Anticlássico – Uma Desconferência e o Enigma Vazio
Pseudointelectualidade Assumida
Foto: Márcio Cabral
Leia também a crÃtica de João CÃcero para este espetáculo.
Esteve em cartaz no Espaço SESC Copacabana uma garota alta (de salto, tinha mais de 1,80m) vestida de bailarina, com óculos de intelectual e que contava com a ajuda de um punk de nome Hamlet. A vedete aparecia para dar (des)conferências às pobres almas que ansiavam por um pouco do seu intelecto em sessões lotadas no supracitado teatro.
Alessandra Colasanti é a tal bailarina e se arriscou também a dirigir o espetáculo. Coisa feita à mão, como bolinhos de chuva que a vovó não deixa queimar. Mas queimaram um pouquinho, só nas pontas, em escorregadelas para piadas fáceis. Aliás, a moça gosta de colocar comida nas peças que dirige. Em Tempo.Depois, eu me esbaldei com quitutes diversos – de bombom a uÃsque. Dessa vez não faltaram “muffins do Wolf Maya” pra platéia. Talvez se outra pessoa estivesse envolvida na direção, a peça perdesse muito do sarcasmo contido na idéia de criticar o vazio de falas intelectuais e os maneirismos do falar na e sobre a contemporaneidade.
Que delÃcia fazer crÃtica à intelectualidade por meio de uma personagem que não pode ser acusada de despreparo corporal (afinal é uma bailarina), tampouco intelectual (já que ela se diz uma referência mundial do intelecto). Dialogando em alguma medida com o personagem de João Ubaldo Ribeiro em A Casa dos Budas Ditosos, que procurava no pensamento intelectual somente caminhos para mais sexo, Colasanti demonstra com sua palestra que aquele blábláblá todo é só meio para outros fins. Inclusive o formato de palestra de ambas as peças reforça ainda mais os paralelos entre as montagens e personagens.
Fui na última sessão da peça e não pude deixar de reparar a ilustre presença de Bárbara Heliodora, sentada à espera do inÃcio do espetáculo. Inclusive reparei também que ela não se sentiu mal em ter sido convidada a furar a fila e sentar na frente de todo mundo. Por aà concluÃmos que é uma ótima idéia acompanhar Babi ao teatro, então lanço aqui a campanha “Babi, me leva pro teatro?”, para nós, reles mortais, que como todo bom brasileiro, também gostarÃamos de um privilegiosinho a mais. Nem que seja uma cobertura no muffin do Wolf Maya.
Ironia ou não, Hamlet, o assistente punk, fala pouca coisa, mas afirma no seu monólogo algo como (por favor me corrija, Colasanti): “os tempos estão muito loucos”. Como me odeio por não lembrar a frase exata. Mas o que importa é citar que corria no burburinho depois do espetáculo: será que Babi só riu e esqueceu, ou será que ela e toda a intelectualidade presente realmente entenderam a piada?
4 piscadas intimidadoras para quem sentou na primeira fileira, inclusive a Babi
fabrÃcio, a frase é: “o tempo está fora dos eixos”, é uma frase retirada do hamlet, de shakespeare.
muito obrigado pelo toque, Alessandra.
Nem vou alterar na resenha.
Espero que o pessoal chegue até os comentários.
Grande Abraço.
em tempo: a crÃtica bárbara heliodora possui uma deficiência auditiva, por estar no teatro a trabalho ela entra na frente para que possa sentar-se onde julgar mais proveitoso para o cumprimento seu ofÃcio.
grande abraço
Valeu a dica.
Eu sou mÃope, perdi meu óculos e tô sem grana pra comprar um novo.
Vou avisar o SESC da próxima vez que for assistir.
Abração.
Vai nessa FabrÃcio, vc consegue!
Na entrevista tÃmida, voz soave
No palco um espetáculo!
aplaudido de pé(claro) risos..
Me surpreendeu Alessandra Colasanti!
És o que a filosofia poderia chamar de :”O intelecto humano na intelectuidade de uma mulher”.