uma disponibilidade enorme). Utilizei o argumento da direção da Rita Clemente e das fotos bonitinhas com outras pessoas e consegui além de carona, mais uma galera pra ir ao teatro numa segunda-feira.
O duro quando isso acontece, é que todo mundo que convoquei via msn, gtalk, telefone e orkut abrem um sorriso bem grande no final da peça e me perguntam: “Gostou?”. A única resposta cabível nesses momentos é um “interessante”, porque não diz nada e de quebra ninguém vai falar que sou chato. A não ser quem me conhece bem, e sabe quando fico inquieto na cadeira e olhando no relógio sem parar, o quanto está sacrificante para mim estar dentro do teatro, o resto das pessoas contentam com o interessante. Isto, dito com ar blasé, proporcionou escapar de boas chances pra expor o quanto tinha sido chato ficar aquele tempo todo dentro do teatro, mas consegui ouvir coisas muito melhores e tão interessantes quanto as da minha amiga que tem preguiça do texto do Cervantes.
Na saída do teatro, enquanto comprava uma pipoca, ouço:
– Adorei o cenário. Vocês viram a forma como usam tudo, aquele poço, as atrizes saindo de dentro daqueles livros. E aquela coisa que roda é o melhor.
Alguém rebate:
– A Máquina do Falcão que tinha o Capitão Nascimento no elenco também tinha um palco girando, mas era outra coisa.
Não rodava por rodar, explicando o signo no texto que a vida da gente é como alguma coisa que roda. Tinha porque estar lá.
РMas voc̻ viu que tudo era meio reciclado?
– Essa consciência ecológica pra falar que é politicamente correto não cola.
– Mas você já viu o Ovo de um povo de Brasília? É tudo reciclado e tão bonito.
Saí antes de ouvir o desfecho da conversa. Pegando novamente uma carona, muito mais interessado em conversar sobre quem estava na platéia do que propriamente na peça, a motorista faz uma conclusão:
РNossa, o povo ri de tudo. Voc̻ reparou que quem ṇo riu das piadinhas do Sancho Pan̤a foram as pessoas que esṭo acostumadas a ir ao teatro?
– Ele tava forçando a barra pra ser carismático.
– Era muito falso.
– E nós, a platéia, parecia que não existia. Não tem porque esse tipo de coisa num texto como esse.
– Viva a quarta parede!
O dia após o espetáculo, quando eu ainda me perguntava o que a montagem estava fazendo na programação do evento, meu msn começa a pular janelinhas:
– Gostou Emilliano?
– Interessante… e você o que achou?
– O elenco era muito desnivelado, e cada um ia seguia um caminho diferente em suas atuações. (esse diálogo se estendeu por umas dez linhas, visto que essa pessoa queria expressar o quanto sabe discursar sobre o assunto, mas resolvi resumir pra não perdermos tempo).
Quando uma janela surge na tela de um amigo que provavelmente não queria conversar sobre a peça, resolvo provocá-lo:
РO que voc̻ achou de ontem?
– Ela tá muito gostosa. Ainda bem que largou do namorado e emagreceu.
РṆo s̫, falei da pe̤a.
– Ah… achei legal… mais legal plasticamente que “atuaçãomente”. Não me atraiu muito, ficou focado no visual e os atores foram esquecidos, ou foi opção mesmo deles, pode ser que seja isso.
РE a adapta̤̣o do texto?
РFoi fiel e companheira n̩? Pena que nem todas as mulheres ṣo assim.
Essa resposta, apesar de não dizer quase nada, parecia me dizer o porquê do Banco do Brasil abrir o seu evento com Quixote. Era um texto clássico, com uma direção cheia de gracinhas, efeitos na luz e cenário, atores com voz empostada e marcações exatas. Provavelmente é tudo o que uma montagem pra agradar multidões precisa. O problema é que apenas poeira saindo dos livros e atores tentando incorporar as personagens não dão conta de prender o público durante mais de uma hora, com uma história que todo mundo já conhece. Faltou uma coisinha de nada: apropriar-se do texto. E não há palco giratório que salve uma coisa dessa.

