I Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo
Em terra de coqueiros que brotam do asfalto, peça sem legenda é o de menos
Para dar vazão à nossa tÃpica falta de modéstia, podemos até considerar que em São Paulo há uma espécie de festival permanente de teatro, dada a quantidade de peças em cartaz na capital. No entanto, talvez por já existirem tantas opções e pelo fato de a cidade já ser rota obrigatória da maioria dos espetáculos, ainda não conseguimos consolidar um festival de grande porte por aqui. A mostra do Sesc talvez tenha se aproximado disso, mas nem o próprio Sesc a chamou de festival – não por enquanto.
Eis que surge uma idéia: o I Festival Ibero-Americano de Teatro de São Paulo. A história é mais ou menos a seguinte: o Memorial da América Latina estava lá, soterrado pelo monte de concreto projetado pelo centenário Niemeyer, quando chegou por aquelas bandas Fernando Calvozo. O vazio daquele espaço faraônico deve ter ecoado em seus ouvidos, de modo que ele sentiu falta de uma programação teatral. “Não tinha teatro aqui”, conta ele, aproveitando pra dizer que o espaço, de fato, não tem estrutura para montagens teatrais tanto pelas proporções exageradas, quanto pela ausência de equipamentos mesmo.
Mas não era só isso que impedia que o teatro chegasse ao templo-dos-coqueiros-que
Cure seu festival em 3 passos
Neyde Veneziano, especialista formada pela Unicamp, ouviu a idéia de Calvozo e apoiou desde o princÃpio, tornando-se a enfermeira… ups… curadora da mostra. Com muita elegância, ela enumera os critérios para definição das peças convidadas de uma maneira que poderia ser muito direta e prática, não fosse o caráter subjetivo que carrega. Neyde optou, por exemplo, por companhias internacionais pouco conhecidas no Brasil, até por estarem fora do circuito “comercial” em seus paÃses de origem. Ela prefere, também, não impor limitações ao festival – nem nos estilos, nem nas linguagens. Ela afirma que o evento ainda não tem um caráter inovador de maneira geral, mas que a maior parte das peças foi selecionada com base na pesquisa desenvolvida pelos grupos escolhidos. Nos paÃses em que não há incentivo público – tais como o famigerado, porém raro e alvo da inveja de los hermanos, Fomento ao Teatro – fala-se, segundo Neyde, em teatro independente, mais ou menos como definimos as bandas que não estão no seleto grupinho pertencente à s quatro grandes gravadoras brasileiras. Nosso alternativo é alternativo, mas não necessariamente independente, já que não vive de investimento individual ou da própria trupe, mas da boa vontade governamental (caso do fomento) e do humor dos diretores de marketing (caso da Lei Rouanet).
Fica claro, porém, logo no começo do evento, que a reflexão sobre o fio condutor do festival – os paÃses de origem ibero-americana e suas raÃzes comuns – poderia ter sido mais aprofundada e focada, de modo a aparecer de fato na escolha das peças e de uma forma que nos permitisse distingui-las sem termos que ler o texto da curadora ou entrevistá-la. Aliás, mesmo depois de ouvir dela as razões de certas escolhas, elas ainda parecem estranhas, tais como a peça A Sessão da Tarde ou Você não soube me amar, escolhida por ser “uma peça mais adolescente para o horário das 19h” ou Ferro em Brasa, escolhida porque poderá ser encenada num circo já montado por ali e, claro, porque queriam um “caráter mais popular”.
Teatro de Bolso
Já em sua primeira edição, o festival traz um embrião de mostra paralela que, a princÃpio, parece uma grande idéia, mas que, conforme admite o próprio coordenador (e autor da idéia), acabou não funcionando como previsto. A premissa é colocar esquetes nos momentos de transição entre peças em pleno foyer (e como é grande aquele foyer!). Seja pela falta de educação mesmo, seja pelo lindo rebuliço que causa juntar “gente de teatro”, muito pouco se ouvia das apresentações, que saÃram muito prejudicadas. O que poderia ser propaganda para os espetáculos da companhia que se apresenta, acabou na verdade dando uma má impressão dos espetáculos. Neste caso, ponto para Fernando que, antes mesmo que eu perguntasse, já assumiu uma série de equÃvocos que tentaria consertar ainda neste festival e outros erros que seriam melhorados na próxima edição.
