Assombrações do Recife Velho

Críticas   |       |    19 de novembro de 2007    |    4 comentários

Quem tem medo dos Fofos?

Foto: Divulgação

O clima é de festa. Mesinhas e banquinhos de madeira, decoração típica, alegria e muita conversa jogada fora. O Recife é logo ali, na rua Adoniran Barbosa, no espaço com cheirinho de tinta fresca da Cia. Os Fofos Encenam. E, nesta noite, os Fofos encenam Assombrações do Recife Velho, com texto de Newton Moreno (o mesmo de Vem-Vai, o Caminho dos Mortos, A Refeição, Ferro em Brasa), baseado no livro de Gilberto Freyre, de onde também vem o nome da peça.

Alguns personagens já são apresentados logo de cara, mas estão longe de serem os únicos neste rico universo que expõe a relação do mundo dos vivos com o mundo dos que já se foram – ou não. Depois desta recepção calorosa, vamos para a cozinha de uma doceira de mão cheia (o que vamos confirmar depois, provando seu quitute de banana), onde vira e mexe aparece uma assombração. A pobre jura tratar-se de um pretinho sapeca, mas na verdade, como o público pode conferir, quem apronta com ela é um homem branco, alto e muito tranqüilo.

O frágil fio condutor do espetáculo é um rapaz meio bobalhão que sabe-se lá por que, procura histórias de assombração no sertão. É ele quem interrompe a primeira cena e nos leva ao segundo ambiente – agora com arquibancada e com direito até a almofadinhas Fofas. O público se acomoda dos dois lados de um corredor – uma espécie de primo-pobre do Teatro Oficina, que está a duas quadras dali.

O palco estreito é bem aproveitado, apesar de muitas vezes a platéia ficar mais preocupada em desviar de pés e braços dos atores do que em apreciar seus movimentos. Neste corredor, são 5 entradas de cada lado, somando 10 buracos de onde qualquer coisa pode sair a qualquer momento. E, provavelmente, essa coisa estará morta. Barulhos, muitos barulhos. As vozes dos atores vêm de todos os lugares, em assovios, gritos e sussurros. Neste espaço estreito, não falta interação com o público. É conversê, beijo na mão, doce de banana, forró e cafezinho – este pra ajudar a resistir a mais de duas horas de peça, apesar do sono trazido pela garoa paulistana que cai ali fora do Recife velho.

O resto são histórias e muita pesquisa feita lá mesmo, em Pernambuco. Foi provavelmente em casas de doceiras de mão cheia como a primeira personagem da peça, que os atores ouviram lendas de lobisomem, mortos que voltam do túmulo pra ir ao forró, fantasmas com dentadura de ouro (ou nas peças de Nelson Rodrigues), prostitutas que voltam a viver só uma noite…

E, se até aí falávamos de personagens cuja fama era restrita ao sertão, o momento mais pirado da peça nos coloca em contato com Frei Caneca. Então, a somatória de piadas, instrumentos, microfone à la Silvio Santos e até uma Nossa Senhora de ponta-cabeça serve pra nos lembrar dos tantos que, como ele, morreram pelo que disseram. Faz-se uma misturança de datas e de movimentos sócio-políticos que têm em comum em sua essência a busca por liberdade. E, afinal, quem matou esse monte de gente? A perna peluda, claro. Aquela mesma que desvirginou tantas mocinhas no sertão.

728 inselências para a Santa Cruz…

'4 comentários para “Assombrações do Recife Velho”'
  1. bianca disse:

    uma merda

  2. renata disse:

    tipoow é beem leegaal é o assinto da minha feiira de conheçimentoo Goosteei

  3. jaqueline disse:

    Amei,achei um maximo tudo e muito animado e super produzido.Vale a pena assistir tudo de bom rsrsrs

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