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09 pessoas decepcionadas com o meu convite de ir ao teatro.

'20 comentários para “Quixote”'
  1. astier basílio disse:

    será q a Rita clemente tá virando a Shyamalan de saias do teatro?

  2. Primo vc é tão cult que pra entender suas piadas a gente que é mortal (e não grava o nome dos diretores de cinema americano) tem que jogar no Google. hehhehe
    Mas assim, só vi duas peças dela. Queria ver o seu trabalho com o Luna Lunera “Nesta Data Querida”, mas nem sei se tão rodando com essa peça. Tem também um “Dias Felizes” que ela dirigiu e tem umas críticas bacanas. É pagar pra ver né!

  3. Astier Basílio disse:

    sou cult não, sou Bravo!
    (essa foi infame!)

    Na boa, o “Dias Felizes” eu vi e gostei.
    O último dela, em Curitiba, acabei não vendo, mas a própria bancada mineira me desaconselhou…

  4. mineiridade dá no saco disse:

    Sou de BH e como toda pessoa, gosto de falar mal, sinceramente não tenho paciência para o teatro mineiro. Quando não estamos na famosa linha Galpão, pão e circo de ser e toda essa mineiridade latente e mambembe com 1 milhão de reais de patrocinio da petrobras… temos a outra linha vinda diretamente da cia clara de ser (que o espanca sugou até o osso e como são mais criativos, melhores artistas e com mais sorte deram certo), com seus textos singelos e aura “amelie poulain” de ser também me dão no saco… esse teatro teatral que finge que é metalinguagem que não está interpretando, que finge fingindo que você está sabendo que você está fin…enfim, você entendeu….
    Não que eu não veja o trabalho deles e pense “que legal, bacana”. Rita Clemente é outra que tem me dado no saco, esse povo vem fazendo a mesma coisa faz anos e tem gente que ainda quer falar que é inovador… preciso falar que isso é uma crítica quase direta ao Espanca? Gosto de “Por Elise”, mas
    Já o Luna é o tipo de grupo que gosto muito, o primeiro trabalho deles como formação de curso no Palácio das Artes- CEFAR é exemplar, “Perdoa-me…” do Nelson, com certeza melhor montagem da escola. “Nesta data querida” é mediano, me arrisco a dizer que Rita Clemente quase fode tudo. “Não desperdice sua única vida” é muitissimo bom, mais uma vez os atores são muitissimos bons, a diretora Cida Falabella que trabalha com teatro épico e com um teatro mais engajado e comunitário, não tem fama de ser uma boa diretora de atores mas conseguiu fazer um belo trabalho. Agora minha menininha dos olhos “Aqueles Dois” que belezura é assistir esse espetaculo, simples, bonito e bem feito…e ainda é teatro, olha que maravilha… o ultimo deles confesso que não gostei muito…
    Agora a 4compalito que é esse grupo do Quixote eu enquadraria eles no campo “galpão teatro mineiro de ser”, inclusive pois a cia foi formado pelo Oficinão do Galpão Cine Horto…
    Em fim uma breve metralhadora de bobagens rancorosas…amém!

    obs: artistas mineiros se matem! (isso inclui vocês também do clube da esquina)

  5. Juli disse:

    Emilliando,

    Só pra dizer, em nome da Bacante, que nós gostamos de você e, por enquanto, preferimos que você não se mate, ok? Até porque acho que quando o moço de BH sugeriu isso, ele nem imaginava o palhaço que vc é…

    Ei, Moço de BH, vc poderia escrever mais sobre a peça mais recente do Luna Lunera, né? Fiquei curiosa…

    Beijos.
    Juli =)

