Aqueles Dois
Aqueles Dois Aqueles Dois
Fotos: MaurÃcio Alcântara
Primeira impressão ao ver a grade do Festival de Rio Preto: que coincidência bacana, numa curadoria que tem por tema “TEXTuras” encontrar dois espetáculos inspirados no texto Aqueles Dois, de Caio Fernando Abreu – uma montagem mineira, já consagrada e “afagada” pela crÃtica e pelo público, e outra de Rio Preto. Mais que a coincidência de duas montagens de um mesmo texto, trata-se de duas leituras de um texto não-teatral: o original era um conto que apresentava os amigos Raul e Saul, dois funcionários de uma repartição que se conhecem e encontram um no outro um refúgio para o universo hostil que os circunda.
Acontece que este texto, caro leitor, é pra falar da montagem de Rio Preto, apresentada dentro do módulo Aldeia FIT. Portanto, pode chorar, pode espernear, que eu não vou falar da montagem do Luna Lunera. Assim como também não vou fazer comparações – por mais difÃcil que isso seja. (Momento Merchandising) Se quiser, leia a crÃtica que escrevemos quando o vimos no Festival de Curitiba ou, se preferir, leia a entrevista que fizemos com o pessoal mireirim em Rio Preto. (Fim do Momento Merchandising)
Na produção da companhia teatral Palhaços Noturnos, o conflito dos dois homens que se encontram ao acaso e se reconhecem de imediato não está exatamente na relação que se estabelece entre eles, mas sim na postura dos demais funcionários que não aceitam tal amizade. Estes, totalmente incorporados pela frieza do ambiente corporativo, ganham uma carga excessiva de mediocridade, criando um abismo que separa os protagonistas das cruéis criaturas opressoras, quase imbecilizadas.
A forma com que a peça se desenvolve revela uma grande preocupação com o visual da obra – seja pelo cenário versátil que transforma, por exemplo, uma escrivaninha em cama em segundos, seja pela iluminação inventiva e atraente, seja ainda pela coreografia que, em alguns momentos, lembra o jogo The Sims ou ainda o fiasco internético Second Life. Apesar da preocupação visual, a forma como a história é contada parece não ter o mesmo acabamento.
O texto, entoado muitas vezes por um estranho narrador que pouco significa além de uma muleta para a transição incompleta do formato literário para o formato dramático, peca pelo excesso de verbalização de fatos já explÃcitos nas cenas. A relação entre os dois protagonistas, em vez da sutileza do conto original, aposta mais no dúbio, levantando com mais ênfase o questionamento sobre a possÃvel homossexualidade dos dois personagens, quase como se a peça, fofoqueira, estivesse louca para contar um segredinho para o público, mas preferiu fazer suspense.
Desta forma, o atraente espetáculo corre o risco de se reduzir a uma abordagem quase melodramática, podendo até mesmo soar tão árida contra o ambiente e as pessoas da repartição quanto a aridez que pretende criticar.
3 empregados estereotipados
Oi MAURÃCIO E BACANTES!
IncrÃvel o poder que a internet tem nos dias de hoje. Um amigo coincidentemente fuçando no orkut, conversou por acaso com um dos integrantes da Cia Lunera de Belô, curioso este querendo saber da repercussão das duas montagens em “nosso” FIT.
Sem muitas delongas esse amigo disse a ele que “nada de novo” apesar das inúmeras comparações esse um e outro tinha rolado.
Assim sendo, tinha visto uma crÃtica-comentário na revista Bacantes e ae me passou o endereço onde acabei de ler.
Penso que apesar dos seus comentários serem pessoais e subjetivos me agrada a leitura quase que pertinente de nosso espetáculo.
Cada crÃtico-pessoa-expectador tem sua viagem e sua possÃvel textura em qualquer trabalho artÃstico que seja.
A sua tá valendo apesar de tudo que circunda um Festival com objetivos “pensados pela curadoria” experimental.
abc e +