Ainda sobre o Teatro de Bolso, a idéia foi a de abrir inscrições, mas só quem ficou sabendo delas foram as cias. cohecidas pelo Fernando, pela Neyde ou pelos amigos e colegas de um dos dois. Não teve Engenho mostra um pouco do que gosta? Então. Neste caso, Neyde e Fernando mostram um pouco do que gostam. Fernando garante que, apesar da divulgação pouco democrática, chegaram ao Memorial cerca de 100 projetos de grupos interessados em participar da brincadeira de, no máximo, dez minutos. A seleção levou em conta, principalmente, a relação com o fato de ser ibero-americano e o cumprimento do tempo máximo.
Dos equÃvocos assumidos, dos não-assumidos e da possibilidade de amadurecimento
Além do semi-fracasso do Teatro de Bolso – pelo menos no local e no horário em que aconteceu – Fernando Calvozo admite ter sido um erro dispensar as legendas dos espetáculos, erro, aliás, que será corrigido ainda durante esta edição do festival: na peça italiana Una Vita Per Federico (dia 4/3) e nas duas últimas peças em lÃngua estrangeira do festival, De Paris, un Caballero e Dónde estás Ulalume – Dónde estás? (dia 8/3)
Questão mais delicada, no entanto, é a escolha do trecho de A Cartomante, peça adaptada de um conto de Machado de Assis pelo próprio Fernando Calvozo e produzida por ele em outras apresentações. Fica até redundante dizer que esta é uma escolha suspeita (tipo marmelada, sabe?), já que não há, tampouco, critério objetivo pra nenhuma das outras escolhas.
Considero importante pontuar as fragilidades da organização e da própria concepção, não para invalidar a idéia, mas, pelo contrário, para investir nela. É quase natural que, ao coordenar e curar pela primeira vez um evento de tão grande porte, tão pretensioso e até promissor, coordenador e curadora prefiram passear por terrenos conhecidos do que correr riscos e, portanto, acabem tomando por base peças indicadas por amigos “de confiança”. Nem por isso, no entanto, pode-se admitir que as próximas edições continuem com tais fragilidades. Há muito o que melhorar, amadurecer e criar em torno desta idéia e parece, graças ao Deus-dos-coqueiros-que-brotam
Ola Juliana,
acho que voce nao assistiu ao espetáculo, ou se assistiu, talvez nao tenha percebido. Mas “Ferro em Brasa” se passa em Braga, uma aldeia de Portugal.
Ibero-América é uma região geográfica que compreende os dois paÃses da PenÃnsula Ibérica (Portugal e Espanha) e alguns paises da América Latina. Portanto, embora o espetáculo tenha um “caráter mais popular”, acho que ele nao foi selecionado apenas para “ocupar uma lona de circo que montaram por ali”.
Olá, Edu. Realmente não assisti a Ferro em Brasa ainda, mas também não fui eu quem disse que o critério foi o “caráter popular”. Em entrevista com a Neyde, curadora do festival, que será publicada aqui na Ãntegra em breve, ela utilizou essa peça como exemplo e disse que havia sido escolhida por ter caráter mais popular e se adaptar ao espaço. Se ela se relaciona com o tema (se podemos chamar essa delimitação de tema), tanto melhor.
Resposta aos que comentam o Festival Ibero-Americano
Esta é a primeira vez que responda a uma crÃtica. Talvez porque tenham me provocado no bom sentindo: provocado o diálogo (e este é o propósito).
São Paulo tem um nÃvel de exigência que cresce dia a dia. Se a excelência pede “explicação†dos erros e dos acertos, vamos lá: houve erros, sim. Sempre há. Inclusive em festivais internacionais já tradicionais, com tempo de preparo e orçamento 10 vezes maior do que o nosso primeiro Ibero-Americano.
