Quinta-feira de Ramos no II Encontro de Artes Cênicas do Cerrado.

Blog   |       |    21 de novembro de 2009    |    0 comentários

Em meio aos atropelos do mês de novembro, pensei que não seria possível acompanhar nada da programação no período da tarde no II Encontro de Artes Cênicas do Cerrado. Ontem, programei uma fuga estratégia do escritório pro Hotel San Diego, pra ouvir o que os convidados do dia falariam sobre tradição e renovação no teatro brasileiro.

Com a voz: o crítico árvore

Depois do tradicional atraso do cerrado, o Luiz Fernando Ramos começou sua palestra intitulada “Tradição e renovação no teatro Brasileiro”. Definida por uma professora da UFU como “uma explanação bastante cristalina”, o crítico da Folha começou falando dos jesuítas e fez um apanhadão histórico, indo até os dias atuais, em que, repetindo suas palavras, “os modelos do teatro estão abalados”. Sempre focado no eixo Rio-São Paulo, comentou que o fato de “estar crítico” está dando possibilidades de conhecer um pouco da produção atual, enfrentando “a realidade nua e crua”, e desenvolvendo uma “prática de tolerância”, para entender cada espetáculo, seu contexto, tradições e as brechas que estão sendo abertas para a renovação.

Após a explanação do professor da USP, abriram para a plenária discutir a historinha contada por Luís. Fiquei pensando se levantava ou não a mão pra indagar o que aquela história dos “eleitos” refletia sobre a realidade do cerrado. Não foi preciso. Licko Turle do grupo carioca “Tá na rua” fez isso pra mim (sem combinar nada, prometo! Nem conheço o cara). Ele indagou então se aqueles ícones representavam o teatro brasileiro como um todo. Existe uma teatralidade brasileira ou só o eixo é importante?

As respostas sobre isso caíram em preconceitos que só firmam o pensamento da mídia sobre o teatro brasileiro. Uma das coisas que o palestrante respondeu é que no país a produção artística é intensa, e citou o caso dos nordestinos “Clowns de Shakespeare” que fizeram uma temporada “impecável” em São Paulo. Fiquei pensando… tudo bem, eles precisaram de ir lá pra São Paulo pra pegar uma fatia dos eleitos… senão…

E como um doutor em adjetivos, Ramos me ensinou que “rocambolesco” dá glamour ao debate. Como pretendo urgentemente usá-lo, vou procurar saber qual o seu significado.

“A hora do lanche é a hora mais feliz, queremos de lanche a …”

bolo-de-cenoura

Confesso que quando era universitário só ia a palestras se tivesse certeza de um bom coffe-break me esperando. Pra felicidade dos universitários de teatro da UFU (cerca de 70% dos participantes presentes do encontro) e minha, claro, a organização caprichou no lanchinho (dá pra passar a receita daquele bolo de cenoura com cobertura de Nutella?).

Mas como sempre o momento de comer te traz grandes sabedorias…

Minha primeira decoberta foi que ser da USP é top top no mundo intelectual. Em segundo lugar vem a UNICAMP e em terceiro a UFRJ. A UFMG não entra no ranking da academia teatral e perde da UFU. E usar essas instituições pra defender as pessoas de teatro é infalível. Expressões como: “Pô, ele é da USP!” “Você da UFU vai querer brigar com o cara da UNICAMP?” podem ser úteis em diversos momentos.

A segunda coisa foi que se o curador interromper sua conversa pra te perguntar sobre o que achou da palestra é melhor arrumar um adjetivo bem vazio como “impressionante” do que falar sua opinião. Dá uma impressão melhor.

E o terceiro achado foi que se Hollywood fizer um filme da história do Michael Jackson, precisam chamar o Odilon Esteves do Luna Lunera pra interpretar o cantor na fase branca. Cara de um, focinho (sim, o focinho) de outro.

Em breve, as cenas do próximo capítulo ocorridas pós coffe-break, a mesa-redonda “Experiências entre tradição e renovação em processos contemporâneos de Pesquisa Teatral”.

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