  6. Mineiridade dá no saco (nunca vi um apelidinho tão estranho), nem todo mundo gosta de falar mal. Eu começo a me retorcer quando tenho que pega no pé de alguém (como nessa crítica). Tenho sempre a esperança de que vou ver algo bem bom, quando me disponho a ir ao teatro (tanto que muitos espetáculos nem vou, por puro preconceito de sair entediado e depois ter que falar mal).
    Adorei suas denominações, como a linha do Galpão e afins, a pão e circo de ser, e a aura “amelie poulin” da Cia. Clara e afins. E isso é claro entre os artistas mineiros, visto que quando eu comecei a trabalhar com teatro todo mundo queria ser o Galpão, e hoje todo mundo quer ser como o Espanca. Isso não é ruim, visto que são grupos que tem uma identidade muito forte, fazem um trabalho muito bacana, e têm ótimos patrocínios. Lógico que cada grupo deve realizar um trabalho que tenha a sua cara, e isso leva um certo tempo. Acho que um dos melhores exemplos é o Luna Lunera, que apesar de ter tido uma estréia de sucesso, teve sua consolidação e reconhecimento depois de um tempinho (ralando muito).
    O que vc chamou de aura “amelie poulin” tá meio difundido em muito grupos no mundo inteiro. O Fabrício até citou em uma crítica de “Dois Irmãos” esse lance meio ecológico dos alunos de Elefante e as viagens de kombi de Little Miss Sunshine. Esse desleixo aparente com músiquinha indie ao fundo conversa muito com a minha geração, e vai ver por isso que a Cia. Clara e seus seguidos (mais bem sucedidos ou não) tem muito o que dizer pra gente. Lógico que falta arriscar mais, e acredito que o Espanca está partindo pra isso (ou você acha que “Congresso Internacional do Medo” seja uma unanimidade?).
    Acho que tem muita coisa boa sendo produzida em Minas, como as produções da Cia. Terceira Margem, o Zap 18, o Ponto de Pardida de Barbacena, Trupe de Truões daqui de Uberlândia. Vale a pena dar uma fugidinha do eixo dos cadernos dois.
    Não fique rancoroso! Tire esse ódio do coração, dê uma voltinha por outros eixos e volte pra BH. Você verá que tem muita coisa sendo produzida por aí. E relaxe, melhor escutar o violão do Clube da Esquina de vez em quando nos espetáculos, do que se deparar com músiquinhas do Radiohead em 8 de cada 10 espetáculos (ou pior, músicas francesas). É menos óbvio.

    Pode ficar tranquila Julie eu não me matarei. Mesmo que para alguns a crítica esteja morta, seremos zumbis por muito tempo!
    E por favor ninguém se mate! Velório de artista de teatro deve ser terrível. Fico pensando no desfile de óculos escuros gigantes no cemitério, e a quantidade de Chicabom sendo vendido na porta do mesmo.

  7. astier basílio disse:

    Não se mate

    Carlos, sossegue, o amor
    é isso que você está vendo:
    hoje beija, amanhã não beija,
    depois de amanhã é domingo
    e segunda-feira ninguém sabe
    o que será.

    Inútil você resistir
    ou mesmo suicidar-se.
    Não se mate, oh não se mate,
    Reserve-se todo para
    as bodas que ninguém sabe
    quando virão,
    se é que virão.

    O amor, Carlos, você telúrico,
    a noite passou em você,
    e os recalques se sublimando,
    lá dentro um barulho inefável,
    rezas,
    vitrolas,
    santos que se persignam,
    anúncios do melhor sabão,
    barulho que ninguém sabe
    de quê, praquê.

    Entretanto você caminha
    melancólico e vertical.
    Você é a palmeira, você é o grito
    que ninguém ouviu no teatro
    e as luzes todas se apagam.
    O amor no escuro, não, no claro,
    é sempre triste, meu filho, Carlos,
    mas não diga nada a ninguém,
    ninguém sabe nem saberá.

    Carlos Drummond de Andrade – mineiro.

  8. Bom, não sei qual dessas amigas q vc citou na crítica sou eu. hahaha Acho q foi qnd falei do ator q interpretava o Sancho Pança. Nesse tipo de peça, q não interage entre os elementos q apresenta, sempre precisa de um ator pra forçar a barra. As vezes nem o ator percebe, é inconsciente, uma busca pela aceitação da platéia, atores q talvez nem acreditam no trabalho q estao fazendo. Não sei…posso estar erradíssima. Ficam as percepções.