Um termo, no entanto, me incomoda: Pretensioso! Por que? O Memorial é o espaço paulistano das maiores pretensões. Pretensão de reunir grande número de pessoas, pretensão de servir para encontros da América Latina. Ter pretensão é pretender. Acho que demos vida à esta pretensão no espaço visto como faraônico. Mesmo assim gostei desta crÃtica. Mesmo! Adorei ler sobre as fragilidades da organização e da concepção, ditas não para invalidar a idéia, mas para investir nela.
Há, porém, uma falha que vocês não consideraram. A mÃdia se interessou em publicar e divulgar o Festival em si. Preocupou-se em saber da coerência e da concepção. Preocupou-se em encontrar erros e acertos até no teatro de bolso, o espaço da não-pretensão.
Teria sido ótimo se tivessem entrevistado os elencos, se interessado pelos atores, assistido aos espetáculos.
A propósito, hoje tem um espetáculo incrÃvel: La Lupe. A história de uma cantora cubana (que já morreu) muito famosa e importante, redescoberta por Almodóvar em Mulheres à beira de um Ataque de Nervos. Que tal experimentar? Tá no Festival…. à s 21 hs. E deu muito trabalho pra trazê-los (o que ninguém conta…)
E amanhã tem mais. Se puder, seguirei informando sobre os espetáculos e sobre os debates (ótimos!). Melhor conferirem ao vivo.
Hasta Mañana!
Neyde Veneziano (a curadora! Que não é formada pela Unicamp e sim pela USP…. E que é docente na Unicamp)
Juliene,
Concordo com vc quanto à fragilidade do primeiro Festival Ibero-Americano como misturar o público num ambiente extremamente grande com o teatro de bolso que foi super elogiado pelo programa Metrópolis e pelos telejornais do SPTV e Leitura Dinâmica.
Mas vc foi precipitada ao insinuar certas coisas…
Teria sido bacante se vc tivesse conversado também com a produção, porque deu muito trabalho e desgaste por parte de todos os envolvidos.
Os grupos estrangeiros foram escolhidos com muita pesquisa primeiramente, mas como todo grande evento é necessário muito dinheiro para realizá-lo. Muitos caÃram por não conseguirem vistos em seus próprios paÃses, portanto, tivemos que substituÃ-los de última hora.
Apesar da falta de patrocÃnio, querÃamos companhias que nunca tivessem vindo ao Brasil, essa foi a primeira estratégia. Além dos grupos, trouxemos produtores que também realizam festivais. Discutir as montagens e produção teatral nas mesas de debates. Precisávamos também de um caráter popular, já que os ingressos seriam e são gratuitos. Assim, poderÃamos oferecer à população o acesso ao teatro e permitir que ela mesma discuta sobre o que viu e gostou.
Isso pode garantir o gosto pelo teatro aos mais jovens e despreocupá-los por não terem que pagar por sua entrada num complexo que é cartão-postal da cidade de São Paulo.
Juliene, vc esqueceu todos esses fatos e não se preparou para escrever uma critÃca embasada em muitos aspectos. Se vc não sabe, o espetáculo “Ferro em Brasa” foi indicado para todos os prêmios de teatro e ganhou alguns em outras montagens de sucesso de crÃtica e público. Vc pode questionar isso com qualquer jornalista cultural. O “Sessão da Tarde” foi ovacionado pela platéia na sua apresentação e por unanimidade o público adorou, além do fato de terem sido premiados também.
Agora eu lhe pergunto: como vc faria uma programação Ibero-Americana de Teatro sem cuidar de espetáculos para todas as idades?
Vc sabe que os paÃses iberos são as Pátrias-mãe dos latino-americanos?
Vc teria mais convicção se escrevesse isso depois do término do festival e de ter assistido a todos os espetáculos. Seu artigo é totalmente desconsiderável.
