Cine-Teatro Limite

Críticas   |       |    25 de novembro de 2008    |    0 comentários

Uma crítica sobre a estréia

Para aproveitar a nova onda da Bacante de publicar críticas repetidas e a ida em massa do pessoal da revista (AQUI e AQUI) à peça Cine-Teatro Limite, me reservo o direito de não criticar exatamente o espetáculo, mas sua estréia no SESC Consolação, com direito a espumante na saída. A opção foi porque não me pareceu justo falar sobre essa montagem a partir da estréia – dia em que todos os problemas podem acontecer (e alguns aconteceram).

No saguão, o clima de estréia já estava logo de cara na platéia, ou seja, os convidados: sabe quando você tem a impressão de já ter visto metade das pessoas em peças, comerciais ou programas da TV? Sabe quando todo mundo se conhece, se cumprimenta e dá tapinhas nas costas, como se fosse uma grande excursão escolar? Para contextualizar, a peça foi dirigida por Sérgio Módena e Pedro Brício, que tem um Prêmio Shell carioca de melhor autor e também é ator global (ou seja, agrada gregos e troianos).

Cine-Teatro começa e a platéia-convidados mostra a que veio – risadas o tempo inteiro, nos momentos engraçados, nos não muito engraçados e nos nada engraçados; e pra completar, palmas no meio das cenas, pelo menos umas três vezes durante a encenação, que tem duas horas mais um recreio pro café. Tudo bem que a platéia estivesse morrendo de vontade de mostrar que está gostando, o problema é que quando isso acontecia, não dava para escutar o que os atores falavam. Os personagens diziam seu texto com tal rapidez, que não davam um intervalinho (ou tempo pra respirar) quando vinham as risadas e aplausos.

Aliás, provavelmente também por ser estréia, o espetáculo estava em ritmo um pouco descompassado – sem fluidez, inclusive no uso do humor. Chegou-se até a ouvir um barulho estranho no palco, quando pensei que o ator tivesse quebrado um copo (mas pelo que me disseram depois, ele havia esbarrado em uma lâmpada). Alguns atores também tiveram problema com o tom de voz – para um teatro como o SESC Consolação (não tão extenso quanto o Abril, onde os atores usam microfones, mas grandinho), os intérpretes precisavam projetar a voz um pouco melhor. Isso ficou claro quando eles cantavam (sim, a peça tinha um toque de musical), pois não dava para entender tudo, principalmente no caso da personagem Sarah. Talvez fosse apenas uma questão de se adaptar ao teatro.

No final, o público ovacionou os atores, os diretores foram chamados ao palco, receberam flores, um deles falou sobre a honra de estar no palco do Antunes, agradeceram meio mundo e convidaram pro coquetel de estréia – uma das melhores partes da noite. (Isso também pode estar relacionado com bebida “di grátis” depois de duas horas e quinze dentro do teatro).

Os garçons estavam eficientes, enchendo a taça dos convidados, às vezes até quando não eram chamados, mostrando a pró-atividade e o forte preparo para o jogo, uma qualidade apreciada desde o mundo coorporativo até os processos colaborativos de criação. Como aperitivos, diversos tipos de acompanhamentos de bar, como amendoins, macadâmias, nozes, entre outros. Faltou o croquete, mas nada que comprometesse o espetáculo.

O pessoal de Cine-Teatro Limite teve um primeiro dia bastante agitado, desses que uma crítica sobre o fatídico dia poderia não corresponder ao todo da temporada. Mas pelo o que o Marco e o Fabrício escreveram sobre o espetáculo, que viram no domingo, dois dias depois da estréia, parece que a turma de Pedro Brício se adapta rápido.

6 taças de espumante

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