  9. mineiridade dá no saco disse:

    Caros colegas da Bacante, não estou falando que não há boas coisas em BH, mas poderia fazer um panorama por aqui e ainda assim afirmar que a cidade tem trilhões de grupos, bons atores e etc, mas devem ter uns 25 anos que estão fazendo a mesma coisa…
    Farei uma apanhado dos grupos de BH que eu lembrar (tirando os “grupos” da Campanha.. não coloquei Cangaral produções de “Um Espirito Baixou em Mim” , serei elitista e não os considerarei teatro).Vamos lá que isso vai ser divertido:
    – Galpão: já dito lá em cima pão e circo, arroz de festa, palhaço, música e mineiridade… só com isso poderiamos eliminar metade das produções de BH.
    – Cia Clara/Espanca : quase a mesma coisa os dois, tirando que Anderson Anibal deve ficar puto pois sua companheira deu mais certo. Ahhh e realmente Grace escreve melhor do que ele… mas enfim, tudo a mesma coisa, mas como já dito Espanca! é melhor… (Emilliano, o que tem de “experimental” em “Congresso Internacional do Medo”? Que não é uma unanimidade isso é claro, tirando os bailarinos o ponto de partida é o mesmo, texto, resquicios de “finjo mas não finjo que não estou fingindo…”, palco italiano, apelo sutil ao emocional).
    – Luna Lunera: Sem querer ser parcial e já sendo, sinceramente, um dos únicos grupos que realmente vale a pena sair de casa(e olha que eu vou muito em teatro). Do último espetáculo seria até uma sacanagem eu que estou cobrando tanta inovação falar mal justamente dele, dirigido pelo bailarino Tuca Pinheiro é bem interessante e experimental, aponta para um forte vies da dança-teatro maaaaas descamba as vezes para o teatro… mas é bom, não serei cruel e só para falar que o Luna está me pagando para destratar os outros grupos de BH.
    – Zikzira (eles podem ser considerados de BH ou a sede de Londres deles o deixam chiques de mais?): Muito discurso, muito dinheiro, muito physical theater mas o último trabalho deles é um belo cocô enlatado do Piero Manzoni, muito conceito mas ainda um coco enlatado… mas Verissimilitude é bom, pena que eles voltaram a fazer teatro…
    – Terceira Margem: palhaço, me recuso a comenta-los… não que eu não goste palhaços, mas voltariamos ao galpão lá em cima.
    – Rita Clemente: voltariamos a cia clara/espanca…eu sei,eu sei veio antes mas não fez sucesso, logo vai ficar na sombra o resto da vida.
    – ZAP 18: quase um caso a parte, a historia da Cida se junta a um projeto que transcende o teatro, falar algo da ZAP seria como falar mal de Boal, e não estou falando que são espetáculos ruins, mas vão para além dessa minha grande piada de rotular,zuar e falar mal dos grupos de BH.
    – Odeon: senhor carlos gradim já tentou ser modernete, mas viu que ganhar dinheiro com projetos de lei de incetivo é muito mais jogo. “Amor e Restos Humanos” um ótimo espetáculo, o resto joga no lixo, taca fogo e enterra. Ahhh o Odeon deveria ser colocado como sintomático no Teatro Mineiro, ele também faz escola… escolinha melhor dizendo. Tem que fingir que usa metodo Stanislavski e é “pós dramático”(sim pessoas, ele também “descobriu” o termo). Mas a luz é sempre boa, obrigado Telma Fernandes.
    – Maldita Cia de Teatro: uma ótima companhia de teatro se não fossem uma especie de vertigem do brégio e fossem mais produtivos afinal é dificil dizer isso de um grupo que fica em “processo” uns 5 anos.
    – Teatro Invertido: Tipo uma Maldita Cia, só que mais produtivo, na verdade seria uma espécie de mistura entre a Maldita e o Luna. Resultado: insatisfatório.
    – Teatro Andante: tipo o galpão mas eles fingem que tem teatro de pesquisa, colocam umas mascaras, clown e uma antropologia teatral “barbiana” no meio.
    -Teatro Da Figura: Filhotes do andante, só que basicamente máscara, gosto bem do único espetáculo deles… padecem do mesmo problema que a Maldita, espetáculo agora só em 2034, afinal é “pesquisa”.
    -Trama: É uma mistura de ZAP, Galpão e Andante… o que saí disso? Uns dois espetáculos que prestam… eram o do tipo “pesquisa” agora caminha para o “social”.
    – Marcelo Gabriel/Dança Burra: Fez escola em BH, tudo que é performer que se corta é sobrinho dele em BH, mas o caso dele é mesmo caso do Zikzira quando começou a fazer teatro ferrou tudo…
    – Espetáculos de Formatura no Palácio das Artes: povo que se acha moderno, vanguardista, gosta de ficar pelado e uma dramaturgia colaborativa
    – Espetáculos de Formatura do TU: povo circense que gosta de máscara, uns atabaques e tambor… só que tem menos dinheiro que o palácio para o espetáculo.
    – Espetáculos das Artes Cênicas da UFMG: tem? Achei que eram só “peças” monográficas…
    РGrupos de Dan̤a: ou tentam ser o Corpo ou a Dudude Hermann