Jardel Teixeira
P.S. uma coisa importantÃssima é o fato que antes do SESC, São Paulo recebeu o primeiro festival internacional de teatro em 1974 com o melhor da produção cênica mundial: Bob Wilson (Time and Life of Joseph Stalin, que a Censura obrigou a mudar para Time and Life of David Clark), a excepcional criação de Yerma, de Victor Garcia, com Nuria Espert; além dos encenadores Andrei Serban e Jerzy Grotowski.
Como Director Argentino invitado al I Festival Ibero Americano de Teatro de Sao Paulo tengo que decir que fue una experiencia de crecimiento y un placer participar de este polo cultural de latinoamérica que no conocÃa. Con gran conocimiento de lo que digo, puedo comentar que en Buenos Aires tampoco se conoce nada del teatro de San Pablo… Nuestro grupo de teatro tiene una fuerte actividad en la ciudad y es fuertemente reconocido por el público y los medios de comunicación (diarios mas importantes, radios, tv y sitios de internet) “para mas datos solo entrar a nuestra pagina web” escultoresdeltiempo.com.ar o a nuestro blogs dentro de la página” .
Mi opinión es que hay ciertos circuitos festivaleros que son endogámicos y celebro cuando hay festivales como este que se vislumbra como “la diferencia” o “la esperanza de algo diferente”, brindo por aquellos que están dispuestos a arriesgar frente a los demas o los de siempre, que quedan con la repetición de lo de siempre, en cuanto a sus criterios de selección. El teatro del Memorial, es un espacio realmente envidiable y el profecionalismo con el que trabajé es para destacar… No conocÃa personalmentea a Neyde Veneziano ni a nadie del festival. Nuestro material fue seleccionado desinteresadamente y supimos del gran esfuerzo que se hizo para poder estar aquà hoy. Diria que hacer algo como esto no es cosa facil. El teatro es acción, reflexión y también encuentro… Trabajé como coordinador y programador de eventos nacionales en 3 de los 6 festivales Internacionales de Buenos Aires, incluido el primero (que era prometedor) y pocas veces vi cosas de teatro de Brasil que no fueran de Porto Alegre (que pasa con el resto del teatro Brasilero? O Porto Alegre es la Capital del Teatro en Brasil? Poco también vi de Latinoamerica, cada vez mas la mirada se fue a los paises del este y Europa, con una figura o dos exelentes por cierto y muy conocidos, que sin embargo siguen después de gira por las grandes metrópolis de latinoamerica como es el caso el ano pasado de “Teatro du Solei”, nuestra unica vedete en el ultimo festival internacional de Buenos Aires También estuvo en Sao Paulo, no? En general un grupo de super prestigio como este, cuando va a latinoameriaca hacen giras, aunque creamos que solo fue a nuestra aldea… Hay que salir de nuestros propios ojos y esto lo dice un argentino, OJO…
Entonces habrÃa que pensar de que hablamos cuando pensamos en un encuentro, en un festival? Para que, para quien, en función de que? En general las veces que nos permitimos salir de nuestra ciudad, en la que trabajamos y mucho de esto… Hemos realizado trabajos de intercambio, hemos realizados puentes… Todo esta registrado en las paginas y mi CV, es solo ver la huellas y seguir la historia… Este festival nos permitió hacer un puente entre Buenos Aires y Sao Paulo, y la historia dirá si este primer encuentro crecerá… Creo en un 90 % que si, a no ser que cometamos las torpezas de siempre… Espero ver mas grupos de teatro de San Pablo y latinoamerica, en mi querida ciudad, Buenos Aires…. Gracias realmente Gracias por su buena honda Brasil todo!!!!!!!!!!!!!!!
Oi Neyde
Eu, junto com a Juliene, Leca e MaurÃcio editamos essa bagaça aqui. Foi uma baita surpresa, legal pra caralho, ver um comentário seu por aqui. É a primeira vez, em quatro festivais que cobrimos, que um curador entra na roda do diálogo e só temos a ganhar – nós e vocês.
