O Texto no Teatro Contemporâneo II

Blog   |       |    21 de agosto de 2008    |    0 comentários

Luiz Fernando Ramos veio, no dia 13 de agosto, ocupar o espaço em que Reinaldo Montero estava na semana anterior, nos encontros sobre O Texto no Teatro Contemporâneo, promovidos pelas Dramáticas em Cena.

A fala de Luiz Fernando foi muito menos anárquica que a de Reinaldo. Centrado num pensamento e num desenvolvimento que serviu de eixo do início ao fim de sua explanação, ele relativizou a data de início do que se chamaria de Teatro Pós-Dramático. Diferente do que o Hans-Thies Lehmann, autor de Teatro Pós Dramático, propôs, como algo que começa a se desenvolver nas vanguardas do final do século XIX e que efetivamente só se dá na obra teatral de alguns encenadores das décadas de 70, 80 e 90 do século passado, Luiz Fernando propõe um movimento (poderíamos dizer dialético?) entre texto e imagem, que se dá desde a antiguidade clássica.

O polêmico de sua fala está no fato dele encarar os movimentos do teatro contemporâneo como parte de um ciclo, de modo que, agora, falamos e fazemos mais por meio de imagens, mas voltaremos a ter em algum momento o texto como foco. Ele chegou a citar que é da natureza humana contar histórias, portanto mesmo que lutemos contra isso, será impossível tirar dos receptores a potência criadora de histórias.

Para Luiz Fernando Ramos, aquilo que Lehmann aponta como o grande expoente do teatro pós-dramático, ou seja, a obra de Bob Wilson, seria também o marco de uma chegada. Como se a partir daí tivéssemos que buscar uma outra opção. Concluiu-se posteriormente, nas discussões, que a cena paulistana é profundamente dramática. Comercial ou não, profissional ou amadora.

No entanto, tenho que dizer, por minha conta e risco, que nem sequer começamos a colocar em prática idéias que realmente desestabilizem o estatuto do drama. São pouquíssimas a montagens num histórico recente da cena paulistana que efetivamente experimentam ausência de personagens, enredo, narrativa e que investem em imagens e sensações pré-significantes. Não acho que esse é o nosso único caminho, tampouco que será o caminho preponderante. Mas sinto que nunca vi um grupo brasileiro que tentasse radicalizar esse tipo de proposta ao mesmo tempo dialogando com questões brasileiras (sem qualquer intenção minha de querer discutir uma nação, mas sim problemas e temáticas locais).

Portanto, acho impossível falar neste momento da falência do pós-dramático e ainda está por vir alguém que consiga falar sobre o papel do dramaturgo nesse tipo de teatro. O próprio Lehmann cita autores/encenadores que vêm de outros campos artísticos.

A ver o que o Antônio Araújo falou na semana seguinte. No caso, ontem.

Ps: quem estava lá, por favor complemente nos comentários, como já aconteceu na postagem sobre o Reinaldo Montero.

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