    Vou me abster de falar dos “graaaaaaaaaaaaaandes” diretores de BH, do tipo Carlos Rocha, Eid Ribeiro, Helvecio Guimarães, Jota D’Angelo, Luiz Paixão (e outros que sairam em um livrinho muito do filho da puta, acho que chamava “Teatro em BH”) pois a maioria só falta enterrar.
    Se alguém lembrar de mais algum, me fala que eu meto o pau também… e lembrem-se meu nome é Miguel Anunciação e eu sou Reporter do Hoje em Dia!!! (ahahaha quem for de BH vai entender)

  10. Pelo jeito o você fica comento quietinho sem dizer o nominho né “mineiridade”. Como Uberlândia e Beagá, apesar de estarem no mesmo estado, ficam bem distantes, não conheço muito a cena da capital (só os basicões). Mesmo assim, acredito que sua visão é um pouco preconceituosa (mas não deixa de ser engraçado). Porém, pimenta no olho dos outros é refresco né.
    Desde que eu me entendo por gente todo mundo fala que o teatro está em crise, e que todo mundo faz a mesma coisa. Morreu a criação, morreu a encenação, morreu a crítica. Virou tudo um monte de zumbi que copia uns ao outros. Peraí! As coisas não são assim, o buraco é muito mais embaixo e pra enxergar o seu fundo não basta olhar as graminhas que estão em volta.
    Eu não disse que o Congresso Internacional do Medo é experimental (cansei dessa palavra), mas que busca um certo risco. E arriscar não é continuar fazendo a mesma coisa.
    O Cortiço do Luna nem é tão novo assim, queria saber o que você achou do espetáculo infantil do grupo. Como está esta investigação?
    Não acho certo colocar tudo no mesmo balaio e falar que todo palhaço em Beagá fica no cestinho do Galpão. Peraí? O Galpão seguiu por um tempo uma linha diretamente ligada ao teatro popular, incorporando elementos de palhaço em seus espetáculos, mas não é um grupo que investiga e trabalha esse universo. Além disso, “O último voô do Flamingo” não é do Terceira Margem? Se for, não há nada de nariz vermelho nesse espetáculo. Será que existem vários Terceiras Margens em Beagá?
    Não sei se um profissional, que às vezes comete alguns equívocos, mas por ora acerta muito, vai ficar na sombra o resto da vida.
    Qual o problema de ficar 05 anos em processo? Creio que isso seria o grande sonho de grande parte dos artistas.
    Grande parte do que você falou é um monte de apanhado amargo rotuleiro. Até gosto de um mal feito, mas falar por falar não leva em nada né. E se for rotular todos os grupos do país pode-se cair na mesma coisa que você fez, achando defeito em tudo e no final vamos fugir dos teatros (e se nos depararmos com um palhaço de festa infantil ou um disco de Rufus Wainwright vamos querer o suicídio)
    Já que vc gosta tanto de fazer os seus próprios juízos, deveria no mínimo se identificar. É mais elegante caro “mineiridade dá no saco”.