Concordo contigo que a grande riqueza do festival está nos grupos e nos seus trabalhos. Esse diálogo crÃtico que você sugere também acontecerá, já que criticamos três peças e muitas outras crÃticas virão até o final do festival. Eventualmente até entrevistas.
Sobre os espetáculos que estão por vir, posso te assegurar que veremos (e possivelmente criticaremos) quase todos. Considere os textos que estão postados somente como o inÃcio do ou o convite ao diálogo.
Valeu, sobretudo, pela correção. Não alteraremos no texto original, como forma de explicitar o processo de produção dele próprio.
Divulgue quantas peças quiser por aqui. O espaço é livre.
Grande Abraço
Oi Jardel
Valeu por colocar a opinião do Metrópolis na roda. Parei de assistir TV por achar que tem potecial crÃtico quase nulo (pelo menos da forma como é feita no Brasil). Pelo visto eles devem estar com uma editoria especÃfica para a cobertura de teatro. O SPTV então, nem se fala! Esses sim é que sabem tudo de teatro. Prefiro não comentar sobre o Leitura Dinâmica por conta da profundidade das coberturas do tal programa. Mas, definitivamente, tenho que voltar a assistir TV depois do seu comentário.
Não acredito que a Juliene “insinue” nada. Ela constata algumas fragilidades. Você comenta do esforço de fazer o festival acontecer. Ora, nós também fazemos um baita esforço pra manter esse site e não esperamos que ninguém seja menos crÃtico nos comentários por conta disso.
Sobre a questão dos vistos, esse é um bom ponto de partida para a discussão sobre a produção de um festival. As dificuldades burocráticas, pra não falar das financeiras, de se unir artistas ibero-americanos nos dá uma idéia também da dificuldade de se fazer teatro nesses paÃses.
É uma idéia louvável a de trazer grupos que nunca tenham vindo pro Brasil. Dá uma sensação de “descoberta” pros grupos que chegam, como a gente pode constatar pelo comentário Alejandro, logo abaixo do seu; e isso também dialoga com questões ibero-americanas. Pena que esse conceito não tenha chegado à seleção das peças nacionais, já que ficou claro desde a abertura que o ineditismo não foi o critério utilizado.
Pra mim, o grande feito deste festival é ser gratuito. Vocês (produção e curadoria) vão notar ao longo do festival e das próximas edições que a gratuidade é o que mais “chacoalha” e incomoda a cena paulistana, cujas peças são frequentadas essencialmente pela elite financeira (mesmo aquelas peças “baratas” e /ou gratuitas).
Do lance do cartão-postal, caÃmos num ponto bem complicado. Com todo respeito aos 100 anos e toda a obra do Niemeyer, eu teria vergonha de enviar um cartão postal tão “pesado”, com aquele monte de concreto do Memorial. A discussão sobre o uso e apropriação desse espaço é totalmente outra. Não passa pelo fato de ser ou não “cartão-postal”.
Quando você critica a Juliene e pede que ela faça uma crÃtica mais embasada, eu peço que você pegue a matéria do Metrópolis, a do SPTV, a do Leitura Dinâmica, some e esprema tudo junto, pra ver se lá no sumo tem um terço da aferição de dados, da análise crÃtica e da conexão com o resto da cena paulistana e brasileira que você encontra em uma única crÃtica que fizemos do festival. Pode pegar qualquer das quatro já publicadas.
Quando comenta de “Ferro em Brasa”, fica claro que você não tem idéia do que seja uma curadoria. Mas tudo bem, nós também não tÃnhamos, há um ano, quando começamos a escrever por aqui. Dá uma lida nas crÃticas que fizemos para os festivais de Rio Preto, Porto Alegre e Rio de Janeiro, pra entender que o fato das peças terem “ganho todos os prêmios” não muda nada na hora da escolha pra um festival (ou não deveria mudar). Além disso, o fato de serem “sucesso de crÃtica e publico” só me deixa ainda mais assustado por conta da unanimidade (aquela, de que o Nelso Rodrigues falava).
