Fevereiro de 2007

Editorial   |       |    28 de fevereiro de 2007    |    2 comentários

 

Baixo Calão (ou Editorial Zero)

“O domínio merda.com.br não pode ser registrado por tratar-se de uma palavra de baixo calão.”

A idéia inicial era fazer uma revista eletrônica falando exclusivamente sobre teatro. Entre uma conversa e outra, começamos a pensar em possibilidades de nomes, até para nortear o planejamento do site. Acreditem, a idéia de chamar a revista de Merda surgiu em uma conversa no saguão de mármore do Teatro Alfa, enquanto esperávamos pela pré-estréia de uma peça ruim.

Logicamente, ao fazer esta opção, sabíamos que esse nome fecharia algumas portas, talvez mais portas do que as que se abrirão. O que nos fez teimar com o nome, além de um masoquismo sadio, foi querermos saber QUAIS portas seriam abertas e quais, fechadas.

O primeiro entrave, como mostra a manchete, foi o próprio Comitê Gestor da Internet (responsável pelos domínios de internet que terminam com “.br”). Entramos com o nome merda.com.br e tivemos a resposta padrão para todos os nomes de “baixo calão”. Procuramos alguém de dentro do próprio Comitê, afinal tínhamos uma justificativa plausível: merda é sinônimo de sorte e boa ventura para toda a comunidade teatral. Eles compreenderiam, certo?

Errado. “Não podemos abrir o precedente”. Daí se concluem duas coisas:

1) Que depois da invenção das palavras “precedente” e “jurisprudência” as pessoas parecem ter ficado ainda mais conservadoras e cagonas. Qual é o problema, minha gente, em mandar à merda a pessoa amada (já diria Xico Sá)? Em desejar merda ao chefe quando começa o expediente? Em pedir merda a Deus pra todos os amigos? Sim, a merda é uma das mais ecumênicas das palavras.

2) Possivelmente ninguém do Comitê Gestor vai ao teatro (era óbvio, como não pensamos nisso antes?)

Assim sendo, ainda achávamos que valia teimar um pouco mais com essa merda (com o perdão do trocadilho, mas já é bom ir se acostumando). Tentamos a URL revistamerda.com.br, e surpresa: foi aceito. Tudo bem que ficou um pouco mais pretensioso, mas conseguimos abrir não só o precedente, mas também a nossa própria revista eletrônica.

Qual é o sentido da merda?

A Revista Merda vem ocupar o espaço que nós, editores, não encontramos na internet: uma revista crítica, descompromissada, bem humorada; que pretende analisar espetáculos, técnica, cena paulistana e trivialidades (por que não?) sempre relacionadas com o teatro.

Em Resenhas, você vai encontrar análises de espetáculos que estejam em cartaz, e, claro, espaço para comentar o que você achou, tanto da peça, como da crítica. Em Técnica, falamos do pessoal que está na coxia, fora do horário da peça, ou seja, os técnicos de som, cenógrafos, iluminadores, maquiadores e todo mundo que faz a coisa acontecer. Cidade de Merda é onde teremos matérias mais amplas, que terão como tema principal os movimentos que acontecem na cena teatral da cidade de São Paulo. Depois da Peça é um blog para comentar tudo que não vale um texto de análise, mas que tem que ser comentado (nós juramos que a proposta desse link não é fazer fofoca, pelo menos não a proposta inicial).

Temos ainda a seção Links, onde temos links com vários outros sites, blogs e textos de referência sobre teatro, e pretendemos disponibilizar em breve uma Biblioteca de peças para livre consulta e/ou encenação (mande a sua, com contatos pessoais).

Porque alguém tem que falar de teatro

Tanta gente boa pra falar de teatro, tantas outras coisas de que poderíamos falar, mas decidimos pela pretensão. Uma pretensão que surge da paixão pelo teatro e da tentativa de catalogar e organizar minimamente o momento sublime e extremamente diverso que o teatro paulistano vive, com produções de grupos, comerciais, experimentais, fomentadas ou não, históricas, enfim, o teatro paulista parece não ter limites.

Quanto ao nosso slogan, Erasmo Carlos já dizia em 1984: “você precisa de um homem pra chamar de seu / mesmo que esse homem seja eu”. Você que gosta de teatro pode algum dia precisar de alguma referência pra escolher o que ver, ou você que faz teatro talvez queira alguma referência para encontrar informações, técnicas, pessoas, textos (assim como nós já precisamos e tivemos dificuldades em encontrar). É bom ter uma referência na internet, mesmo que essa referência seja a Merda.

'2 comentários para “Fevereiro de 2007”'
  1. Maria Clara disse:

    que sonho esse projeto/revista! emocionante mesmo. fiquei feliz agora… porque tem tanta gente que ama o Teatro (e alguns são pretensiosos. êba!). parabéns!! e obrigada.

  2. Rodrigo Gerstner disse:

    Que merda! Adorei encontrar essa revista online!

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