  11. Ah Paulinha! Vc acertou! heheheheh
    Agora chega dessa brincadeira de “Onde está Wally?” senão daqui a pouco vão cobrar direitos autorais.

  12. mineiridade dá no saco disse:

    Ficou com raivinha Emilliano?! Tsc, que pena… era uma piada…

  13. mineiridade dá no saco disse:

    Mas se é para falar sério, minha visão é TOTALMENTE preconceituosa e parcial e idiota…
    O problema não é a “morte” do teatro, nem é a “morte” da arte… pois afinal continua-se fazendo e o pior, ganhando-se dinheiro com isso. Se trata apenas da falência de uma série de verdades, no qual as pessoas continuam achando que “fazer teatro É ISSO!” ou seja, não é que entramos na “era da replicabilidade formal”, estamos assim desde a falência das vanguardas tradicionais… o grande problema é que eu não suporto discurso de artista, muito menos (quantos grupos eu listei?!) fazendo BASICAMENTE a mesma coisa e enchendo a boca para falar da sua “arte”, mas como você pode ver é apenas uma opinião… não entrarei aqui no meu juizo de valor que há sim teatro bem feito aqui em BH, mas não há nada novo e vocês podem dizer “então quer dizer que, nada que não é novo não é bom?” claro que não, mas simplesmente dá no saco sair de casa para ver a mesma coisa…e digo, não é que eu não goste de vários grupos que critiquei, eu gosto, inclusive tenho amigos dentro deles (alias se me identificasse os perderia ahaha), mas não é que eu esteja buscando algo transcendente é só que assim como assistir a todos os capitulos da novela das 20 horas, vai chegar uma hora que você vai pensar “é tudo igual”… não?! Na verdade por mim eu transformaria o palácio das artes em uma camara de gás e mandaria os artistas para lá… é o meu projeto de vida…
    Quanto a palhaço, luna lunera, espanca!, 5 anos em processo, não leve tão a sério, são piadas…

  14. eu não fiquei com raivinha não. afinal, tenho um ótimo bom humor! e conceitos são conceitos… só acho uma pena vc não se identificar. cada um com seus “pobrema” né.

  15. Alfredo disse:

    Assisti o espetáculo “Quixote” no Grande Teatro do Palácio das Artes e posso garantir:

    Nunca li em toda minha vida uma crítica tão infeliz e de péssima escrita, como essa da revista Bacante.

    Senhor Emilliano gostaria de saber mais sobre sua produção cultural, pois deve saber muito sobre tudo né?

    Enquanto alguns produzem com toda a dificuldade de se fazer teatro em Minas, outros “aproveitadores” sentam em sua cadeira, e esperam uma oportunidade para destruir em míseras palavras e sem nenhum argumento, o trabalho dos outros.

    Tente fazer o seu trabalho!

    Mas, uma coisa eu concordo o “Quixote” está dando o que falar. E bem! Parece que o grupo está viajando o Brasil inteiro. Pois, o público que não está acostumado a ir ao teatro, como foi dito acima, tem motivos para se divertir e se emocionar. E não se preocupam em serem oportunistas… aproveitando qualquer oportunidade para sair fazendo críticas destrutivas.

    Coisa feia isso…

  16. Alfredo disse:

    Outra coisa, é melhor se informar direito, que é a mínima função de um bom crítico, pois, não foi a Rita Clemente que dirigiu o espetáculo “Quixote” ela apenas orientou esse trabalho!

    Mais Atenção!