Uma coisa tem que ficar clara: pra nós, unanimidade de opinião do público é um problema sério.
Sobre tuas perguntas à Juliene, eu te pergunto: a idéa de dar espaço para peças destinadas a todas as idades estava prevista? Se sim, porque não ficou claro em qualquer texto da curadoria?
De onde vem o conceito de “Pátria-Mãe”, que você usa na sua pergunta? Eu sinto que somos tão filhos dos Ãndios, quanto dos africanos e dos europeus. Explique-se melhor.
Não se preocupe que vamos criticar também depois do festival. Estamos lá todas as noites (hoje mesmo a Juliene e a Leca estão por lá, ainda não perdemos nenhum dia). Apareça novamente e confira se a nossa análise passou a ser “considerável” pra você.
Obrigado pela informação que complementa o histórico de festivais e sobretudo pelo comentário tão emotivo. É muito difÃcil ter coragem de se aproximar da fogueira pra que nos enxerguemos melhor, principalmente quando se é o produtor da coisa toda.
Abraço
Oi, Neyde.
Bom tê-la por aqui. E, sim, claro, o diálogo é o propósito!
Quando falo em pretensão é justamente no mesmo sentido que você… não é coisinha fácil, “simplinha” ou cotidiana fazer um festival ibero-americano, já considerando inclusive a dificuldade para trazer os cubanos, por exemplo. (Sim, nós vamos falar disso! Nós não, você, porque sua entrevista vai pro ar, dando mais detalhes sobre esse processo todo ainda essa semana).
Portanto, vocês têm propostas ambiciosas e talvez por isso a possibilidade de errar seja ainda maior. Aliás, mais por conta disso do que por culpa dessa tal “excelência” de que você escreve – inatingÃvel, a meu ver.
Estamos acompanhando os espetáculos, acredite. Ontem assisti a esse que você indicou acima – calma, a gente leu o programa… – com a Leca, que também viu Os Fofos Encenam encenarem.
Quanto às entrevistas com os elencos, infelizmente nossa equipe não daria conta, mas é uma idéia para a próxima edição. Por enquanto, isso é um trabalho para o Super SPTV! (de que o Jardel gosta tanto)
Aproveito para agradecer muito pela atenção que recebi de você, do Jardel e do Fernando, coordenador do festival, cuja entrevista também está para ser publicada.
Ah, e agradeço também o Ananias, que encontrou meu celular perdido aà no Memorial!
Abraços.
Juliene.
Oi, Alejandro!
Espero que você entenda português. Se não, manda um email que a gente traduz essa resposta pra você…
Muito obrigada pelo seu comentário! Vou ganhar prêmio de funcionária do mês da Bacanter por ter trazido o primeiro comentário internacional desta revista.
Ficará registrada aqui sua mensagem de agradecimento ao Brasil.
À parte isso, quero deixar claro que não escrevi que todas as peças do festival foram selecionadas por serem de amigos dos organizadores. Disse apenas que em algumas escolhas o critério não ficou claro e que, especificamente no Teatro de Bolso, não houve um processo de inscrição democrático, o que deverá ser aperfeiçoado na próxima edição.
Espero que possamos conversar mais, principalmente sobre essa tal “capital do teatro brasileiro”…
Abraços,
Juliene.
Hola Juline, gracias por contestar…
Yo de regresoen Buenos Aires.
admiro el respeto y la comunicación que establecen entre ustedes.
Creo que el idioma no es un obstaculo y nos podemos entender…
Con respecto a lo de la capital??? Cómo es contame… Por que me interesa comprender como se miueve el teatro en Brasil… QSi hay un movimiento de teatro independiente…. Y que pasa que las pocas obras teatrales que llegan a Buenos Aires solÃan ser de Porto Alegre, por el festival Porto Alegre en Buenos Aires…
Gracias, y espero ampliemos nuestro dÃalogo, para podernos entender…
Ale Casavalle