Uma Pilha de Pratos na Cozinha

Críticas   |       |    12 de abril de 2007    |    2 comentários

Domingo: Uma Pilha de Pratos na Cozinha

Leia também a crítica de Juliene Codognotto sobre este espetáculo.

Os quatro personagens da nova peça de Mário Bortolotto são ultra-reais. Eles não cabem no mundo por existirem a partir da radicalização das relações humanas desse mundo. Eles sofrem mais, riem mais, ironizam mais e morrem muito mais do que os humanos normais.

Marcus (acho que era esse o nome) é o alter ego projetado de Bortolotto, personagem presente em muitos dos seus textos. Cris é uma atriz, amiga e ex-amante de Marcus. Ela já recebeu a sentença de morte do médico e essa é a situação motriz de toda a peça. Ainda contamos com um amigo/parasita de Marcus que vive de bicos tocando piano em casas GLS e o síndico do prédio: uma bicha declaradamente enrustida e evangélica.

Fora este este último personagem, que, convenhamos, só pela sinopse já é muito exagerado, todos os outros funcionam como um tripé de sustentação da realidade que Bortolotto propõe. Questiona-se o significado da chegada da morte através da imagem da pilha de pratos que se acumula na cozinha, representação da vida.

Nem a referência forçada a Ivam Cabral, nem as piadas jogadas sobre evangélicos e nem mesmo o tardar do horário conseguiram diminuir o brilhantismo do encontro desses personagens. A iluminação não ousa, a trilha não atrapalha e o resultado é uma aura de sobrerealidade que só pode entender quem assiste a peça do começo ao fim, e sofre junto com os personagens, nos seus silêncios e risos.

Como a peça não vai terminar sempre às 3 da manhã, recomendo que, no próximo domingo, você perca o Faustão (como eu) e confira a montagem no Satyros 1, às 19:00. Mas não espere que o fim do seu domingo seja mais feliz por isso.

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E se fez a Praça Roosevelt em 7 dias:

'2 comentários para “Uma Pilha de Pratos na Cozinha”'
  1. Maria Clara disse:

    meninos queridos! quero muito, muito ver essa peça. espero que consiga agora… os textos de vocês estão bons, mas eu estaria sendo injusta se disser que vocês contam mais coisas sobre o enredo do que deveriam? (o coelho também conta uns finais às vezes…). 2beijos!

  2. Maurício Alcântara disse:

    Oi Maria Clara!
    Essas satyrianas estão sendo ótimos pra revisitar os primeiros textos da Bacante…
    A direção é do próprio Bortolotto… Acredita que eu não consegui assistir tb? Mas no meu caso foi por vacilo mesmo…

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