El pais de las maravillas

Críticas   |       |    22 de setembro de 2009    |    6 comentários

Qualquer forma serve pra qualquer bolo ou há bolos que não cabem em certas formas?

Era uma vez uma assistente de cozinha e um cozinheiro uruguaios muito enagajados numa tal idéia de grupo. Eles acreditavam no estabelecimento de coletivos em que o mais importante era o encontro de pessoas para exercer suas potências por meio da arte da culinária.

Era uma vez um debate, num festival internacional da culinária, em que estes mesmos especialistas questionavam a formação de um bom cozinheiro e de um bom crítico gastronômico, além de denunciar que alguns restaurantes estariam criando pratos mais simplificados, para cuja execução só seriam necessários dois assistentes de cozinheiro, especialmente para possibilitar que os pratos fossem facilmente transportados e servidos em qualquer lugar.

Era uma vez um bolo. Um bolo criado por este cozinheiro e esta assistente. Um bolo típico, repleto de ingredientes muito próprios e complexos do Uruguai, reveladores da realidade do país e, ainda, sem ignorar ingredientes universais. Enfim, um bolo muito substancioso e uma receita bastante adequada a seu tempo, moderna, ousada.

No entanto, quando o bolo foi mostrado, houve muitos incômodos. O primeiro: teria essa receita sido pensada na medida para ser executada unicamente por dois assistentes de cozinheiro – na medida para ser comprada por festivais de culinária? Em segundo lugar, mas ainda mais importante, o bolo estava torto. Faltavam pedaços. Os assistentes de cozinheiro e o cozinheiro chefe haviam cometido um equívoco… não pensaram na forma que seria usada para um bolo tão especial… trouxeram ao festival apenas uma forma envelhecida, de outros tempos da culinária (eles que estavam na arte da culinária há tanto tempo e que haviam usado aquela mesma forma tantas vezes!). Então, o bolo grudou na forma velha. Ainda dava para ver sua profundidade e imaginar que, no fundo, era muito saboroso, mas faltavam-lhe pedaços fundamentais. Culpa da forma, velha companheira, da qual o cozinheiro e seus assistentes tinham muita dificuldade de se desvincular. Apego sentimental. Essas coisas da culinária…

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PS: O desenvolvimento da metáfora do bolo é uma homenagem ao Fabrício, que deu início a ela já há algum tempo, só que de maneira mais discreta, e de vez em quando tem recaídas.

'6 comentários para “El pais de las maravillas”'
  1. Domingas disse:

    Por favor, escreva outra crítica falando mais da peça.

  2. Juli disse:

    Oi, Domingas, tudo bem?

    Vou tentar contar bem resumido… a peça trata da imigração de uruguaios para outros países, especialmente Estados Unidos e países da Europa. A atriz Nídia Telles é muito engraçada e faz a mãe de um moço que voltou dos EUA pro Uruguai e agora quer tentar fazer a vida em seu país mesmo, para desespero da mãe que super queria morar no estrangeiro e até já sabia umas palavras em inglês. O cenário é a copa da casa dela e tem uma mesa grande, quatro cadeiras, uma toalhinha de mesa, uma garrafa de café ou chá, duas canecas, um telefone, uma mesinha para telefone. O figurino dela é de uma mãe uruguaia e o dele é de um adulto jovem uruguaio. O penteado dela também é muito engraçado. Ele não tem penteado, porque é careca. Fala-se muito ao telefone em cena no Uruguai e sempre parece que não tem ninguém do outro lado da linha.

    Tem algum detalhe que te interessa especificamente?

    Abraços,
    Juli =)

  3. Domingas disse:

    Já respondeu o que eu queria, obrigado.

  4. Domingas disse:

    Pensando bem, o que é um figurino de uma mãe uruguaia?
    Existe um figurino padrão para mães uruguaias?
    Todas as mães uruguaias se vestem igual ? Eu nunca fui no Uruguai e nem sequer conheci alguém do Uruguai até hoje. Mate minha curiosidade com sua verve muita “cômica”, no Uruguai, as pessoas se vestem diferente do resto do planeta Terra?

  5. Juli =) disse:

    Oi, Domingas, que bom que você retornou ao site.

    Desculpe se fui grosseira com você. A intenção do comentário era reforçar a idéia da crítica – disfarçada na metáfora culinária – de que o espetáculo tem uma forma realista e didática que parece não bancar a complexidade do tema que aborda. Isso se reflete também no figurino… claro que não existe uma roupa específica de mãe espanhola – e nem um padrão “todas as pessoas do planeta Terra exceto as do Uruguai” – vc está certíssima em questionar isso. No entanto é o que a peça parece buscar: figurinos totalmente realistas, neutros, sem qualquer simbologia, só dizendo de novo o que já estava dito com as palavras do texto, sem somar nada.

    Obrigada pelo comentário.

    Abraço,
    Juli =)

  6. Anderson Formiga disse:

    Oi Juliene,
    teatro é como música tem vários estilos .Da peça em questão não é o que me apraz .Porém, reconheço que houve comunicação e a atriz é engraçada .E no final ficou aquela idéia de que bom é lugar onde não estamos. Quando a atriz muda o destino de sua vida dos States para França.Mas minha visão é que a insatisfação é da personagem, da vida que leva e da falta de sentido da sua vida.Aliás, as pessoas tem medo da morte por que gostam de viver e não sabem pra onde vão depois de morrer.Mas quem vive a vida sem saber pra onde vai, sem sentido, sem missão não deveria também sentir medo? abraços candangos

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