Assassinos, SuÃnos e Outras Histórias na Praça Roosevelt
Sábado: Assassinos, SuÃnos e Outras Histórias na Praça Roosevelt
“Procuramos juntos em profundidade as sutilezas e riquezas que se escondem em suas entrelinhas, para que a peça encontre uma forma à altura de sua qualidade”. Essa citação do diretor Marcos Loureiro foi tirada do programa de Assassinos, SuÃnos e Outras Histórias na Praça Roosevelt, a penúltima peça encenada na maratona do dia 6 de abril. Contudo, as sutilezas e profundidades mencionadas pelo diretor se perdem em meio a diálogos mal estruturados, que incluem comentários sobre travestis que roubam almas e fazem nascer peitos nos homens, mulher que vira crente e não faz mais boquete, e referência a filme do “Van Domini”(sic).
No centro do palco, um senhor com os punhos amarrados para trás na sala do próprio apartamento, está prestes a ser executado por dois assassinos de aluguel, Josué e Gavião. Como no filme Pulp Fiction, de Quentin Tarantino, a história se foca mais na relação entre os dois bandidos e na naturalidade como tratam as mortes, do que no ato em si.
Porém, o que em Tarantino é brilhante, na peça acaba perdendo a força pela tentativa de fazer uma comédia em torno do cotidiano da profissão do assassino, como se fosse igual a outra qualquer. O texto tenta explorar como os matadores também estão à mercê de influências externas: amorosas, religiosas e intestinais.
Com piadas fáceis do universo cultural popular, como citações ao aparelho de emagrecer de Luciana Gimenez, livros do Paulo Coelho e brincadeiras com bunda grande de mulher, dificilmente o espectador acredita que está vendo uma peça no Espaço dos Satyros. O que mais chama a atenção durante a apresentação é a discrepância de qualidade entre ela e outras do mesmo projeto, como A Noite do Aquário.
Assim, se o autor quis passar qualquer mensagem sobre a banalidade da violência no centro de São Paulo, ou a facilidade e frieza com que os crimes são cometidos, tudo isso se dilui em meio a piadas como “Dei um cagão no seu banheiro. Você vai ter que interditar”, eleita pela equipe Bacante como a pior piada entre as sete peças.
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