  17. Você não sabe o quanto sinto inveja de pessoas que só leêm coisas muito bem escritas e de ótimo gosto. Como consegue isso? Uma pena vc cair aqui na bacante, justamente numa crítica minha. O meu gosto se discute e muito.
    Meu conhecimento não abrange tudo, pelo contrário, tenho muito o que aprender, e o exercício da crítica ajuda muito sabia? Eu não conseguia entender porque esse trabalho não tinha me atingido e só consegui depois de muito tempo. Não saio escrevendo por puro prazer. Prazer a gente costuma sentir com outras coisas.
    Sim, e isso é uma tentar fazer o meu trabalho enquanto crítico. Propor novos olhares sobre determinados espetáculos. Queria que eu dizesse o quê? Que as interpretações são corretas e a luz é eficiente?
    As dificuldades de se fazer teatro existe em todo o Brasil, e quem aqui destruiu alguma coisa? Seria o anônimo dos comentários? Porque o meu objetivo foi bem diferente…
    Viajar o Brasil inteiro com um espetáculo não quer dizer se ele é bom ou ruim. Se isso fosse critério de qualidade, “Um espírito baixou em mim” ganharia todos os prêmios do teatro brasileiro.
    Nossa, lá na ficha técnica do programa estava escrito bem grande (quase letras garrafais): Direção: Rita Clemente. E antes do espetáculo isso foi anunciado em off. Seria isso uma espécie de propaganda pra gente acreditar que a direção era dela? Ou o currículo dela ajuda a viajar pelo Brasil inteiro? Não sei… deve ser menos atenção de alguns…

  18. Alfredo disse:

    Releia a ficha técnica. Também a tenho. Acho que eles não não colocariam isso em off se no programa está escrito que ela apenas orientou o trabalho. Desculpe se fui grosso em minhas palavras. É que fiz questão de conhecer o pessoal depois da peça e eles me pareceram bastante honestos com o trabalho proposto. Um trabalho para ser bom precisa de defeitos e qualidades. são os defeitos que valorizam as qualidades, e as qualidades desse espetáculo também são muitas, assim como os defeitos. Comparações, também me parecem infelizes, precisamos conhecer o trabalho por inteiro para não corrermos o risco de sermos injustos. O Espirito baixou em mim, ainda não assisti. Mas com certeza tem suas qualidades, talvez, não a que buscamos! De qualquer forma, não posso falar de algum espetáculo tendo assistido apenas uma vez, poderia estar num dia certo, no lugar certo, na hora certa.

  19. Emilliano Freitas disse:

    Alfredo, em alguns lugares o nome da Rita Clemente está escrito só orientação e em outros lugares direção (não guardei o programa, mas na internet eu vi as duas coisas). Procurei me informar sim, mas são tantas coisas que a gente vê por aí, que acabei então adotando “direção” pro trabalho da Rita (às vezes por achar que orientar tem um quê de dirigir, porque fiquei em dúvidas sobre o que queria dizer proprieamente a palavra orientação). Vai ver que tudo isso tem a ver com o fato de não ter minimamente a intenção de ser um bom crítico, só instigar um pouquinho.
    Em nenhum momento eu disse que o espetáculo não tem qualidades. Tem si. Inclusive cito que um amigo disse que era mais legal plasticamente que “atuaçãomente” (fiquei pensando se tinha alguma coisa a ver com petróleo, mas aí ele me explicou de qual plástico estava falando). Porém uma coisa não justifica a outra. Não é porque um determinado elemento é bom que todos os outros podem ser ruins. E não me parece injusto dizer que a não apropriação do texto compromete todo o espetáculo. O que vc quis dizer com “qualidade” em um espetáculo tem a ver com gosto ou com adequado (nossa, que palavrinha mais Heliodora!)?
    E no mais, eu não acredito que para refletir sobre determinado trabalho tenhamos que assistí-lo mais de uma vez, até acharmos o dia em que foi tudo certo. Como diria o Astier, todos os dias cobra-se ingresso, sendo o dia certo ou não.
    Abraço, e não precisa pedir desculpas. A gente não guarda nada de ruim no nosso coração.

  20. fogo na fogueira disse:

    mineiridade, falta alguns grupo que não citou tipo: Armatrux, Cia Suspensa, Cia Acomica, Grupo Oficcina Multimédia, Giramundo, Teatro Adulto.

    Esses não tem expressão na cidade ????? E seus trabalhos??

O que você acha?

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