Mapeamento eternamente em construção – Bate-papo com Cênicas Cia de Repertório

Bate-Papos   |       |    3 de novembro de 2009    |    0 comentários

Cênicas Cia. de Repertório – Recife – PE
Representante: Antonio Rodrigues da Silva Filho

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Cênicas Cia de Repertório

Conteúdo editado pelo grupo, por email

1. Financiamento: como o grupo financia seus trabalhos?

A gente participa de editais públicos de fomentação. Porém, mesmo quando não há um apoio governamental nós damos continuidade aos trabalhos e a pesquisa e obtemos retornos da bilheteria, festivais e para algumas empresas. Os editais são: a Lei de Fomento Municipal, o Funcultura, que é um fundo de cultura do Estado de Pernambuco e o Prêmio Myriam Muniz de teatro. A verba dos editais e da renda do grupo ainda não garante sustentabilidade aos atores, hpá um investimento maior na produção e aperfeiçoamento técnico e teórico. Hoje, não se tem condições de sobrevivencia exclusiva de nosso trabalho em grupo, cerca 80% dos integrantes têm atividades paralelas ou em outras áreas para garantir a sobrevivência, mas a nossa vontade é estabelecer a nossa sede e a partir daí fortelecer ainda mais nossas atividades artísticas e formativas. Nó início de 2009 o Cênicas estabeleceu uma sede durante seis meses, mas por questões internas não foi dada continuidade. Há uma porcentagem muito pequena de grupos nordestinos que se auto-sustentam, acho que só 3 ou 4 na região inteira. São vários coletivos, mas 100% são poucos e isso é uma coisa que tem que mudar. Porque nossa atividade tem que ser vista de outra forma: fazer cultura não é só entregar um produto e sim financiar a pesquisa pra que o resultado artístico possa acontecer.

2. Diálogo com o entorno: como as questões da sua região estão presentes na obra do grupo e, por outro lado, como o grupo está presente nas questões de sua região?

O nosso grupo ele tem uma linguagem mais urbana e nem por isso ele deixa de ser Nordeste, porque é como eu sempre digo: Grandes cidades existem em qualquer lugar seja Recife, São Paulo, Nova Iorque, e os anseios das pessoas que vivem nas grandes cidades são meio comuns. As pessoas que vivem à margem, estão nas diversas camadas da sociedade… Elas têm, basicamente suas particularidades e peculiaridades e passam por problemas e situações semelhantes a qualquer cerntro urbano. Mas falando do nosso urbano, nos também estamos falando de nosso nordeste que é tão nordestino quanto o [movimento] “armorial”, quanto as referências do sertão… O grupo faz parte do movimento GRITE: Grupos Reunidos para Investigação Teatral, e discutimos não só estéticas, mas a participação política: nós temos um olhar voltado para o trabalho de grupos de pesquisa continuada porque vemos, principalmente, que não há um olhar diferenciado pra esse tipo de atividade, os nossos resultados não são tão imediatos quanto uma produção comercial; não que nosso trabalho não possa se fazer comercial, mas não é o objetivo dele, o objetivo dele é ser resultado de uma pesquisa e que essa pesquisa possa se desdobrar em outros futuros trabalhos; então nosso resultado não é tão imediatista quanto as produções que geralmente são contempladas. Então precisamos ter esse olhar diferenciado para o nosso fazer artístico. Estamos lutando junto com vários coletivos pra ter esse olhar diferenciado dentro das políticas publicas de nosso Estado, da nossa cidade.

3. Fator agregador: qual o fator agregador/ definidor/ de união do grupo?

Olha, eu acho que qualquer grupo, qualquer coletivo define-se por afinidades e elas são tanto afinidades afetivas, quanto afinidades estéticas. Acho que as pessoas que estão ali têm interesses e objetivos comuns voltado à pesquisa desenvolvida pelo grupo. O Cênicas trabalha principalmente a estética do urbano, mas voltada com a linguagem do quadrinho e do desenho animado; É algo que viemos pesquisando há um tempo, não diria que nosso trabalho é só voltado para essa linguagem, mas viemos sempre pincelando nossos trabalhos dentro desse corpo e voz diferenciados, desse estado de corpo diferente que o desenho tem, que o quadrinho imprime. Nos nossos trabalhos temos exemplos mais fortes dessa linguagem em: Neuroses, a Comédia é totalmente baseado nos desenhos animados; na montagem de As Criadas, do Jean Genet, que nos levou pra uma ligação do Genet com o teatro oriental só que buscando relação com a linguagem dos mangás japonês, muita gente falou que essa mistura fosse levar a uma confusão, mas pelo contrario, potencializou a força da obra do Genet e foi uma experiência muito rica para todos. E o nosso último espetáculo, Pinóquio e Suas Desventuras, que foi realizado um trabalho de corpo específico para os atores e, sobretudo, na questão de velocidade e de forma que é peculiar no desenho animado mesmo. Esses são os fatores de união estética, sem contar as nossas afinidades políticas e afetivas.

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