Segunda à noite, em Guaramiranga

Blog   |       |    16 de setembro de 2008    |    3 comentários

Na segunda-feira, perdi todos os espetáculos da tarde em Guaramiranga, por achar obrigatório reler O Alienista pra poder escrever sobre a adaptação do Dimenti. Ainda não consegui acompanhar nenhuma peça na Tenda que foi montada para a Mostra Sesc Menino Cariri.

Mesmo assim, à noite, revi o Muito Barulho por Quase Nada, dos Clowns de Shakespeare e conferi alguns pontos-chave pra compreender a recepção do público em Guaramiranga.

1 – Conte com os morcegos. Em O Alienista eles apareceram somente duas vezes, tornando-se não mais que figurantes. Em Muito Barulho por Quase Nada eles já eram personagens secundários, buscando o seu monólogo, quase como o distanciamento crítico da natureza. Até o final do Festival, quero ver um grupo que explore mais esses atores sem cachê.

2 – A acústica é uma guerra. O teatro Raquel de Queiroz tem acústica tão boa quanto a Catedral da Sé em dia de missa. Tudo ecoa e reverbera pra qualquer lugar, inclusive os ouvidos do público, mas essa não é a regra. Acho que os Clowns de Shakespeare venceram essa batalha. Já o espetáculo do Dimenti teve muitos trechos incompreensíveis. Todos os grupos do festival e a própria organização sabem que será necessário fazer reformas nesse teatro. O que sugiro que se faça também fissuras. Maneiras dessa caixa escura se abrir. O teatro, em Guaramiranga, ocupa posição mais central do que a das igrejas, sendo que a cidade tem pouco mais de 5 mil habitantes e menos de 3 mil na área urbana. É praticamente a mini-meca do teatro. Portanto esse prédio tem que dialogar mais com questões da cidade e sua arquitetura não pode querer copiar o que se vê nos circuitos comerciais das grandes capitais. Não indico nenhum caminho, mas não escolheria o do palco italiano.

3 – Cadeiras, daquelas que você tem na sua casa, em lugar de poltronas. É muito melhor, deve-se dizer. Todo o rangido de poltronas vai embora, fora que a Coelce consegue mais um espaço de divulgação em coberturas inúteis para as cadeiras, portanto mostra-se a contrapartida ao patrocinador e deve ser super fácil de guardá-las.

Aprovado.

4 – Peças com apelo popular têm uma receptividade que não se encontra em qualquer festival internacional. Ao fim da apresentação dos Clowns teve grito, choro, fotos e muitos, mas muitos aplausos verdadeiros, em que as pessoas se levantam porque querem bater palmas mais forte e mais alto que o da frente.

'3 comentários para “Segunda à noite, em Guaramiranga”'
  1. Mas gente, o crítico querendo roubar a vaga de empregos dos arquitetos!
    hauahu

  2. Nem falo mais nada, viu Emilliano.
    Hj descobri que o principal Teatro da cidade nem foi inaugurado.
    Abraço

  3. E tá em construção? Tá precisando de um arquiteto pra continuar as obras? Vamos nos candidatar! De quebra já fazemos o material publicitário, a peça de estréia e a crítica!
    abç

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